O HOMEM DOS CROCODILOS DECEPCIONA E STRAVINSKY É STRAVINSKY EM ÉDIPO REI. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
A ópera permite diversas formas de linguagens, evoluiu por mais de 300 anos e continua em franca ascensão. Características mínimas são partes de sua essência, a música é uma das principais e suas melodias agradáveis mantiveram a ópera viva por séculos. Infelizmente a escolha de "O Homem dos Crocodilos" de Arrigo Barnabé tem de tudo, menos as características principais da ópera. Sua música é uma sucessão de barulheiras desconexas sem início, meio e fim.
"O Homem dos Crocodilos" procura de ser moderna tratando de assuntos como psicanalise. Os medos e angústias do personagem Hector são relatados em símbolos toscos e sem sentido para a vida atual. O medo da tampa do piano decapitar seus dedos como símbolo de castração é um deles. Quem quiser uma sessão de psicanálise que vá a um consultório e sente-se no divã e não no teatro.
Quem tenta dar dignidade a uma partitura que deveria estar mofando em algum arquivo morto é o diretor cênico Caetano Vilela. Em suas mãos só caem encenações complicadas como "Ainadamar" e "Um Homem Só" no Municipal de São Paulo esse ano. Consegue com criatividade fazer do caos do texto e da música uma encenação criativa e inteligente. Onde você estava com a cabeça senhor Clodoaldo Medina ao programar essa inutilidade no Theatro São Pedro?
Os solistas se esforçaram: cantaram, gritaram e falaram muito. Nada que impressionasse, a ausência melódica e a fraca escrita musical não permite maiores análises. A partitura que tem na percussão sua linha central de conduta não consegue acrescentar nada.
Stravinsky está há trezentos mil anos luz à frente de Arrigo Barnabé, por isso ele é um compositor universal e Barnabé não se destaca nem no Largo do Arouche. Sua obra "Édipo Rei" tem o peso da universalidade. O narrador de "O Homem dos Crocodilos" tentou atrapalhar com seu texto e nem assim conseguiu. A concepção de Vilela privilegiou o teatro grego com o coro ao fundo e máscaras características.
Os solistas estiveram em nível de excelência. Eliane Coelho continua com a voz potente e um timbre escuro adequado à personagem. Paulo Mandarino exibiu um festival de belos agudos, potentes e brilhantes. Cenicamente foram prejudicados por ficarem fixos cada um em seu andaime no alto, movimentados por assistentes no solo.
A temporada 2015 do Theatro São Pedro poderia sido encerrada apenas a obra de Stravinsky. "O Homem dos Crocodilos" não acrescentou nada ao contexto operístico e ao meio musical paulistano.
Ali Hassan Ayache
É... Quem vai ver Arrigo Barnabé já sabe o que esperar. Mas realmente a gente tem q ser pego pela história. Senão, a comunicação não acontece. P que gostei foi a leitura coletiva do HQ. Édipo? Critica perfeita. Fantástico. E os andaimes... Rsss é isso aí.
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