ESTREIA BRASILEIRA DA "MISSA" DE LEONARD BERNSTEIN. CRÍTICA DE WILLIAM CARDOSO ABREU NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.
Leonard Bernstein, foto Internet.
Ainda estou sob o efeito da apresentação do último sábado da MISSA de Leonard Bernstein pelos grupos que compõe o Theatro Municipal de São Paulo em comemoração ao centenário de nascimento do compositor.
Comissionada por Jacqueline Kennedy para inauguração do John F. Kennedy for Performing Arts em Washington no ano de 1971, a obra mescla aos ritos da missa católica personificados pelo Celebrante e os fiéis interpretados pelos Coros tradicionais às intervenções de um Coro de rua, nesse caso personificando os cidadãos comuns e suas contestações com relação à religião e aos acontecimentos no mundo. Há ainda citações a ritos judaicos e à crença de forma geral e como ela se insere na sociedade contemporânea.
O efetivo para apresentar uma obra desse porte é imenso. Subiram ao palco do Theatro Municipal mais de 300 artistas compostos pela Orquestra Sinfônica Municipal sob regência do maestro Roberto Minczuk, o Coro Lírico, Coral Paulistano, o Coro Infanto-juvenil da Escola Municipal de Música de São Paulo e os Solistas do Opera Studio da Fundação Theatro Municipal. A direção cênica ficou a cargo de João Malatian com Iluminação de Mirella Brandi.
A qualidade do barítono Michel de Souza no início da obra, onde o Celebrante canta a belíssima canção “A Simple Song”. Seu timbre é adequado ao papel e sua interpretação já ganhou o público no início do espetáculo. Ele soube trabalhar muito bem a personagem, que se modifica na medida que é contestado pelos demais, de modo que sua fé passa a ser abalada pelos acontecimentos ao longo da obra.
Nessa canção em especial deve-se destacar o desempenho da excelente flautista Cássia Carrascoza da OSM posicionada no Foyer nesta primeira parte.
A medida que a obra evolui podemos destacar o excelente desempenho de todos os grupos, a força dos coros posicionados no fundo do palco, o virtuosismo da Big Band, da banda de Blues e de Rock, tudo isso mesclado ao som encorpado da OSM, que performance!
É louvável a excelente qualidade dos solistas do Opera Studio, tiveram todos ótimo desempenho, belíssimos solos de todos os envolvidos no coro de rua que é protagonista durante toda a obra. Foram especialmente arrebatadores nos movimentos “I Believe in God” e especialmente no “Agnus Dei” que foi literalmente de tirar o fôlego.
Ao final da apresentação a ovação do público era justificada. Uma obra dessa complexidade com uma interpretação em alto nível com solistas brasileiros é de se louvar.
Inacreditável que nunca tenha se concretizado a apresentação da Missa de Bernstein em ocasião anterior em nosso país. Mesmo tendo uma aluna de Bernstein no comando de uma das maiores orquestras desse país.
O Theatro Municipal de São Paulo parece finalmente estar na direção correta após os escândalos da última gestão.
Bravo para a OSM e para o maestro Roberto Minczuk por fazer deste um concerto inesquecível.
Basta dizer que quem foi, foi.
William Cardoso Abreu
Com licença,já que se trata de uma estreia gostaria de dizer que essa é uma obra bem louca,uma Missa que foi composta como se fosse uma peça de teatro musical,onde fica evidente que o autor se dá melhor compondo música popular,também parece ser a política dos anos 60 que está na ordem do dia não a liturgia.Já que esse evento aconteceu em São Paulo,cidade mais direitista do Brasil junto com Curitiba,é preciso dizer que Bernstein foi classificado como "radical chic" pelo jornalista Tom Wolfe,por ostentar publicamente apoio ao Partido socialista e revolucionário dos Panteras Negras na época em que escreveu essa obra,apesar de como artista e como homem sempre foi alguém do sistema,mesmo sendo bissexual,judeu e tendo se casado com uma latina,a chilena Felicia Montealegre.O autor de West Side Story também estava na lista negra do senador Joseph McCarthy,gostaria de frisar tem muito de macartismo o momento atual no Brasil,PRINCIPALMENTE EM SÃO PAULO.O famoso maestro Fritz Reiner por sua vez chamava Bernstein de Leonard Ass Burns(Leonardo Fogo no Rabo),a famosa soprano Berverly Sills recordou isso enquanto apresentava o concerto festivo para comemorar os 70 anos do regente,esta apresentação pode ser vista completa no YOUTUBE e está cheia de estrelas como Rostropovich,Midori,Ozawa,Yo Yo Ma,Jerry Hadley,John Willians,John Mauceri,Patti Austin,Christa Ludwig,Frederica Von Stade,Tilson Thomas...Isaac Carneiro Victal.
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