ANNA NETREBKO CARREGA NAS COSTAS "I PURITANI" DE BELLINI. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
O Metropolitan Opera de New York apresenta em vídeo a última ópera de Bellini. O diferencial dessa gravação é o soprano chamado para a récita. Não imaginava Anna Netrebko como um soprano coloratura, cantando óperas do Belcanto. Já admirei sua Manon, já elogiei sua Traviata e já coloquei na prateleira sua The Woman, the Voice. I Puritani ,foi uma surpresa.
Anna Netrebko está sintonizada com o que há de mais moderno em ópera. Isso pressupõe uma bela voz: a sua é lírica, adoçicada, entra nos ouvidos com prazer. Atuação cênica impecável: ela incorpora o persongem, sua juventude e seu vigor permite que corra riscos. O último atributo é físico: a ópera não aceita mais cantoras gordinhas e estáticas no palco. Netrebko irradia uma beleza que encanta os marmanjos e deixa as senhoras morrendo de inveja. Mas um soprano que não é especialista em belcanto consegue fazer uma boa Elvira?
Quem ouve as coloraturas de Joan Sutherland, de Edita Gruberova ou da Beverly Sills vai torcer o nariz com a Netrebko. As suas estão todas lá, não com a agilidade que as três senhoras acima citadas imprimiram a Elvira, mas as compensações são maiores que as perdas. Sua ária da loucura é uma loucura. Deita no palco e joga os cabelos no fosso da orquestra, tudo isso cantando numa posição ingrata e ainda consegue manter a voz. Sua Elvira tem a fragilidade virginal, seja na voz ou na expressão. Rouba a cena e faz os outros personagens parecerem pequenos diante de tamanho talento.
Os outros cantores não estão no mesmo nível do soprano. Franco Vassalo é fraco como Ricardo. Sua voz vibra em excesso, esforça-se demais para atingir as notas.Thomas Hampson e Sherrill Milnes são infinitamente superiores nesse papel. Eric Cutler faz um Arturo mediano, voz anasalada e uma interpretação sem carisma.
A produção do Met é clássica, cenários e figurinos de época, tudo correto e no devido lugar. As entrevistas são interessantes e legendadas. A direção de vídeo propõe ângulos inovadores, às vezes interessantes, às vezes esquisitos.A regência de Patrick Summers é conservadora, burocrática , embora correta. O coro do Met tem um padrão de excelência e nessa apresentação não foi diferente.
I Puritani tem um nome nessa gravação: Anna Netrebko. Ela carrega a ópera nas costas, extrapola os limites e é o único diferencial em uma gravação que, sem ela, ficaria como quiabo envelhecido, sem graça. Por ela vale a pena ter essa gravação no acervo.
Ali Hassan Ayache
I Puritani-Bellini
Eduardo Valdes, Bruno
Riccardo, Franco Vassalo,
Elvira, Anna Netrebko
Giorgio, John Relyea
Arturo, Eric Cutler
Gualtiero, Valerian Ruminski
Enrichetta, Maria Zifchak
Patrick Summers, Maestro
Raymond Hughes, Chorus Master
Audio: PCM Stereo and DTS 5.1;Legendas: Italian, German, English, French and Spanish;
Extras: Backstage at the met with Anna Netrebko, Beverly Sills & Renne Fleming;
Widescreen 1.78:1; Color; 149:00 mins. + 22 mins. (bonus); Região: Todas
Riccardo, Franco Vassalo,
Elvira, Anna Netrebko
Giorgio, John Relyea
Arturo, Eric Cutler
Gualtiero, Valerian Ruminski
Enrichetta, Maria Zifchak
Patrick Summers, Maestro
Raymond Hughes, Chorus Master
Audio: PCM Stereo and DTS 5.1;Legendas: Italian, German, English, French and Spanish;
Extras: Backstage at the met with Anna Netrebko, Beverly Sills & Renne Fleming;
Widescreen 1.78:1; Color; 149:00 mins. + 22 mins. (bonus); Região: Todas
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