SAUDOSAS TEMPORADAS LÍRICAS OFICIAIS QUE NÃO VOLTAM MAIS ! CRÔNICA DE MARCO ANTÔNIO SETE NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.



         Há décadas costumava-se constatar em nosso Theatro Municipal de São Paulo, e também no do Rio de Janeiro, temporadas líricas inesquecíveis, com a presença de grandes artistas de nível internacional, muitos entre os maiores nomes da cena lírica mundial,  mesclando-se com os melhores da cena lírica nacional do eixo Rio de Janeiro-São Paulo.
          Podemos citar por exemplo a temporada que reinaugurou o Municipal após a grande reforma, que destruiu todos os camarotes de seus  2º e 3º pavimentos, em favor dos atuais balcões nobre e Foyer. Naquele ano foram apresentadas onze (11) óperas,  incluindo-se "Lo Schiavo" que abriu a mesma em 25 de outubro 1955, sob a regência do Mtrº Eleazar de Carvalho e após "Pedro Malazarte", de Camargo Guarnieri, com o próprio compositor regendo Paulo Fortes, Dulce Salles Cunha e João Calil, em estreia paulista desta ópera. 
          No ano de 1957 apresentaram-se 11 óperas com elenco nacional de apoio (orquestra e coral lírico) mesclado com estrangeiros ( Teatro de Opera de Câmara de Buenos Aires) e mais 15 (quinze) óperas a título de temporada lírica da Primavera de 1957, associando-se artistas sul-americanos e os nossos melhores brasileiros; entre cantores, maestros, bailarinos e cenotécnicos, totalizando 26 (vinte e seis ) óperas num só ano. Um récorde ! 
           Aos poucos no entremear dos anos e das décadas, essas temporadas foram se minguando, restringindo-se até comporem-se ao número de 4 (quatro) óperas a serem apresentadas. Ocorreu-se então em 1973, como se vê no anúncio ilustrado neste artigo. Entretanto, há que se assinalar, a seriedade, o comprometimento e o rigor com os títulos, e principalmente com a presença de uma ópera de compositor nacional; o então Antônio Carlos Gomes e a sua "Fosca", brilhantemente defendida alí por Armando Belardi, à frente na direção musical e regência de Ida Miccolis no papel título, uma incomparável intérprete da Fosca, circundada pela tão grande Agnes Ayres, mais Zaccaria Marques, Constanzo Mascitti, Mario Rinaudo, Benedito Silva e Sebastião Sabiá, cujas  apresentações deram-se em 28 e 20 de setembro de 1973, em comemoração ao centenário da 1ª récita (estreia) no lendário Teatro alla Scala, de Milão. (Registro fonográfico (CDs) pirata desta produção,  esgotado).   
            O empresário Alfredo Gagliotti brindava São Paulo, com a presença de artistas de conceituação na Europa e Estados Unidos, sempre que possível, conduzindo até nós,  grandes nomes da cena lírica internacional. Merecido destacar, que Carlos Gomes, figurava sempre em tais temporadas com seus célebres títulos, tão menosprezado nas últimas décadas neste Brasil. 
            E pensar que em 2018, esperamos somente pelas mesmas quatro óperas, não nos esquecendo de que uma delas:  "Pelléas et Mélisande" é uma reapresentação da produção de 2012. Note-se que a "Yerma", de Villa-Lobos, nunca foi apresentada em nosso Theatro Municipal. Pobre Villa-Lobos ! nosso maior compositor...

Escrito por Marco Antônio Seta, em 27 de março de 2018.
Jornalista inscrito sob nº 61.909 MTB /SP
Diplomou-se pela FCL e em piano no Conservatório Dramático e Musical, "Dr. Carlos de Campos", em Tatuí, SP. Licenciado em Artes Visuais pela UNICASTELO. 


Comentários

  1. Helly-Anne Caram Foi muito bôa essa temporada!!
    Gian Giacomo Guelfi foi um dos impressionantes Scarpias que ja vi! Aí, claro, êle jantou conosco.
    Uma pessoa muito simpática!!
    Me lembro das óperas daquele ano! Saudades!

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