SÃO PAULO TEM CONS(C)ERTO. ARTIGO DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.
Dando de início aos trabalhos de 2017 o concerto de abertura da temporada de 2017 do Theatro Municipal de São Paulo contou com estreias e a volta de profissionais competentes defenestrados da administração Neschling. O programa, nada modesto para uma abertura, Magnificat-Alleluia de Heitor Villa-Lobos e a Sinfonia n° 2 Lobgesang de Felix Mendelsshon são obras grandiosas e sacras.
A fala rápida do Secretário Municipal de Cultura André Sturm e do diretor artístico Cleber Papa ressaltam a nova programação. Cleber Papa diz uma frase atribuída a Sturm ou ao prefeito Dória: São Paulo tem cons(c)erto. Abaixo analiso diversos temas relativos a nova administração:
TEMPORADA 2017 PRIMEIRO SEMESTRE: Modesta para os padrões do Teatro Municipal, duas óperas em concerto (Fidelio de Beethoven e A Danação de Fausto de Berlioz) e uma centena da apresentações divulgadas nesse Blog , são concertos e espetáculos de dança. É compreensível que o início de um trabalho seja para arrumar a casa já que as lambanças da administração anterior foram enormes. Esperamos que no segundo semestre a programação ganhe corpo e a ópera encenada volte ao Theatro Municipal de São Paulo.
FIM DO DOMÍNIO ESTRANGEIRO: A programação divulgada mostra a volta da valorização dos cantores brasileiros, competentes e preparados para as mais complexas obras líricas, estes foram relegados a terceiro plano por John Neschling. A programação mostra que os profissionais do Brasil voltaram ao primeiro plano.
BALÉ DA CIDADE DE SÃO PAULO: Continua na mesmice com obras modernas e nada da dança clássica. Uma mescla entre os dois é mais que necessária para melhor aprimoramento do grupo.
VOLTA DE PROFISSIONAIS: Competentes regentes injustamente demitidos anteriormente foram recontratados. Jamil Maluf reassume da Orquestra Experimental de Repertório e Mário Zacarro retorna como titular ao Coro Lírico Municipal de São Paulo. Naomi Munakata assume o Coral Paulistano Mário de Andrade, esta é demissionária da OSESP onde fez um excelente trabalho.
ALUNOS NO PALCO: O Theatro São Pedro sempre coloca os alunos da Academia de Ópera para se apresentar, raramente se via os alunos da Escola Municipal de Música e da Escola de Dança de São Paulo no palco do maior teatro paulistano. A promessa é que os jovens agora terão sua vez com diversas formas de apresentação.
ASSINATURAS; A direção manteve o programa, no primeiro semestre a programação é voltada para concertos e com isso o público familiarizado com a ópera torce o nariz. Prevejo uma diminuição do número de assinantes no primeiro semestre.
JOVENS NA PLATEIA: A programação contempla os jovens com diversos programas voltados a adolescentes e crianças. A ideia é interessante visando formar novos públicos.
CONCERTO DE ABERTURA: O programa complexo que envolve coros e música sinfônica mostrou uma Orquestra Sinfônica Municipal com grande sonoridade. Magnificat-Alleluia é inspirada nas grandes obras sacras barrocas onde orquestra, coro e solistas dialogam entre os versículos do Magnificat e as exclamações de Aleluia. Villa-Lobos combina técnica e sentimentalidade nessa obra, elementos que foram ressaltados pela excelente regência de Minczuk. A longa e cansativa Sinfonia n° 2 de Mendelsshon teve solistas, orquestra e coro entrosados em uma apresentação caracterizada pela regência precisa de Minczuk, solistas a altura do programa e coro gigantesco afinado.
INDUMENTÁRIA DAS SOLISTAS: As roupas das solistas Gabriella Pacce e Luisa Francesconi não estavam à altura do evento. Informam na abertura que foram confeccionadas pelos profissionais do teatro. Vemos que eles entendem de figurinos e não de moda. Um vestido que parecia ser feito de retalhos com uma coloração morta e um conjunto com um pano prá la de esquisito foram o destaque de feiura da noite. Os camelôs do Brás vendem conjuntos melhores.
