CRÔNICAS OPERÍSTICAS: ANIVERSÁRIO DE SÃO PAULO COMEMORADO COM TCHAIKOVSKY E BRAHMS NO FORNA A LENHA. CRÔNICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

   


   A cidade de São Paulo comemorou 462 anos no dia 25 de Janeiro, centenas de eventos foram organizados pela prefeitura nessa data especial. O Theatro Municipal de São Paulo não ficou de fora e apresentou o concerto de abertura de temporada. Quem chegou à Praça Ramos percebeu um clima diferente, várias barracas vendendo comida na rua, o que antes era sinônimo de comida barata tornou-se símbolo de preços altos. Pratos com nomes chiques e pomposos que dizem ter ingredientes diferenciados, pura balela, o que se vê é comida comum com preços exorbitantes e incompatíveis com hora, local e ocasião.
   O público com roupas informais, diferente do que se vê na rotina teatral, lotou a casa. Muitos se deleitavam tirando fotos para publicar nas redes sociais. A primeira surpresa foi adentrar a sala de espetáculos, um calor desértico a assolava. Soubemos que o sistema de refrigeração estava com problemas devido a vândalos terem roubado alguns cabos. O público e os músicos sofreram as consequências de um calor praiano. Dava para assar uma pizza no palco.
   O programa continha um dos melhores e mais belos concertos para piano e orquestra já compostos, as senhoras que se abanavam desesperadamente quase chegaram ao delírio com o calor e a boa música de Tchaikosvsky e seu Concerto para Piano e Orquestra N. 1. O promissor pianista Daniil Kharitonov assumiu o piano e nele esteve bem à vontade. Lembro que ele é um adolescente de 17 anos, enquanto outros de sua idade só pensam em redes sociais e mensagens eletrônicas o jovem está preocupado em solar um dos mais complexos concertos para piano. Sua musicalidade segue a partitura a risca, a juventude faz com que ele ainda não tenha um estilo próprio, a técnica é soberba e está presente em todas as passagens.
   A Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo regida por Eduardo Strausser dialogou com o solista em bom nível, sua sonoridade mostrou-se opaca no primeiro movimento prejudicada pela acústica, as portas permaneceram abertas o que parece ter afetado o som no palco. O naipe dos metais esteve acima da média.
   Imagina-se que com o calorão o publico debandasse para locais mais refrescantes no intervalo. Isso felizmente não ocorreu. Sorte dos que ficaram, apreciaram a música de Brahms e sua Quarta e última sinfonia. Esta representa seu auge de composição nesse gênero, onde se sintetiza o casamento da música antiga com as novidades do século XIX. A Sinfônica Municipal melhorou sua sonoridade nessa peça e conseguiu dar vida as ideias melódicas de Brahms. Todo o estilo romântico do compositor esteve presente na interpretação com tempos corretos de Eduardo Strausser.
Ali Hassan Ayache

Foto Internet.
        
    

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