A ERA DA INTOLERÂNCIA E A REVISTA CONCERTO. ARTIGO DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.



   A internet com suas redes sociais e blogs trouxe o advento da livre expressão plena. O que era para ser algo salutar e democrático visando discussões salutares se transforma em motivo de intolerância. Quanto mais temos a liberdade de escrever em blogs ou nas redes sociais, e qualquer um pode fazê-lo, maior é a intolerância contra a liberdade de expressão. Vejo as pessoas odiando ler opiniões contrárias e brigando por tudo na rede. Existe um ódio mortal ao contraditório e parece que a discordância é inimiga da democracia.
   Evidentemente existem leis que protegem contra a calúnia e a difamação e qualquer um que escreva um texto público está sujeito a processos legais. O que não conforma as pessoas é a antiga mentalidade onde a opinião contrária é vista com desprezo e sempre exclamam motivos para desqualificá-la. O pouco acesso ou quase nenhum a aquele que escreve acabou com o advento da Internet, ninguém é obrigado a se sujeitar a três ou quatro editores sabichões.
   E um dos mais revoltados com a ideia de livre expressão é o editor da Revista Concerto, Nelson Rubens Kunzle, este soltou suas pérolas corporativistas em uma famosa rede social. Segundo ele existe uma diferença entre crítico ou blogueiro, vejamos suas palavras "blogueiro é uma coisa, crítico (ou jornalista de cultura) é outra. Um é diletante, o outro é profissional. Um não está necessariamente compromissado com o assunto (e alguns confundem isso com "independência" ), outros carregam toda a responsabilidade por suas opiniões porque vivem inseridos naquele contexto. Diferentemente do diletante, o crítico por ser remunerado, provou-se na concorrência do "mercado", ou seja, o cara é bom! Ele conquistou seu espaço no jornal, na revista ou no site profissional". O puro corporativismo prevalece na opinião do senhor Kunzle porque ele odeia opiniões divergentes. Só faltou ele dizer que somente jornalistas sindicalizados e com carteirinha podem escrever críticas. Este que escreve e diversos críticos que não escrevem em jornais estão mais inseridos no contexto que muitos jornalistas que escrevem na revista do senhor Kunzle.
   Como diz uma propaganda de celular, rótulos não me definem, pouco importa se me consideram um crítico, diletante ou qualquer coisa. A internet é seletiva e o público decide o que vai ler ou não. O importante são os milhares de acessos diários que meu blog tem, a seleção natural é responsável por isso. Não preciso passar pelo crivo de nenhum editor, não preciso ficar bajulando ninguém e isso é que pega. Além do mais o Google me paga pelos acessos, aí pegou mais ainda Nelsinho. Existem blogueiros ruins e bons como também existem jornalistas e críticos, que escrevem em jornais, bons e péssimos.  
   Kunzle pode mandar tirar um texto meu no movimento.com, pode tirar um link em uma postagem no Facebook, pode vetar meu nome aqui e ali em alguns eventos e eu sei que você faz isso. O problema é que você não tem a autoridade de tirar um blog do ar por isso apela para o corporativismo.
   Outra pérola de Nelson Rubens Kunzle foi" Todos os jornalistas e críticos da Revista Concerto e do site CONCERTO (Camila Fresca, Irineu Franco Perpétuo, João Luis Sampaio, João Marcos Coelho e Jorge Coli) escrevem livremente sobre o que querem e são remunerados para isso." O problema colega é que o diabo mora nos detalhes, você esquece de dizer que Marcos Fechio trabalhava na Revista Concerto foi ser auxiliar de John Neschling assim que esse assumiu o Theatro Municipal de São Paulo, Leonardo Martinelli era crítico da Concerto e foi trabalhar como diretor de formação da Escola Municipal de Música do TMSP e Irineu Franco Perpétuo, crítico remunerado de vossa revista escreveu diversos programas e fez palestras no TMSP. 
   O Teatro Municipal de São Paulo e a OSESP são anunciantes da Revista Concerto, é impossível acreditar que seus jornalistas e críticos "escrevem livremente". Sua revista é a mais chapa branca do Brasil. Prova disso é a cobertura mínima que deste a toda crise do Theatro Municipal de São Paulo e a queda de John Neschling. Raras foram as matérias que abordaram o tema enquanto a grande imprensa sempre esteve presente, meu blog esteve presente.
   Quem conhece a Sala São Paulo deve ter reparado em um loja que vende livros, CDs e DVDs em um anexo. Adivinha quem administra o local? Ele mesmo, Nelson Kunzle. Me disseram que ele tentou e quase conseguiu fazer o mesmo no Theatro Municipal de São Paulo, com a queda de John Neschling seu plano naufragou.
   Vale a opinião do colega Leonardo Marques sobre criticar artistas "Escrevo publicamente sobre artistas há tempo suficiente para saber que, salvo exceções: a) aqueles que elogiamos sempre nos adoram; b) aqueles que elogiamos quase sempre nos respeitam; c) aqueles que elogiamos somente lá uma vez ou outra, nos olham com extremas reservas; d) aqueles que não elogiamos nunca nos detestam; e) aqueles listados nos itens "a" e "b" acima não querem saber se somos ricos, pobres, feios ou bonitos, críticos ou blogueiros; f) aqueles listados nos itens "c" e "d" costumam fazer não só essas, como outras distinções, até piores; e, por fim, g) aqueles que geralmente fazem parte dos itens "c" e "d", mas com a evolução de suas carreiras acabam migrando para os itens "a" e "b", mudam de "opinião" a nosso respeito como quem troca de roupa íntima".
Ali Hassan Ayache






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