CARMEN, A CIGANA MAIS POPULAR DA ÓPERA NO ROYAL OPERA HOUSE. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.
A obra prima de Bizet tem produção do teatro londrino Covent Garden. Minha primeira Carmen em vídeo foi gravada naquele teatro. A "bocuda" Maria Ewing e Luis Lima fizeram o par romântico naqueles tempos.
Produções envelhecem, e hoje temos uma nova leitura dessa ópera. Digo de antemão que vai ser difícil descrever a riqueza de detalhes desse vídeo. A produção opta por uma versão verista da ópera: violência e amor, lado a lado, explodem nos personagens a cada segundo. Lilas Pastia transformado em uma taverneira; nas danças espanholas do segundo ato temos umas gordinhas sacanas que bailam melhor que bailarinas magricelas.
As cores evocam o laranja. A luz segue a mesma trilha, os figurinos acertados mostram a rudeza e a classe social dos personagens. A versão apresentada é da Opera Comic, ou seja, com os diálogos falados. Bem amarrados e estruturados, dão coerência e fluência à ópera. Os contrabandistas chegam a fazer piada dos ingleses.
O diretor faz uma leitura pessoal da obra. Don José aparece no "xilindró ", na abertura do primeiro ato, com cara de arrependido e tendo na mão a flor que a Carmen lhe jogara: conta-se o fim no início da ópera. Movimenta os personagens, dá dinâmica e os faz atuar. Não entendo o porquê de ter cortado a primeira cena do quarto ato. Concordo que ela não acrescenta nada à trama, mas a música é de uma beleza incontestável.
Anna Caterina Antonacci é um dos melhores mezzos-sopranos da atualidade. Conheci sua voz e sua atuação em Les Troyens, de Berlioz, ao vivo mostrou excelência vocal na obra "A morte de Cleópatra" de Berlioz na Sala São Paulo com a OSESP. Foi amor à primeira vista. Sua Carmen explode em fortes emoções, sempre no limite: Apaixonada , volúvel, violenta, independente e fogosa. Essas são algumas características que ela expressa com uma voz escura, graves generosos, volumosos e maravilhosa atuação cênica. Ao seu lado está Jonas Kaufmann, tenor de voz potente: faz um Don José violento, obcecado pela cigana, que larga tudo por amor a ela e quebra a cara. Como diz Escamilo, os amores da Carmen duram seis meses, no máximo.
Norah Ansellem faz uma Micäela esperta demais. Sempre vi essa personagem como inocente, no frescor da juventude e inocência. Sua voz é demasiado escura e pesada para a pobre garota do interior que quer se casar. Ildebrando D'Arcangelo é barítono das antigas, os graves predominam. Vozeirão possante, másculo, vibrante. Seu Escamilo tem a cara do personagem. Já vi muitos escamilos gordinhos e passando da idade para um toureiro. Nesse papel, meu preferido ainda é o barítono brasileiro Paulo Szot.
A regência de Antonio Pappano realça as cores e os detalhes da partitura. Tempos corretos e uma orquestra experiente de músicos levam a uma audição agradável. Som e imagens de gravação digital sempre são muito bons, esse caso não foge à regra. Faltaram os extras, como entrevistas com os cantores e diretores e como foi feita a produção. Se vc gosta da ópera Carmen, tem que assistir a esse vídeo, vai virar referência.
Produções envelhecem, e hoje temos uma nova leitura dessa ópera. Digo de antemão que vai ser difícil descrever a riqueza de detalhes desse vídeo. A produção opta por uma versão verista da ópera: violência e amor, lado a lado, explodem nos personagens a cada segundo. Lilas Pastia transformado em uma taverneira; nas danças espanholas do segundo ato temos umas gordinhas sacanas que bailam melhor que bailarinas magricelas.
As cores evocam o laranja. A luz segue a mesma trilha, os figurinos acertados mostram a rudeza e a classe social dos personagens. A versão apresentada é da Opera Comic, ou seja, com os diálogos falados. Bem amarrados e estruturados, dão coerência e fluência à ópera. Os contrabandistas chegam a fazer piada dos ingleses.
O diretor faz uma leitura pessoal da obra. Don José aparece no "xilindró ", na abertura do primeiro ato, com cara de arrependido e tendo na mão a flor que a Carmen lhe jogara: conta-se o fim no início da ópera. Movimenta os personagens, dá dinâmica e os faz atuar. Não entendo o porquê de ter cortado a primeira cena do quarto ato. Concordo que ela não acrescenta nada à trama, mas a música é de uma beleza incontestável.
Anna Caterina Antonacci é um dos melhores mezzos-sopranos da atualidade. Conheci sua voz e sua atuação em Les Troyens, de Berlioz, ao vivo mostrou excelência vocal na obra "A morte de Cleópatra" de Berlioz na Sala São Paulo com a OSESP. Foi amor à primeira vista. Sua Carmen explode em fortes emoções, sempre no limite: Apaixonada , volúvel, violenta, independente e fogosa. Essas são algumas características que ela expressa com uma voz escura, graves generosos, volumosos e maravilhosa atuação cênica. Ao seu lado está Jonas Kaufmann, tenor de voz potente: faz um Don José violento, obcecado pela cigana, que larga tudo por amor a ela e quebra a cara. Como diz Escamilo, os amores da Carmen duram seis meses, no máximo.
Norah Ansellem faz uma Micäela esperta demais. Sempre vi essa personagem como inocente, no frescor da juventude e inocência. Sua voz é demasiado escura e pesada para a pobre garota do interior que quer se casar. Ildebrando D'Arcangelo é barítono das antigas, os graves predominam. Vozeirão possante, másculo, vibrante. Seu Escamilo tem a cara do personagem. Já vi muitos escamilos gordinhos e passando da idade para um toureiro. Nesse papel, meu preferido ainda é o barítono brasileiro Paulo Szot.
A regência de Antonio Pappano realça as cores e os detalhes da partitura. Tempos corretos e uma orquestra experiente de músicos levam a uma audição agradável. Som e imagens de gravação digital sempre são muito bons, esse caso não foge à regra. Faltaram os extras, como entrevistas com os cantores e diretores e como foi feita a produção. Se vc gosta da ópera Carmen, tem que assistir a esse vídeo, vai virar referência.
Ali Hassan Ayache
Comentários
Postar um comentário