COROS DA OSESP BRILHAM NO REQUIEM DE FAURÉ. CRÍTICA DE MARCO ANTÔNIO SETA NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.

  
    Foto: Escada com uma porta iluminada ao fundo, no canto esquerdo está escrito Requim Fauré. #pracegover
  
   Na noite de 26 de maio, última sexta-feira, apreciou-se na Sala São Paulo o concerto para violino estreado em 2002 da compositora sul coreana Unsuk Chin (nascida em 1961),  composto em quatro movimentos dos quais exigem da solista imenso domínio técnico considerando-se suas dificuldades na escrita da música contemporânea da qual é constituída. Tais dificuldades salientaram-se na necessária troca de uma corda do violino de Viviane Hagner, em execução aberta que solou a peça,  e foi a responsável também,  pela estreia desta com a Orquestra Sinfônica Alemã de Berlim, em 2002 sob a direção de Kent Nagano. A OSESP venceu com margem as combinações inusitadas de escrita e que se sobrepõem aos solos violinísticos, sobretudo em seu movimento III. A solista explorou radicalmente as suas potencialidades com harmônicos, pizzicatos, glissando e efeitos de percussão. 
       Seguiu-se a Missa de Requiem Op. 48 (composta entre 1887/88) do compositor romântico francês Gabriel Fauré (1845-1924) a qual obteve sua première mundial em 12 de julho de 1900 no Trocadero de Paris.    
        Trata-se de uma obra oposta às de Mozart, G. Verdi ou Hector Berlioz nas quais caracterizam-se entre a utopia-vingança e o ardoroso discurso de defesa. Exemplo também é o belíssimo Réquiem de Maurice Duruflé, em sua magnitude e grandiosidade contemporânea do Séc. XX. A poderosa sequência do Dies Irae, em geral a peça central das composições do Séc. XIX não é aqui levada em consideração. As riquezas timbrísticas oferecidas pelos diferentes naipes nos são apresentadas com penetrante delicadeza e sensibilidade interpretativa pelos músicos (aqui da OSESP).  Em grande serenidade e elegância; o conjunto sinfônico não é isento de sombras e com uma regência distinta e harmoniosa de Neil Thomson  a orquestração apresentou-se em noite de gala, com duas sonoras harpas e cordas usuais (com violinos empregados  apenas em parte); os naipes dos sopros de madeira e de metais com quatro trompas, dois trompetes e três trombones (dois tenores e um baixo) mais tímpanos. O órgão, integrante e obrigatório nesta peça, infelizmente quase inaudível nesta execução. 
          Numa partitura onde é importante a relação da palavra com a música, surge através de Fauré, cada inflexão dramática do texto na interpretação dos coros, cabendo um  elogio eloquente aos preparadores dos coros Marcos Thadeu (Coro da OSESP e de sua Academia) e a Teruo Yoshida (Coro Infantil da OSESP) pelo excelente resultado sonoro e interpretativo de Réquiem Aeternam, incisivamente ao Sanctus e ao Libera me. Aos solistas destinam-se três inserções de beleza camerística. O barítono Homero Velho lançou-se com uma voz irregular em sua emissão durante o Offertoire e o Libera me, de importante ação no texto litúrgico. Ao soprano Marília  Vargas, de estilo barroco-renascentista, intérprete de C. W. Gluck, Haendel, Monteverdi e Pergolesi entre outros; não nos pareceu adequada na sua única e linda página "Pie Jesu", de caráter pós-romântico francês. 
             Finalmente o In Paradisum, encerrou com o espírito precioso da delicadeza sonora-auditiva, página de real beleza angelical, reforçando as cores do som como a sua respectiva imagem. Aplausos incansáveis especialmente aos coros e ao maestro  regente. 

Escrito por Marco Antônio Seta, em 27 de maio de 2017.
Jornalista inscrito sob nº 61.909 MTB / SP 

Comentários

  1. O crítico acima,no que se refere à Marília Vargas e seu estilo de abordar esta obra,está por fora.HOJE EM DIA O QUE SE MAIS FAZ NA EUROPA É GRAVAR ESTA PEÇA COM INSTRUMENTOS DE ÉPOCA.Muitas obras românticas e até modernas hoje estão a receber este tratamento ''antigo''.Isaac Carneiro Victal.

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  2. Muito pelo contrário, Marília deu o espírito que o "Pie Jesu" pede, de doçura angelical.

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