LA TRAVIATA PELO TEATRO LÍRICO DE EQUIPE/CIA ÓPERA SÃO PAULO.
A obra prima de Giuseppe Verdi com elenco formado por cantores premiados e participantes do Concurso Brasileiro de Canto Maria Callas. 30 de outubro e 01 de novembro, às 20hs, no Teatro Sérgio Cardoso.
Violetta : Tamara Kalinkina (soprano) *
Alfredo : Rodrigo Kenji (tenor)
Germont: Rodolfo Giugliani e Erick Souza (dia 01) barítono
Flora : Andreia Souza (mezzo)
Annina: Mariana Magatto (soprano)
Gaston/Giuseppe: Ramon Mundin (tenor)
Dr. Greenvil : Rogério Nunes (baixo)
Barão: Marcos Fernandes (barítono)
Marques: Marcello Mesquita (barítono)
Direção musical e regência: Mto André Dos Santos
Direção Cênica: Paulo Abrão Esper
Cenografia: Georgia Massetani
Orquestra e Côro de Câmara da RMVale (Região Metropolitana do Vale do Paraíba).
*Selecionada nas audições na Itália em colaboração junto ao Concurso de Canto Riccardo Zandonai.
Legendas em português.
Você sabia que "La Traviata" (que estará em cartaz no Teatro Sérgio Cardoso entre 30/10 e 01/11) se baseia em uma história real? A Violetta Valéry de Giuseppe Verdi e do libretista Francesco Maria Piave é a Marguerite Gautier do romance "A Dama Das Camélias" de Alexandre Dumas Filho. Marguerite, por sua vez, é o nome que Dumas deu para Marie Duplessis, cujo nome verdadeiro é Alphonsine Plessis (1824-1847), a célebre cortesã parisiense. Marie (ou Alphonsine) teve uma infância pobre e infeliz: quando era criança, sua mãe morreu de tuberculose. Mais tarde seu pai a vendeu para um estudante do Quartier Latin, em Paris.
Segundo Dumas, Marguerite (ou Alphonsine, Marie, Violetta) foi uma 'femme entretenue', uma mulher cuja vida luxuosa era mantida, sustentada por membros da nobreza que se tornavam seus amantes. Dumas, em seu romance, mostra que quando a doença se agravou, Marguerite foi abandonada por seus amantes e pela maioria de seus amigos e, ao mesmo tempo, as dívidas foram se acumulando. É com o leilão de seus pertences, após sua morte, para pagar os credores que tem início a estória de Dumas. Poucos dias antes da data marcada para que os possíveis compradores dessem os lances, a casa de Marguerite foi aberta para visitação a fim de que os interessados pudessem analisar os objetos disponíveis. Dumas narra como as senhoras da sociedade, que sempre evitaram a finada moradora, se aproveitaram da oportunidade para satisfazer sua mórbida e velada curiosidade quanto à vida da odiada cortesã. A oportunidade, segundo Dumas, também foi aproveitada por homens que nunca tiveram chance de dela se aproximar.
Dumas conta a história dessa cortesã que dependia de seus nobres admiradores, que vivia uma vida aparentemente livre e alegre, mas, em seu íntimo, as festas davam lugar à angústia de saber que seus patrocinadores não eram seus amantes por ela, por amor a ela, mas por amor a si mesmos. Realista, tinha plena consciência de que sua vizinha e fiel confidente, com quem que encontrava diariamente, tinha também seus interesses. A isso tudo se somava uma saúde frágil de alguém cuja tuberculose foi a única herança deixada pela mãe.
Foi por essa jovem aparentemente forte e bem resolvida, mas física e emocionalmente debilitada, que se apaixonou o jovem, nada bem resolvido emocional ou financeiramente, Armand Duval — nome que em Dumas ganha o personagem que Verdi e Piave viriam a chamar de Alfredo Germont. Em princípio, Marguerite tinha o domínio da situação e até chegou a estranhar o respeito que Armand manifestava por ela, bem como a preocupação com sua saúdo. Afinal de contas, ela era apenas uma cortesã. Porém, Marguerite não tardou a também se apaixonar por Armand e, por ele, abrir mão de seus amantes e de sua vida luxuosa. Foi a primeira vez que um homem jovem (e não um velho como a maioria de seus amantes) a amava e se preocupava com ela, com sua saúde. “Você me ama por mim e não por você, enquanto os outros sempre me amaram apenas por eles mesmos”, diz Marguerite a Armand.
Quando Marguerite julga que poderá virar a página e partir para uma vida modesta do lado de Armand, surge a figura do pai de seu amante, M. Duval — o Giorgio Germont de Verdi. Em princípio arredio, Duval, após conversar com Marguerite, deixa-se convencer pela sinceridade e boas intensões da ex-cortesã. Porém, explica ele, para a sociedade ela sempre será a cortesã, seu passado nunca será esquecido, ela e Armand nunca serão aceitos e a situação se tornará insustentável. Além disso, ele tem uma filha “pura como um anjo” — bem diferente da maculada Marguerite! — cuja família de seu amado noivo ameaça romper o noivado caso seu irmão, Armand, continue a viver com uma cortesã. Marguerite enxerga que seu sonho era impossível e aceita deixar Armand; consente em se sacrificar por seu amado e por sua pura irmã que teve a sorte de nascer em uma boa família.
Dumas, descrevendo Duval pai como justo, terno com Marguerite e sensato, praticamente o isente de culpa. Ele é apenas um homem medíocre, sem força e coragem para enfrentar a sociedade na qual vive. É essa cruel sociedade, que não permite a mobilidade social, que não dá uma segunda chance, que não precisa conhecer para julgar e condenar, que Dumas culpa pelo sacrifício e morte de Marguerite.
Vale observar que, em Dumas, Armand só fica conhecendo o real motivo da separação quando já é tarde demais. Antes disso, enquanto Marguerite se comporta com humildade e resignação, suportando com dor mas dignidade todas as ofensas que lhe são por ele dirigidas, Armand se comporta de forma grosseira, infantil, como um menino mimado. Na ópera de Verdi, isso tudo é resumido na cena em que Alfredo, diante de todos, atira dinheiro em Violetta.
Dumas transformou seu romance em peça de teatro e Giuseppe Verdi a assistiu em Paris, em 1852, juntamente com Giuseppina Strepponi. Verdi e Strepponi viviam juntos havia algum tempo e não eram casados. Como se isso não bastasse para entortar os olhares da sociedade, Streppini, antes de se unir a Verdi, não contava com boa reputação. É, portanto, perfeitamente possível intuir o que levou o compositor a se encantar com a obra a ponto de prontamente decidir transformá-la em ópera.
(Fabiana Crepaldi.)
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