RETROSPECTIVA DE 2015 NOS PRINCIPAIS CENTROS MUSICAIS BRASILEIROS. ARTIGO DE MARCO ANTÔNIO SETA EXCLUSIVO PARA O BLOG DE ÓPERA E BALLET.


         
    Apesar da crise financeira, política econômica e seu desaquecimento sequencial; neste tempo difícil, houve cancelamentos parciais de títulos e intenções em seus principais centros musicais. 
                O Theatro Municipal do Rio de Janeiro iniciou a sua temporada lírica com a mal lograda "Fidelio", de Beethoven, anunciada como ópera encenada, quando na verdade, não passou de ópera em concerto, colocando o coro sentado na plateia, com projeções de autoria  da direção cênica de Christiane Jatahy em resultados desafortunados. Foi a última regência de Isaac Karabtchevsky como diretor da casa. Sob a direção de João Guilherme Ripper (agora presidente da Fundação TMRJ) seguiram-se "Don Pasquale" vinda a Argentina; "A menina das nuvens", de Villa-Lobos em produção da Fundação Clóvis Salgado de Belo Horizonte, "As Bodas de Fígaro" (Mozart) produção vinda do Theatro São Pedro (SP) e "O menino maluquinho", de Ernani  Aguiar, com libreto de Maria Gessy de Salles e do autor do livro, Ziraldo que, só agora, voltou à cena, depois de sua estreia em Juiz de Fora em 2003. Encerrando o ano, ocorreu a encenação coreográfica de "O Messias", de Handel, uma das insígnias da música barroca, realizando uma coreografia com abstração da sacralidade (segundo Wagner Correa de Araujo), também colaborador deste site. Regeu-o Sílvio Viegas com muita sugurança e brilho. 
                São Paulo realizou os melhores espetáculos líricos entre os quais destacaram-se: "Thaís", "Manon Lescaut", "Ievguêni Oniéguin" e "Lohèngrin", todas no Theatro Municipal, sob a direção artística do maestro John Neschling. 
                 E o Theatro da Paz,  de Belém do Pará, editou mais um Festival de Ópera (XIV) com a belíssima produção de "Os Pescadores de Pérolas", de Georges Bizet, onde sob a direção cênica  de Fernando Meirelles, a ópera tomou rumo cinematográfico ao meio de projeções criativas, pré-filmadas no âmbito do Bosque Rodrigues Alves daquela cidade, combinando-as no palco; atrelando-as e engatando-as aos belos cenários de miriti, de Cássio Amarantes. Merecem bravos  à parte, o excelente trabalho junto ao Coral Lírico do maestro Vanildo Monteiro e o maestro Miguel Campos Neto, como diretor musical da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz. Brilharam Camila Titinger, Leonardo Neiva e Fernando Portari no cast integralmente nacional. 
                  No Palácio das Artes de Belo Horizonte, aconteceu uma moderna encenação da ópera "Lucia di Lammermoor", com a regência do maestro Sílvio Viegas e cantores brasileiros como Eric Herrero (Sir Edgardo) e Leonardo Neiva (Lord Enrico Ashton). 
                   Parcerias deveriam ser cultivadas entre os teatros brasileiros com per- muta de produções. Itinerar é preciso; abrindo espaço para que os escassos recursos produzam variedade, enriquecendo a oferta àquele que tudo paga, ou seja, nós, o público. O fenômeno do bairrismo, em função do qual fica impossível aproveitar o que o outro realizou positivo; ao invés, vamos tratar de itinerar pelos teatros brasileiros. 

                    Eis os nossos vencedores eleitos, melhores  em 2015, entre todos os elencos participantes.

Melhor orquestra de concertos: Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP), pela sua temporada 2015 e atuação de alto nível técnico-artístico.

Melhor orquestra de ópera: Orquestra Sinfônica Municipal, por sua atuação durante a temporada lírica do Theatro Municipal de São Paulo. 

Melhor produção de ópera: "Thaís", no Theatro Municipal de São Paulo, pela encenação de altíssimo nível artístico.

Melhor concepção, direção cênica, desenho de luz e coreografia: Stefano Poda, pela ópera "Thaís", no Theatro Municipal de São Paulo.

Melhor cenógrafo: Juan Guillermo Nova, pelos cenários de Manon Lescaut, no Theatro Municipal de São Paulo.  

Melhor figurinista: Stefano Poda, pela homogeneidade produzida na ópera "Thaís", no Theatro Municipal de São Paulo. 

Melhor iluminador: Caetano Vilela, pela ópera "Ievguêni Oniéguin", no Theatro Municipal de São Paulo. 

Melhor regente de ópera: John Neschling, pela direção musical de Otello,  Manon Lescaut e Lohèngrin, no TMSP. 

Revelações como regente de ópera: Eduardo Strausser pelas regências de "Eugene Onegin"  e "Lohèngrin" (assistente de John Neschling); e Gabriel Rhein-Schirato, como regente assistente de "Thaís" no TMSP.

Melhor cantora: Maria Jose Síri, pela impecável interpretação do papel título "Manon Lescaut", no Theatro Municipal de São Paulo. 

Melhor cantor: Leonardo Neiva, por sua brilhante interpretação de Zurga em "Os Pescadores de Pérolas", no Theatro da Paz, em Belém do Pará. 

Revelações: Canto lírico: Camila Titinger (soprano lírico), pela interpretação de Leila, em "Os Pescadores de Pérolas", no Theatro da Paz, em Belém do Pará. 
PianoFábio Martino, pela virtuosidade pianística apresentada como solista da OSESP, nos concertos de 9, 10 e 12 de julho na Sala São Paulo, incluindo-se o concerto do Festival de Inverno de Campos do Jordão, como solista da Orquestra Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo. 

Escrito por Marco Antônio Seta, em 30 de dezembro de 2015.
Jornalista Inscrito sob nº 61.909 MTB / SP

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