A LÍRICA BRASILEIRA MAIS TRISTE: PERDEMOS LEONARDO PÁSCOA.
Faleceu neste domingo um dos mais conhecidos e admirados artistas líricos brasileiros: o barítono Leonardo Páscoa. Segundo informações compartilhadas em redes sociais, o artista teria sofrido um infarto.
O cantor deixa viúva, Rose Provenzado Páscoa, também cantora do Coro do TMRJ, e o filho, Filipe Páscoa. O corpo do artista será velado nesta segunda-feira, dia 8 de maio, a partir das 9h, na Capela 5 do Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, no Rio de Janeiro. O enterro está previsto para 14h.
Membro do Coro do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 2016 Páscoa participou como solista no próprio Municipal da montagem da ópera Lo Schiavo, de Carlos Gomes, interpretando o feitor Gianfera. Em abril deste ano, participou da produção de Jenůfa, cantando no coro. E, segundo informações extra-oficiais, estava escalado para participar como solista da ópera Un Ballo in Maschera, de Verdi, prevista para julho deste ano também no Theatro Municipal do RJ.
Dono de uma voz volumosa, Leonardo Páscoa sempre se destacou pela qualidade de sua projeção, e, mesmo integrando o Coro do TMRJ, apresentou-se como solista nos principais teatros do país.
Em uma das últimas conversas que tivemos, o artista mostrou-se muito emocionado com a situação difícil enfrentada pelos artistas e funcionários do Municipal, com meses de salários atrasados em virtude da crise financeira do governo estadual.
Biografia
Leonardo Páscoa foi iniciado na música por seus pais. Aos 6 anos começou a estudar piano com sua mãe e, aos 17, canto com seu pai, o baixo Manuel Páscoa. Cursou o bacharelado em Canto pela Escola de Música da UFRJ. Por 20 anos integrou o quadro artístico do Theatro Municipal do RJ, onde foi orientado pelo barítono José Roque.
Cantou nas mais importantes casas de ópera do país, regido por maestros como Abel Rocha, Claudio Cohen, Eugene Kohn, Henrique Morelenbaum, Isaac Karabtchevsky, Luis Gustavo Petri, Roberto Duarte, Silvio Barbato, Silvio Viegas e dirigido por Alberto Renault, Bibi Ferreira, Diva Pieranti, Francisco Mayrink, P. Francesco Maestrini e Sonja Frisel, entre outros.
Estreou em 1999, em turnê nacional, dirigido por Fernando Bicudo, com Lo Schiavo, interpretando Iberê e Gianfera. Foi intérprete de belas obras do repertório lírico e sinfônico, entre as quais as óperas Aida, La Traviata, Rigoletto, Turandot e Il Guarany, as operetas Die Fledermauss, A Viúva Alegre e Candide; o Requiem, de Fauré, Christmas Oratory, de Saint-Säens, e Carmina Burana, de Orff.
Destacam-se entre seus trabalhos a 9ª Sinfonia de Beethoven nas comemorações de 30 anos do Projeto Aquarius, para um público de 30 mil pessoas, e a ópera Carmen, de Bizet, montada ao ar livre para 42 mil espectadores. Em 2011 protagonizou I Pagliacci, de Leoncavallo, no 1º Festival de Ópera de Brasília, Il Guarany, de Carlos Gomes, no Theatro São Pedro/SP, e a comentada ópera L’Amour des Trois Oranges, de Prokofiev, no Theatro Municipal do Rio.
Em 2012 cantou La Bohème, Cavalleria Rusticana, Carmen, La Fille du Régiment e L’Oro non compra Amore. Em 2013 cantou Renato de Un Ballo in Maschera no 17º Festival Amazonas de Ópera, em Manaus, e na Temporada Lírica do Palácio das Artes em Belo Horizonte, onde nesse mesmo ano assinou o personagem Theseus, da ópera Pheadra and Hipollitus, do compositor americano Christopher Park, em estreia mundial. No Theatro Municipal do Rio de Janeiro, cantou Carmina Burana e a ópera Un Turco in Italia, na pele de Don Geronio. Na Sala São Paulo foi o Narrador e interpretou Maxmillian do Candide, de Bernstein, com a Osusp.
Em 2014 cantou Carmen no Municipal do Rio, fez sua estreia como Scarpia em Tosca, de Puccini, no 4º Festival de Ópera de Brasília, e foi convidado para interpretar o personagem Hidraot da ópera Renaud, de Sacchini, com a OSB, na Sala Cecília Meireles.
Leonardo Marques
Fonte: http://www.movimento.com/
Grande artista e querido amigo, Leonardo Páscoa parte prematuramente. Sua arte estava no auge da maturidade bem como sua voz. Nossos sentimentos aos familiares e amigos. Estamos em luto!
ResponderExcluirSua voz era uma explosão em projeção, interpretação e muita técnica. Poucas vezes eu ví um cantor com tantas qualidades vocais. Voz de trovão verdiana é para poucos.
ResponderExcluirInfelizmente no mundo da música lírica são poucos os que se destacam, e alguns poucos que conseguem, parece que se vão antes do tempo...
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