"QUE TEATRO MUNICIPAL DESEJAMOS PARA SÃO PAULO". ARTIGO DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
Em um extenso artigo publicado em uma rede social,depois publicado na Revista Concerto e partes dele publicado no jornal A Folha de São Paulo o regente John Neschling faz um questionamento, "Que Theatro Municipal desejamos para São Paulo?" No texto o nobre regente faz diversas analises de temas inerentes à direção do teatro, ou como deveria ser essa direção segundo ele.
Lembro que Neschling está à frente da casa há mais de três anos e somente agora ele revela que " a Fundação Theatro Municipal precisa ser transformada numa fundação pública de direito privado". Levou três anos para descobrir isso.
A administração do Theatro Municipal em sua gestão é o caos, sobram diretores, fundações, administradores e agora um interventor nomeado pela prefeitura. Tamanho o caos é que uma CPI acaba de ser aprovada para investigar as irregularidades. Em nenhum momento o texto do nobre diretor lembra esses detalhes.
Cita diversos teatro pelo mundo afora, esquece-se de dizer que esses teatros, John, tem óperas em acervo que são apresentadas regularmente durante décadas.
A sua administração e você com seus cinquenta anos de experiência se preocupou em realizar isso, claro que não. A primeira coisa que fizeste foi deixar incompleto o ciclo do Anel do Nibelungo de Wagner programado pela direção anterior. E quando uma ópera é reprisada a verba é igual a uma nova montagem, passa dos milhões uma simples reapresentação, como ocorreu em "La Bohème" de Puccini.
No texto não vi nenhuma linha sobre a enxurrada de estrangeiros contratados pelo mundo afora, muitos para fazerem papéis minúsculos e inexpressivos. Deixou de lado excelentes e competentes cantores líricos nacionais em detrimento dos gringos.
A excelência que tanto pregas acabou em óperas canceladas e em uma temporada de 2016 pífia. Você diz que a vocação do teatro é uma "casa lírica tradicional" esse ano a casa virou uma segunda OSESP, só tem concerto sinfônico.
Você mesmo defende uma temporada de balé e que esse corpo seja utilizado em óperas quando necessário, não vi isso nos últimos anos, diversas montagens tiveram seleção de bailarinos que não pertenciam ao corpo estável. E para piorar colocou os dançantes para se apresentar em estações de metro e rodoviárias pela cidade.
Um dos legados de sua administração serão processos que o diretor Giancarlo Del Monaco e o tenor Marcelo Alvarez movem contra o teatro.
É irrelevante a discussão do modelo jurídico de administração do TMSP, pode ser direto pela prefeitura ou por uma organização Social de qualquer direito que seja. O importante é que tenhamos competência administrativa. As temporadas devem ter óperas conservadas para apresentações futuras como é feito em todos os teatros sérios do mundo. Cantores nacionais devem ser valorizados, troca de produções entre os teatros brasileiros e Sul Americanos deve ser viabilizada e isso não aconteceu nessa administração e em nenhuma anterior.
Em texto na Revista Concerto intitulado "O Theatro Municipal que temos" o colega Nelson Rubens Kunze reitera praticamente as palavras do nobre diretor. Nenhuma crítica à administração atual, a chapa da revista está cada vez mais branca.
Ali Hassan Ayache
Theatro Municipal de São Paulo, foto Internet.