OS SÓCIOS DOS "PESCADORES DE PÉROLAS" NO THEATRO MUNICIPAL SP. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.
Os teatros líricos do mundo tem a tradição de guardar as montagens e criar um acervo de óperas para apresentações futuras. Como o Brasil não é um país sério essa forma de fazer ópera nunca foi implantada. O que interessa é apresentar uma vez, jogar tudo fora e fazer de novo onerando os cofres públicos. Raras são as remontagens de óperas e quando acontecem sequer seguem a versão original.
Isso ocorre com a apresentação da ópera "Os Pescadores de Pérolas" de Bizet no Theatro Municipal de São Paulo. A primeira versão apresentada em 1995 é diferente da apresentada em 2005 que não é a mesma de 2017. Alguém sempre muda algo e tenta "melhorar" ao seu próprio critério uma obra já pronta. A versão original de Naum Alves, falecido ano passado e homenageado com essa remontagem tem diversos sócios e o atual é João Malatian que dirige a remontagem.
Assisti a versão de 2005 no Municipal de São Paulo, tenho em vídeo a versão de 1995 e vendo a remontagem de 2017 diferenças entre as três.
A escolha dos solistas principais é moleza nesse título, um soprano lírico, um barítono e um tenor. O que é fácil a direção resolve tornar complexo. Escalaram Gustavo Quaresma para o papel de Nadir, o tenor é péssimo em todos os quesitos, voz sem projeção, pequena, técnica deficiente que foge dos agudos como o diabo foge da cruz. Seus colegas tiveram que se conter senão o encobririam com facilidade. Um dos piores solistas que se apresentou no palco do Municipal em todos os tempos. Soube que foi imensamente vaiado na apresentação do dia 03 de Novembro.
David Marcondes é barítono do coro da casa, se não foi estupendo não comprometeu. Com a voz potente extraiu bons momentos do personagem Zurga. Camila Titinger é excelente soprano, inibida com a deficiência técnica do colega se conteve em demasia, quando cantou a personagem Leila em Belém do Pará esteve melhor. Mostrou um timbre lírico com agudos brilhantes sempre evidentes e boa atuação cênica. O soprano tem potencial para muito mais. Matheus França arrebentou, vozeirão com graves encorpados e portentosos deram credibilidade ao personagem Nourabad.
Jamil Maluf conhece bem a obra, lembro que regeu em todas as ocasiões que foi apresentada no teatro, a Orquestra Experimental de Repertório sob seu comando mostrou diversos momentos de brilho e sonoridade luminosa. O Coral Paulistano regido por Naomi Munakata mostrou naipes equilibrados, sempre estático nas intervenções poderia ser melhor aproveitado com melhores movimentações nas cenas.
A esperança é a última que morre! Antes desejávamos um Municipal com óperas guardadas para apresentações futuras, ou seja, um acervo consistente com temporadas sólidas. Agora temos a incerteza onde o teatro está sem diretor artístico e uma temporada que vai acontecendo sem planejamento. Espero que 2018 guarde coisas melhores.
Ali Hassan Ayache
Foto, Camila Titinger em "Os Pescadores de Pérolas", foto facebook.
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