"TURANDOT" NO XV FESTIVAL DE ÓPERA DO THEATRO DA PAZ.



As óperas de Giacomo Puccini são famosas também pelas mulheres fortes que trazem em suas histórias. E não é diferente em ‘Turandot’, que será apresentada no XV Festival de Ópera do Theatro da Paz, nos dias 21, 23, 25 e 27 deste mês, às 20h. Mas, ao contrário de outras obras desse compositor, a ‘mulher de Puccini’, nesta ópera, não é a protagonista, a princesa Turandot, mas sim, a escrava Liú.
Na montagem deste ano, a primeira vez em que ‘Turandot ’ é montada em Belém, a protagonista será interpretada pela soprano Eliane Coelho, uma das mais renomadas cantoras do Brasil e no exterior. Já Liú ficará a cargo das sopranos paraenses Luciana Tavares e Kézia Andrade, que se revezarão no papel, alternadamente, nas récitas.
As mulheres fortes de Puccini estão em óperas como “Manon Lescaut” (1893), “La Bohème” (1896), “Tosca” (1900) e “Madame Butterfly” (1904). “Turandot” estreou no dia 25 de abril de 1926, no teatro Scala, de Milão.
Em 2003, Eliane Coelho interpretou a princesa Turandot, em Berlim, na Alemanha, vestida com um traje de couro preto, uma faca nas mãos e encenando golpes ninja, enquanto cantava. O enredo da ópera mostra a mimada princesa Turandot, que tem um trauma que a fez odiar todos os homens e os mata por capricho. Obrigada a se casar, propõe enigmas aos pretendentes, os quais, eles não conseguem decifrar. À época dessa montagem alemã, Eliane disse que adora as montagens tradicionais, mas se divertia muito nas modernas. “Na verdade, o que me interessa é que a história não se perca, e que se respeite a estética. A encenação precisa contar aquela história”, afirmou.
Por isso é que a heroína de Puccini em “Turandot” é Liú, e não a princesa, que pode ser classificada como uma megera sem piedade.
Montagem – A montagem deste ano no XV Festival de Ópera do Theatro da Paz será bem tradicional, aos moldes da primeira encenada em 1926. Essa é a apresentação que teve um famoso episódio quando o maestro Arturo Toscanini, que estava regendo a ópera, a 20 minutos do final, num momento crucial e muito dramático da obra, parou a regência, suspendeu a batuta e disse: “Até aqui escreveu o senhor Puccini”, e se retirou do palco, ficando cerca de um minuto fora, deixando a pessoas atônitas. A explicação é que Puccini não concluiu a ópera “Turandot”, sendo que ela foi concluída – com sucesso, diga-se – por Franco Alfano.
Os ensaios do espetáculo estão em pleno vapor no palco do teatro, que já recebeu o gigantesco cenário da ópera, concebido pelo cenógrafo Roni Hirsch e executado pela equipe de cenotécnica do Theatro da Paz. O cenário é baseado no jogo de montar chinês tangram e tem várias peças que serão desdobradas e montadas à frente da plateia em meio às cenas desenvolvidas no palco. As colunas do cenário, que têm mais de quatro metros de altura, são revestidas de lonas pintadas pelo próprio Hirsch, que também é artista plástico, e fazem referência ao Ano do Tigre no horóscopo chinês. Completando o cenário, uma ‘cortina’ com 70 cabeças humanas, feitas todas em miriti, ocupará boa parte da boca de cena do palco.
“Turandot”, honrando a tradição de uma ópera ‘grande e grandiosa’, como já frisou o maestro Miguel Campos Neto, que vai reger a Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP) no espetáculo, vai ter momentos em que cerca de 130 pessoas estarão em cena somente no palco, entre solistas, integrantes do Coro Cênico, figurantes e Coro Infantil.
Heroína – Para dividir o importante papel de Luí foram convidadas Luciana Tavares e Kézia Andrade. Kézia é bacharel em Música Sacra e no ano passado foi uma das solistas do Recital dos Cantores Líricos Paraenses e no Concerto de Encerramento do Festival. Já Luciana é soprano lírico e estudou música na cidade do Porto, em Portugal. As duas estão entusiasmadas com a oportunidade de dar vida à Liú.
Kézia canta na estreia, dia 21, e na última récita, dia 27. Para ela, esse papel foi um presente. “Está sendo uma preparação muito boa para interpretar a Liú. Considero essa estreia muito importante, porque vejo a dimensão da personagem e sei como essa montagem será especial. Tenho certeza que o público vai gostar, porque todos nós estamos nos empenhando ao máximo”, disse a soprano.
As récitas dos dias 23 e 25 são as que Luciana encarnará Liú. A cantora não esconde a predileção pela personagem. “Eu amo as mulheres de Puccini, mas Liú é muito especial. Para mim é uma honra interpretá-la”, afirmou a cantora.

Serviço:
Ópera “Turandot”, na programação do XV Festival de Ópera do Theatro da Paz, direção de Caetano Vilela, nos dias 21, 23, 25 e 27 de setembro, às 20h, no Theatro da Paz. Ingressos esgotados.

Comentários

  1. Que maravilha vermos grandes cantores brasileiros num projeto dessa magnitude! Que se repita tal atitude nos demais teatros pelo Brasil afora. Muito sucesso a todos os envolvidos! In bocca al lupo!

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