CLIMA RELAX: Do clima tenso e com cara de poucos amigos com o público característico da era Neschling mudou na abertura para leve e solto. Profissionais que não colocavam o pé no teatro apareceram para prestigiar. A recepção no salão nobre aberta ao público, dos solistas, regente Roberto Minczuk, diretor artístico Cleber Papa e do Secretário Municipal de Cultura André Sturm era algo impensável ano passado. Mudou a diretoria e com ela mudou o clima, espero que tenha mandado lavar todo o teatro com sal grosso.
Ali Hassan Ayache
Theatro-Plateia_Andar-2-02_por_Ricardo-Kleine, foto internet.
Concerto foto internet.
Concordo com o meu colega Ali Hassan Ayache nas apreciações acima em diversos aspéctos. Coros muito bem preparados nas mãos de gente competente e orquestra harmoniosa sob regência de Roberto Minczuk. Nem dá para comentar os trajes das solistas. Que a ópera volte ao palco de São Paulo no segundo semestre; esta é a vontade e a aspiração do público paulistano.
ResponderExcluirBom artigo Ali e concordo que Mário Zaccaro e Naomi Murakata são os grandes regentes de voz e canto coral que temos em Sampa além do grande regente Roberto Minczuk.
ResponderExcluirApresentação de estréia excelente programa e performance musical.
Quanto ao diretor artístico Cleber Papa com a infeliz frase e fala causou-me péssima impressão - perdeu a chance de ficado calado 🤐 levado escrito ou decorada alguma fala de apresentação talvez merecesse algum crédito. Já o Secretário Municipal a gafe de querer demonstrar descontração e ao final sacar o celular pra fotografar o público ou fazer um 🤳 selfie deu pessimo exemplo além de justiça ticar a ausência do Alcaide por estar no Oriente Médio com chapéu na mão - quando sucede uma Gestao Municipal, cujas contas estão como nunca antes equacionadas e equilibradas.
Esses três: Papa, Sturn e Dória combinam com os respectivos apelidos em redes sociais...rs
Naomi, sério mesmo? São Paulo com certeza tem dezenas de regentes para canto muito, mas muito melhor que ela.
ResponderExcluirQuanto amadorismo nesse NOSSO municipal. Tudo bem que o cronista era (e pelo visto ainda é) inimigo número 1 do antigo diretor artístico, mas tentar elogiar essaa nova "gestão" e suas escolhas "artísticas", tá difícil de engolir. Infelizmente o amadorismo vai voltar a reinar.
ResponderExcluirDiscordo da questão defendida pelo blog em relação aos artistas estrangeiros,acho provincianismo isso,deve ser o único teatro de ópera do mundo sem nenhum estrangeiro contratado para esta temporada.Discordo também da preferência mostrada na programação do municipal e também por este blog pelas obras do repertório padrão,os "clássicos" que todos já estão cansados de ver e ouvir,mas que garantem sucesso comercial.Detesto Neschling e não votaria em Haddad,mas ele não aceitaria trabalhar num teatro de ópera que não MONTA óperas,só faz concerto.Tudo parece confirmar na nova direção as teses de Neschling,ibfelizmentede apesar de todos os muitos defeitos deste regente tirano, que ele montou óperas que nunca se viram no Brasil,com artistas de calibre internacional,no intuito de inserir o Municipal no mundo.Atualmente temos gente bem menos inteligente na direção,que demonstram aliás a direção que São Paulo está seguindo,cada vez mais provinciana burra e conservadora,é óbvio que esta gente também não vai criar problemas e vai se submeter para os poderosos que estão comandando a cidade,assim como os escribas da revista Concerto são submissos ao governo do estado que lhes paga o ganha-pão.
ResponderExcluirObrigado por publicar este comentário bombástico,resolvi submetê-lo aos administradores do blog mas sinceramente não contava com a publicação,mil agradecimentos,Isaac Carneiro Victal.
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