"OTELLO" JUSTIFICA OS APLAUSOS NO TEATRO ARGENTINO DE LA PLATA. CRÍTICA DE MARCO ANTÔNIO SETA NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

 

  
    Estreou no Teatro Argentino de La Plata - Argentina, em 31 de Julho de 2015 às 20h30, a ópera "Otello", de Giuseppe Verdi em produção inédita. A nova ópera verdiana, manteve afinal o seu nome, com  libreto de Arrigo Boito, estreando a 5 de fevereiro de 1887, no Teatro Alla Scala de Milão, com êxito de público e crítica. A cena se desenrola nos fins do Séc. XV, às margens de um porto na illha de Chipre, à margem da guerra turco-veneziana, e esta é a mais dramática das produções do compositor. Grandes foram os seus intérpretes, podendo-se destacar: Francesco Tamagno,   Ramon Vinay , Mario Del Monaco, John Vickers, James McCracken, Carlos Guichandut, Placido Domingo e Jose Cura. Desdemonas foram inúmeras e Iagos também,  que se celebrizaram,  da Itália, Espanha, EUA, França, Grécia, ...enumerá-los aqui seria injusto !
    Pablo Maritano optou por uma concepção convencional, todavia respeitando as indicações do libreto quanto à época e ambientações originais.Apenas há que se registrar as inadequadas locomoções de pessoal técnico cenográfico em plena ação durante as cenas; o que desconcentra ao público, porém soube agilizar as massas do coro e figuração, proporcionando assim a articulação desejada para o desenrolar do drama shakesperiano.  Quanto aos cenários de Enrique Bordolini, baseado em única maquete, poderia-se exigir maior requinte aos Atos III e IV em ambientações mais enfáticas. A iluminação de palco é débil, cheia de brancos, com total ausência de focos em certas passagens cênicas de importância. Os figurinos de Sofía Di Nunzio são de época,  estilizados,  contudo convincentes e adequados.
 
    Devem ser mencionados os maestros dos coros estável daquele teatro e dos Niños, regidos respectivamente por Hermán Sánchez Arteaga e Mônica Dagorret, pela sua importante participação na ópera, sempre justo e afinado.
    O maestro Carlos Vieu  enfrentou o vertiginoso, delirante e genial Verdi à frente da Orquestra Estável , porém a sua viotalidade musical extrapolou em força total de todas as seções instrumentais (ff) que transfornou, por igualdade, a sua tônica em toda a ópera, do início ao fim.
    José Azócar, tenor lírico spinto de cores escuras, natural do Chile, após a sua apagada entrada em cena "Esultate", encoberta pelos fortissimos da orquestra (fff) foi se impondo aos poucos:  de beleza indizível foi o dueto "Gia nella notte densa"; em "Dio! mi potevi scagliar"....no Ato III e; no  final da ópera "Niun mi trema (cena IV do Ato IV) que interpretou intensamente, emocionando assim ao público que lotou a Sala Alberto Ginastera. 
    Impecável foi a interpretação de Paula Almerares colocando sempre o sentimento, quando o compositor requer, especialmente nos Atos III e IV. Foi fantástica a sua performance de Desdemona, a inocente mulher de Otello, tranquila, doce, inocente e vítima da perversidade e crueldade de Iago. Sobre "mia madre aveva una povera ancella" seguida da Ave Maria (quando é acompanhada sublimemente,  somente pelas cordas) emitidas com o sombrio pressentimento da morte, ressaltem-se os lindos pianissimos lançados durante esta longa cena, e o que é mais notável ainda, o seu total controle vocal e de respiração, teste rigoroso para a capacidade da intérprete.  Todos esses predicados lhe resultaram na maior ovação,  ao final da ópera.
    O Iago de Fabián Velóz revelou,  algumas vantagens de um artista de peso em um papel que exige dele uma gama  extraordinária de intenções cênicas. Vocalmernte sobressaiu-se em "Credo, in un Dio crudel" pois é melhor cantor que ator dramático. Cassio é o involuntário pivô da tragédia,  aqui vivido pelo tenor leggero Sergio Spina com desenvoltura cênica bem melhor que no seu canto lírico. O baixo cantante Carlos Esquivel é um Ludovico deficiente vocal e inexpressivo na cena. Mariana Carnovali; nas vestes de Emilia, pareceu-me bastante convincente em suas intervenções cênicas e vocais. Em papéis menores cooperaram eficazmente:  Maximiliano Agatiello (Roderigo, tenor lírico); Mario De Salvo (Montano, baixo) e Felipe Carelli (Un Arauto / Montano 2º cast). Esperamos, outrossim, poder ver no Brasil, em seus apropriados teatros  de ópera,  estes três cantores que compuseram a tríade principal do elenco e que garantiram o sucesso do rico espetáculo. 
 
Escrito por Marco Antônio Seta, em 03 de Agosto de 2015.
Inscrição Jornalista sob nº 61.909 MTB / SP
    
Fotos de Paula  Perez de Eulate. 
  

Comentários

  1. Totalmente de acuerdo....ALMENARES estuvo fantástica!!!!

    ResponderExcluir
  2. Roberta Gelio Mancini: Paula Almerares estuvo en São Paulo y cantó
    esplendida las quatro ultimas canciones de Strauss ( Sala São Paulo).

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas