TENOR JONAS KAUFMANN ESTÁ ACIMA DOS MORTAIS. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

 
 

  Para comemorar os 35 anos de sua fundação o Mozarteum Brasileiro trouxe, pela primeira vez ao Brasil, um dos maiores tenores da atualidade, Jonas Kaufmann. Não faltam adjetivos para glorificar a voz e as interpretações do grande tenor alemão na crítica especializada. Posso afirmar, após assistir ao recital do dia 10 de Agosto na Sala São Paulo, que todos os comentários positivos estão corretos.
   Muitos reclamaram do programa, eu inclusive torço o nariz quando vejo apenas canções de compositores românticos. Sempre queremos árias de óperas. A voz de Kaufmann faz esquecer Toscas, Rigoletos e Carmens. Uma voz única, exclusiva e munida de uma técnica impecável foi apresentada com um timbre sublime. Homogenia em todos os registros, consegue ter agudos brilhantes, médios excelentes e graves consistentes. A invulgar beleza timbrica é aliada a uma projeção ímpar, onde todas as notas são emitidas com clareza exuberante. Sentado no balcão mezanino da Sala São Paulo parecia que o tenor cantava ao meu lado.
   O programa inicia com as belas canções de Schubert e Schumann. O ponto alto foram os "Três Sonetos de Petrarca" de Liszt e as canções de Strauss. Nelas o tenor exibiu toda a dramaticidade, lirismo e sentimentos expressos na música desses grandes compositores. Do alegre ao triste, do cômico ao dramático: Kaufmann passeia pelos sentimentos humanos com facilidade e velocidade espantosa. Faz o canto lírico complexo parecer fácil.
   O bis foi um espetáculo à parte, voltou cinco, alguns dizem seis vezes e mandou petardos operísticos como "Recondita Armonia" da ópera "Tosca" de Puccini e a grande ária da "Adriana Lecouvreur" de Cilea. Arriscou cantar em português a empolgou a todos. Um dos maiores tenores da atualidade se apresenta no Brasil no auge vocal e técnico. Kaufmann esta acima dos pobres tenores mortais, vive em outra dimensão, no olimpo dos cantores líricos.
Ali Hassan Ayache  

Jonas Kaufmann, foto Internet.

Comentários

  1. Inesquecível! Não consigui dormir naquela noite, de tão inebriada. E perdi uma chance de te conhecer pessoalmente, Ali. Adorei o que você escreveu.

    ResponderExcluir
  2. Foi um recital fabuloso, agora sei o que sentiam as pessoas que viam Gigli, Caruso, Del Monaco, Callas qauntos estes vinham a São Paulo. Foi um concerto histórico, espero apenas que ele se repita frequentemente, o maior problema foi termos apenas um dia de recital, muito pouco para quem tinha muito a cantar...Cultura Artistica e Mozarteum deveriam ter feito uns seis concertos e recitais dele juntos...obviamente eu iria em todos...

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas