LA BAYADÈRE, BALÉ DO SCALA DI MILANO. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.

    La Bayadère estreou no Teatro Marinsky, atual São Petesburgo, na Rússia,  em 1877. No período,  o romantismo estava no auge:  lugares distantes e exóticos , danças fascinantes, figurinos carregados e coreografias complexas faziam a cabeça da galera. Triângulos amorosos e traições também eram parte da rotina, e  faziam as moças caírem em lágrimas. Petipa, grande bailarino e profundo conhecedor do gosto de seu público,  coreografa La Bayadére.  A história se passa na distante Índia, onde desfilam rajas e personagens exóticos. Tudo de acordo com o gosto da época, receita certa para o sucesso. 

   O Scala di Milano apresenta uma versão tradicional desse balé. Figurinos e cenários de bom gosto e no estilo clássico, sem grandes inovações. O corpo de baile dança com correção, a coreografia pretende ser a mais fiel possível à criada por Petipa. Um balé que parece balé, e não essas invencionices modernas.

   Svetlana Zakharova é uma estrela do balé mundial, já conhecia seus passos em Giselle , Swan Lake e A Filha do Faraó. Com sua experiência, domina toda a performance pela qualidade de sua dança. O que falta a essa grande bailarina é interpretação cênica. Como atriz, a moça é de uma frieza polar. Tenho a impressão que ela quer ser maior que o personagem, quer mostrar a grande destreza e técnica de suas pernas e se esquece que ela é o personagem. Ora triste demais, ora alegre demais, onde está a complexidade, a dúvida, a paixão?
  Roberto Bolle é bailarino boa pinta,  que nunca compromete suas apresentações. Versátil, já o vi fazer inúmeros papéis. Emotivo, sabe transmitir as emoções do personagem, enquanto que, com  técnica apurada, consegue como poucos na atualidade dançar bem diversos papéis. Beleza física e boas apresentações lotam teatros.
  A orquestra do Scala anda em ritmo acelerado. O maestro  David Coleman devia estar morrendo de vontade de ir para casa mais cedo. Seus tempos são super-rápidos. Haja fôlego!  A direção de imagens, representada ora por Tina  Protasoni, adora mostrar a cara dos bailarinos. São closes rápidos, geralmente no rosto, que não acrescentam nada à obra.
   Minha Bayadère preferida continua sendo a versão de Paris, dirigida por Rudolf Nureyv e os grandes dançarinos  Isabelle Guérin, Laurent Hilaire e Élizabeth Platel.

Ali Hassan Ayache