"TEATRO MUNICIPAL À DERIVA". PELA PRIMEIRA VEZ NA VIDA A REVISTA CONCERTO DEIXA SER CHAPA BRANCA.
Theatro Municipal de SP, centro e plateia, Foto internet.
Por incrível que pareça Nelson Rubens Kunze, editor da Revista Concerto, fez um artigo isento onde detalha a atual crise no Theatro Municipal de São Paulo. Essa é a primeira vez que alguém dessa publicação escreve algo que não seja chapa branca. Como sou proibido de publicar o texto nesse blog segue o link ao lado: "Teatro Municipal à deriva." é só clicar e ler.
O Blog de Ópera & Ballet é um severo crítico da Revista Concerto, mas reconhece quando a mesma produz um texto isento e de interesse público. Espero que essa linha editorial se mantenha no decorrer do tempo.
Ali Hassan Ayache
É por que a situação está tão feia que não há como esconder,mesmo assim o senhor Kunze fez vários malabarismos,na minha opinião.Num parágrafo chega a uma conclusão parecida com a que o Ali chegou neste blog tempos atrás,terminando concluindo:"É um monstro de duas cabeças,indomável".Depois arruma um jeito de encaixar a sua eterna cantilena,sua visão estritamente formal e legalista da coisa.Afirma acerca do contrato "ter sido feito por meio de uma legislação bem mais liberal e menos rigorosa"(reparem no pleonasmo) mas não apresenta evidência nenhuma desta afirmação,Depois diz "o novo chamamento incorre no mesmo erro ao não propor a parceria pelo modelo de Organização Social que vigora na esfera estadual.De novo teremos um contrato débil".A questão é que ele não expõe claramente qual é essa debilidade e já apresenta uma conclusão e quais seriam as consequências possíveis desse "contrato débil".Incorre aqui na falácia de petição de princípio.
ResponderExcluirSó ao seu Kunze viria a ideia de que as diferenças entre o Municipal e a OSESP estão tão relacionadas assim à questões burocráticas e contratuais.A OSESP grava vários discos por ano,se apresentava no exterior todo ano,recebe todo ano regentes e solistas internacionais,possui uma reputação a zelar.O Municipal tem fama internacional de um teatro caloteiro.O principal é que manter uma boa orquestra normalmente sai mais barato e é mais simples que a produção de ópera de ballet de nível internacional,dado o envolvimento no segundo caso não só de músicos mas de cenógrafos,figurinistas,maquiadores,bailarinos etc,parece óbvio.A OSESP deve ser preservada,enquanto por ex. a banda sinfônica pode perder a verba toda e deixar de existir,não vai ter uma grita popular por causa de uma banda sinfônica,isso é o que calculam.
O mais incrível é uma pessoa acreditar no respeito aos contratos,ainda mais num país como o Brasil.O próprio Neschling falou que o modelo das OS não é garantia de nada se não quiserem mais liberar a verba.Quem paga é quem manda,simples assim.A verdade é que tivemos temporadas bem luxuosas e caras na época do Neschling,depois veio o corte de verbas do governo e dos mecenas privados,então noticiaram um escândalo,em meio a essa confusão passaram 9 meses sem encenar uma ópera sequer e agora veremos esse novo quiprocó provavelmente emperrando o funcionamento da casa novamente.Esse texto do seu Kunze parece que foi escrito por um advogado.Encobre as disputas de poder,está óbvia a queda de braço nesse caso.Quem ignorar isso não vai entender nada.Como já venho falando,está cada vez mais difícil produzir arte nesse país e a classe artística é uma das que mais será atingida pelo governo atual.Ela é inimiga de quem está no poder,é o caso tanto de um Chico Buarque quanto de um sem número músicos de grandes orquestras e solistas,bailarinos,atores e maestros.Isaac Carneiro Victal.
Destaco que essa inimizade está muito mais ligada à posição frágil que o artista e as pessoas ligadas à cultura ocupam na sociedade do que ao fato de se aderir individualmente ou não a um determinado programa político.Vide a célebre altercação entre o moderado reitor da universidade de Salamanca,Miguel de Unamuno e o general franquista José Millán-Astray,intermediada pela esposa do ditador,Carmen Polo de Franco apodada "la Collares".O erudito foi encurralado por fascistas no contexto de uma celebração intitulada "Fiesta de la Raza" (dia do descobrimento da América e atualmente "Dia de la Hispanidad")que gritavam consignas tais como "Viva la muerte!"Ante tal paradoxo,o reitor criou coragem e foi para cima;foi impedido de continuar falando diante da multidão exaltada,principalmente contra os vascos(como era o caso de Unamuno) e catalães, além de ter de escutar do general Astray a sentença de "Muera la intelectualidad traidora,viva la muerte",ou segundo outras fontes "Muera la inteligencia!Viva la muerte!"De fato o reitor morreu 2 meses depois,tempo este passado em prisão domiciliar.Esses fascistas odeiam a cultura em geral.Atualmente conseguiram eleger alguns deputados provinciais do partido Vox em Andaluzia,o primeiro grupo político abertamente franquista a conquistar cadeiras parlamentares em muitos anos na Espanha,foram inclusive felicitados por Marine Le Pen,a mesma que disse que o governo eleito no Brasil é extremista demais para ser copiado na Europa.Isaac Carneiro Victal.
ResponderExcluirCorreção "relacionadas assim às questões burocráticas e contratuais".Só gostaria de lembrar,como o Ali já afirmara,esse senhor é dono não só da revista Concerto mas de um estabelecimento comercial dentro da Sala São Paulo.Também eu por outro lado remarquei as viagens contantes para Salzburgo,Berlim e até destinos exóticos como Dubai e Cartagena dos críticos dessa revista que escrevem textos direto desses lugares.Eles são muito mais poderosos que a gente,sei muito bem que boas ideias e argumentos bem concatenados não tem valor algum,eu mesmo não consegui nada na vida por meio disso.Acontece que eu não presto para nada,só sei fazer essas polêmicas mesmo,eu adoro isso!Na vida social tento ser o mais amável possível com todos,na medida do possível,mas no mundo da cultura,ser condescendente é contraproducente.Isaac Carneiro Victal.
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