"La BOHÈME", VENCEDORES DO CONCURSO MARIA CALLAS MOSTRAM SEU TALENTO. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

  


   Os vencedores do Concurso Brasileiro de Canto Maria Callas/2016 foram agraciados como solistas da ópera "La Bohème" de Puccini apresentada no Teatro Paulo Machado de Carvalho em São Caetano do Sul, no Theatro São Pedro/SP e no Educamais Jacareí. Os jovens tem assim uma chance rara, digo rara porque é quase impossível cantores brasileiros se apresentarem nos palcos de São Paulo nos últimos anos e na Praça Ramos é quase proibido, de mostrar seu talento.
   A produção é chamada de "produção piloto" cuja finalidade é apresentar óperas sem pretensões em figurinos e cenários. O objetivo é ser escola prática para os vencedores do concurso. O que vimos foi além do esperado, a cenografia simples e repleta de criatividade combina perfeitamente com o libreto, os figurinos adequados à hora, local e ocasião mostram o clima boêmio da Paris do século XIX. A direção de Paulo Ésper consegue com limitados recursos financeiros transformar o cênico em criativo com soluções fáceis para a compreensão do espectador.
   Pena não poder falar o mesmo da Orquestra Filarmônica de São Caetano do Sul, a regência de Henrique Villas-Boas esteve em volume elevado apagando diversas vezes a voz dos solistas. Os naipes não se entenderam diversas vezes, sobraram entradas equivocadas e os solistas quiserem aparecer mais que os cantores. 
   Alguns dos vencedores do Concurso de Canto Maria Callas mostraram talento e condições de alçar voos mais altos. Destaco Andrey Mira, voz potente com graves pujantes e uma interpretação intensa no quarto ato, Colline não é personagem principal, o jovem conseguiu nas poucas intervenções mostrar grande talento vocal. Um verdadeiro petardo paraense. Johny França exibiu ótimos graves, sempre luminosos e um fraseado correto. Interpretação cênica convincente mostra um futuro promissor ao jovem.
   Marcello Vanucci é tenor veterano, o personagem Rodolfo para ele é barbada. Sobraram excelentes agudos em uma voz madura. A personagem Mimi exige um soprano com grande técnica vocal, com um lirismo que represente a juventude da personagem. A Mimi de Jayana Paiva se perdeu vocalmente no primeiro e segundo ato, nas notas agudas a voz oscilava e chegava distorcida à plateia. Seu timbre exibe um lirismo suave. Melhorou nos dois atos finais, onde a voz se tornou mais cristalina. Natália Aurea exibe sedução cênica e incorpora a personagem Musetta, sua voz vibra nos graves mostrando deficiência técnica que pode ser corrigida com o tempo. Sustentar as notas pode fazer o público vibrar e os familiares chorarem de emoção. Não me comove em nada fazer isso e se perder no fraseado e na técnica.
   O Theatro São Pedro é um exemplo de como se formar novos cantores, concurso integrado a ópera e uma Academia de Ópera atuante faz nascer novos talentos. Pena que o exemplo não é seguido por outros teatros nacionais.
Ali Hassan Ayache

Foto Internet.

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