OUSADIA, UNIÃO E VOZES : ROMEU E JULIETA DIGNA DE APLAUSOS. CRÍTICA DE THIAGO TORRES NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.



Como produtor cultural acompanho a ousadia há anos deste incansável Paulo Ésper em prol da ópera em nossa cidade que, com seu habitual carisma e invejável conhecimento, consegue realizar seus projetos
Tudo isso fez de sua última montagem, a obra prima de Charles Gounod, Romeu e Julieta brilhar com casa cheia nas duas apresentações no Teatro Sérgio Cardoso, nos dias 04 e 05 de outubro. Aliás este teatro que já abrigou a montagem de La Traviata ano passado, também produzida pela Cia Ópera São Paulo de Paulo Ésper, vem se tornando uma outra opção para os melômanos, aficionados e leigos em ópera .
A ousadia na direção de cena feita por Edna Ligieri, diretora de teatro e especialista em Shakespeare, conseguiu dar uma movimentação constante aos cantores, em meio a uma cenografia sugestiva e simples ao mesmo tempo, criada por Giorgia Massetani.
A Orquestra Sinfônica de Santo André, sob a batuta experiente do maestro Abel Rocha, conseguiu transmitir toda a doçura da partitura de Gounod e, quando necessário, o poderio instrumental exigido pela partitura. Menção especial merece o pequeno mais competente Côro.
Não precisava de mais nada, o público queria mesmo era ouvir, como propagado, os participantes do já consagrado Concurso Brasileiro de Canto Maria Callas que a cada ano se supera em qualidade e consegue ajudar na formação e experiência dos nossos jovens cantores líricos que buscam nesta difícil mas saborosa profissão, um lugar ao sol. Mais uma façanha de Paulo Esper.
A união da APAA-Associação Paulista dos Amigos da Arte e do Istituto Italiano di Cultura de São Paulo vem garantindo a cada ano uma estrutura mais bem elaborada às produções. Somaram-se este ano uma vez mais o apoio da Santa Marcelina com seus figurinos escolhidos e complementados por Laura Françozo . Tudo isso fez brilhar Romeu e Julieta.
Na récita do dia 04, o tenor italiano Riccardo Gatto (prêmio Cia Ópera São Paulo no Concurso Riccardo Zandonai em Riva del Garda) desenhou um Romeu apaixonado e integrado com uma voz potente, principalmente nos agudos, ao lado de Jéssica Leão (terceiro prêmio feminino na edição do Callas deste ano), que teve sua melhor atuação vocal nos primeiros atos, devido a uma voz mais ligeira. Ambos agradaram a um público atento também às demais vozes do enorme elenco do qual destacamos a atuação de Albert Andrade como Mercutio, Gustavo Lassen nos papéis de Frei Laurent e Duque de Verona, Andreia Souza como Gertrude, Ana Meirelles como Stephano e Rafael Stein como Tybald.
Já no dia 05, o tenor Daniel Umbelino (primeiro prêmio masculino no Callas de 2017) e a soprano Marily Santoro (prêmio Cia Ópera São Paulo no Concurso da cidade de Sarzana), fizeram o público delirar com suas brilhantes atuações. Umbelino dono de uma voz homogênea e potência vocal e Santoro com um timbre aveludado de soprano lírica.
Ansiosos esperamos a edição 17ª do Concurso Maria Callas em 2019 e a montagem já anunciada de Madama Butterfly de Giacomo Puccini.

Thiago Torres

Comentários

  1. Tive o prazer e a felicidade de estar presente e me deliciar com a apresentação primorosa dos atores e da sinfônica de Santo André. Tudo lindo, o cenário, a movimentação dos atores e as vozes, enfim, uma noite inesquecível. Parabéns aos responsáveis por tão belo trabalho.

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