O MEDO DO PALCO E O TALENTO CAMINHAM LADO A LADO. ARTIGO DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

   Artistas consagrados fazem o difícil, muitas vezes o quase impossível parecer fácil. A impressão que temos é que eles tem uma segurança e nervos de aço ao encarar uma platéia sedenta pelo máximo ou um estúdio de gravação. Não é bem assim, relatos chegam e nos dizem que esses deuses do canto tem medos comuns aos pobres mortais. Vejamos a lista abaixo: 



MARIA CALLAS - Um dos maiores sopranos de todos os tempos morria de medo do palco, dizem que suas apresentações no primeiro atos eram mais contidas, depois a geniosa soltava todo seu talento.

ROSA PONSELLE - Essa unia o medo à superstição, chegava cedo e sempre dava duas voltas no teatro que se apresentava.

SHERRIL MILNES - O grande barítono americano temia o microfone de um estúdio de gravação. Dizia que uma falha no palco passa, esquece, há tempo de recuperação enquanto uma gravação medíocre em disco fica para sempre.

FRANCO CORELLI - O tenor mais bonitão da ópera tinha pavor de perder a voz no palco. Dizem as más línguas que injetava um composto de cortizona antes das apresentações outros dizem que era um composto de água destilada ou cocaína, só para ele ter a sensação de ter tomado algo para não perder a voz. Em entrevista à Newswwek resumiu bem seus medos: "Não nasci para ser cantor. Sempre tive medo de cantar. No começo não tinha o dó sobreagudo e tinha medo. Depois, com o estudo, adquiri o dó sobreagudo com facilidade, mas morria de medo só á ideia de o perder. Podia passar umas três horas seguidas a ouvir a minha voz gravada à procura dos defeitos. Ficava exausto. Muitas vezes, logo de manhã, a minha voz não respondia. Se era dia de descanso e não tinha récita, passava horas a experimentar a voz, a ver se ainda a tinha. Precisava urgentemente de descansar, mas não conseguia dormir de contentamento, se a récita me tinha corrido bem. Não conseguia dormir de angústia se ela me tinha corrido mal."

MARIO DEL MONACO - Esse pregava patas de coelho no forro do figurino em que se apresentava. Haja superstição!

YEHUDI MENUHIN - Chegava duas a três horas antes da apresentação com seu mestre de yoga e só colocava os pés no palco com a autorização dele.

ALFREDO KRAUS - Não era dos mais pacientes, chegava quase em cima da hora da apresentação, mal dava tempo de aquecer a voz e colocar o figurino.

FIORENAZA COSSOTO - Chegava horas antes do início e ficava ensaiando, gravava tudo em fitas K7 e repetia a mesma ária diversas vezes.

PHILIPPE CASSARD - O pianista era o símbolo do transtorno obsessivo compulsivo, no dia do concerto exibia uma centena de manias. Lavava a mão centenas de vezes, o imaculado piano devia estar impecavelmente limpo e no caminho do teatro para comer um pedaço de bolo, imagina que o açúcar é um excelente estimulante para vencer a angustia do caminho ao teatro.

Ali Hassan Ayache

Maria Callas, foto Internet.





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