"LA TRAVIATA", JUSTIFICA OS APLAUSOS NO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO. CRÍTICA DE MARCO ANTÔNIO SETA NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.

   
O libreto de Francesco Maria Piave , baseado no célebre escritor Alexandre Dumas Filho, nas páginas de "A Dama das Camélias",é de indiscutíveis méritos e, após o êxito de "Rigoletto" e "Il Trovatore", ambas compõem a Trilogia que imortalizou Giuseppe Verdi (1813-1901) no mundo da cena lírica, somando-se "La Traviata" que teve a sua premiere em 06 de março de 1853, no Teatro La Fenice , em Veneza, com problemas na encenação. Depois em 06 de maio de 1854, no Teatro San Benedetto, também em Veneza, os cantores daquela récita, projetaram La Traviata ao mundo, como uma das mais encenadas no Universo, quer pela sua beleza cênica, pelo enredo enternecedor e pela maravilhosa música de Verdi, os quais garantem os aplausos do público que acorre e lota os teatros que a produzem. 
      Roberto Minczuk deu leitura cheia de contrastes, muitas vezes favorecendo à cantora do 2º cast  (domingo dia 13); pelas suas dificuldades facilmente reveladas logo no dueto Un di, felice, eterea no 1º ato; de resto imprimiu a sua opção interpretativa com nuances específicas em linhagem própria e delicada, a nossa Orquestra Sinfônica Municipal
       Jorge Takla optou por uma encenação dentro de seu contexto "de época" respeitando a sua originalidade com certos ares mais modernizados. O resultado é muito bom, inteligente e fiel à origem do enredo. Homem de teatro que é, acertou em cheio. Somam-se a ele, os adequados cenários com lindos espelhos laterais, lustres, abajoures, e alguns adereços bem apontados pelo regisseur e cenógrafo Nícolás Boni, com luz de Fabio Retti, e figurinos de Cassio Brasil, luxuosos e de fino gosto, sobretudo os de Violetta e Flora Bervoix, ricos e de impacto visual. 
        Papel de primeira grandeza e categoria é o de Violetta Valéry. No domingo, 13 de maio, estreou o soprano argentino Jaquelina Livieri. Como atriz cresceu ao longo da récita, a qual iniciou um tanto deslocada com a grandeza cênica; musicalmente porém, é inadequada considerando-se as dificuldades de seu imenso papel. Seu registro não é de agilidade, com fraseado desigual, fragmentando as frases, fracionando-as, espedaçando-as deselegantemente. Seu italiano apresenta deficiências, ademais desafina frequentemente e não possui o registro de lírico coloratura, indispensável e necessário para a cabaletta "Sempre libera", que sucede a ária Ah forse è lui, célebres na interpretação dos grandes sopranos líricos de coloratura, ou de soprano dramáticos de coloratura (Maria Callas, Shuterland, Beverly Sills, Anna Moffo, Pilar  Lorengar,  Virgínia Zeani, M. Caballé, Adelaide Negri, e nossa inesquecível  Agnes Ayres (1ª dama do teatro lírico nacional) entre outras. Ao contrário, a Violetta de Nadine Koutcher (dia 14); soprano de coloratura natural de Minsk, na Bielorrússia, ela é excelente;  demonstrando domínio absoluto e perfeita técnica  da sua performance. Já conhecia a sua magistral execução de "Lakmé", "Lucia" ou "Le Coq D'Or" designados a um verdadeiro soprano de coloratura. Recebeu do paulistano a maior ovação da noite. 
      O tenor russo Georgy Vasiliev (Alfredo) apresenta voz pequena, timbre fosco, em sua ária De' miei bollenti spiriti, o cantor não conseguiu driblar a plateia tampouco em sua cabaletta, O mio rimorso! O infamia, que findou um mal lançado do natural,  ignorado pelo público. Fernando Portari é mais ator que o primeiro, impetuoso ator, apelou o quanto pode; mas já apresenta o declínio de sua voz em carreira de trinta anos transcorridos. Lembro-me de seu Almaviva em Barbiere di Siviglia, 1991 com Eloísa Baldin neste Teatro Municipal.  
      Paulo Szot faz um Giorgio Germont de muitas qualidades. Representou e cantou bravamente o dueto com as duas Violettas,  <Pura siccome un angelo / Morrò ! La mia memoria >, intenso, musical  e introspectivo; na sua ária Di Provenza il mar, il suol, deu um fraseado de qualidades superiores em timbre cálido. O público ofertou-lhe forte ovação por bela  "performance". 
       No " supporting cast " apreciamos a boa projeção vocal do mezzo soprano Juliana Taino nas vestes de bonita Flora Bervoix; Miguel Geraldi (tenor, Gastone de Letorieres); Daniel Lee, um elegante Barão Douphol; Rogério Nunes numa expressiva voz de baixo cantante (Dr. Grenvil). Colaboraram ainda Leonardo Pace Thayana Roverso, Felipe Bertol e Vitor Mascarenhas, todos muito bem preparados. Bela a coreografia de Dany Bittencourt (Cisne Negro Cia de Dança) embora dançando em espaço tão atravancado e mesquinho. O Coro Lírico poderia ceder-lhe maior espaço cênico, mas não o concede jamais; este preparado com precisão musical, marca registrada de suas atuações nas óperas. Com certeza brilhará em "Turandot", com suas vozes volumosas, encorpadas e timbradas.  


Escrito por Marco Antônio Seta, em 16 de Maio de 2018. 
Jornalista inscrito sob nº 61.909 MTB / SP formado pela FCL.
Diplomado em Piano, História da Música, Harmonia e Contraponto no Conservatório Musical "Dr. Carlos de Campos", em Tatuí, SP.
Licenciado em Artes Visuais pela UNICASTELO, São Paulo/SP.  



La traviata, fotos Internet.

Comentários

  1. Que crítica mal-feita, tão mal-escrita, com tantos galicismos desnecessários, que pedantismo atroz!

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