OSESP E A SINFONIA DA RESSURREIÇÃO. CRÍTICA DE WILLIAN CARDOSO ABREU NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.


   A afinidade da OSESP com a obra de Gustav Mahler é algo que vem sendo construído desde a sua reestruturação.
Sua Sinfonia nº2 em Dó Menor – Ressureição tem certa afinidade com a orquestra, pois foi com essa sinfonia que em 9 de Julho de 1999 a orquestra inaugurou sua sede, a Sala São Paulo, coroando um projeto de reestruturação iniciado em 1997 e que se tornaria um divisor de águas no que diz respeito à gestão cultural para música de concerto em nosso país.
Quase 20 anos depois, temos hoje uma instituição sólida, ímpar em sua estrutura e que engloba além do espaço para as apresentações uma temporada com mais de 130 concertos, séries especiais como as do quarteto de cordas, orquestra de câmara, série coral, academia para formação de músicos e muitas outras iniciativas. Algo único no país.
Difícil não se lembrar da Sinfonia da Ressureição sem recordar toda a trajetória da OSESP. Infelizmente eu não estava no memorável concerto de inauguração da Sala São Paulo em 1999, porém há uma gravação e a TV Cultura já exibiu esse concerto algumas vezes. Uma excelente interpretação, bastante emocionante devido à ocasião.
Tive a oportunidade de ver outras duas vezes essa sinfonia na Sala São Paulo. A primeira no fim da era Neschling, curioso como ele dá inicio ao trabalho com essa sinfonia e a rege em sua temporada derradeira à frente da orquestra. Sem a mesma emoção do concerto de inauguração, bastante irregular demostrava o momento de incerteza que a OSESP vivia.
Em uma segunda oportunidade com Alondra de La Parra nos tempos do Yan Pascal Tortelier (Por onde será que ele anda?) em uma interpretação bastante imatura, vazia e sem emoção.
Nessa última sexta-feira (16/12/2016) tive a oportunidade de pela terceira vez apreciar essa grande obra com a atual diretora musical Marin Alsop.
Acredito que a orquestra tenha acertado em fazer desse seu último programa de 2016. Essa sinfonia representa toda a ansiedade, incerteza e angústia pela qual nosso país está passando.
E que excelente interpretação. Sonoridade grandiosa desde os primeiros acordes, Marin Alsop extraiu da OSESP todo seu potencial.
No primeiro movimento a imponência dos contrabaixos da orquestra, que ao longo dos anos vem demostrando uma sonoridade única, um naipe de peso comandado pela excelente Ana Valéria Poles. Belíssima sonoridade nas cordas. Violinos, cellos e violas respondendo com precisão cada movimento da regente, sonoridade densa e profunda que a partitura exige. Destaque para os belos solos de Emmanuele Baldini. A beleza das cordas da OSESP no segundo movimento por si já mostra porque São Paulo tem a melhor orquestra do país.
Nas madeiras excelente trabalho solo das flautistas Cláudia Nascimento e Fabíola Alves, bem como os lindos solos do oboísta Joel Gisiger e do Corne Ingês de Natan Albuquerque.
Willian Cardoso de Abreu 

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