BALLET DO TEATRO MUNICIPAL : UMA CRISE SEM FIM. ARTIGO DE TATIANA LESKOVA NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.
Depoimento da grande mestra e maior autoridade da dança clássica no país, Tatiana Leskova, e que em diversos períodos dirigiu o Ballet do Theatro Municipal do RJ, sobre a grave crise dos últimos anos que praticamente inviabilizou a continuidade, nos atuais moldes funcionais de carreira pública, daquele que sempre foi considerado o mais importante grupo oficial de dança clássica do Brasil.
“Depois de ler com grande interesse o artigo publicado nesta data (22/02) no jornal O Globo sobre o Theatro Municipal, gostaria de poder dar uns detalhes especificamente voltados sobre um dos seus chamados Corpos Estáveis, o Ballet! Atualmente e infelizmente este Corpo Estável existe só no papel, com uma lista carregada de aproximadamente 90 a 95 bailarinos, mas na realidade contando apenas com mais ou menos 20 bailarinos e bailarinas em reais condições de se apresentarem no palco.
É uma verdade extremamente difícil de se aceitar, mas esta realidade deve ser revelada e aceita.
O verdadeiro Corpo de Baile não existiu mais durante estes últimos anos, a não ser por uma meia dúzia de bailarinos talentosos e capazes e pela possibilidade de ter podido contratar uns 20 bailarinos por temporada nesta década. Que só assim, com este recurso, possibilitou programar as Temporadas, pois sem ele teria sido impossível apresentar qualquer espetáculo, digno do nome e da tradição de Corpo de Baile do Teatro Municipal!
Ultimamente, nem com esta solução se pode contar mais, além do limite que resta de bailarinos capazes e que estão paralisados, por falta de um mínimo de condições necessárias para completar o Corpo de Baile e viabilizar qualquer espetáculo a ser apresentado no palco do Teatro Municipal. Afinal, alguns de nossos melhores bailarinos estão licenciados e contratados no exterior e, com certeza, a maior parte deles já desistiu! Talvez nem voltem mais!
Mas o número de 90 bailarinos nada mais é que um espectro! Para os olhos alheios, estranhos à máquina pública, alguns destes até poderiam já ter se aposentado para liberar vagas mas preferem ficar parados aguardando completar 70 anos. Enquanto isto o Corpo de Baile vai cada vez mais se deteriorando.
Hoje em dia é totalmente impensável se manter o Corpo de Baile neste esquema arcaico moldado pelo funcionalismo público, seria melhor privatizar e se contratar de forma profissional, com contratos anuais e meritocracia. Seria melhor para todas as partes e principalmente apresentaria, sem dúvida alguma, um melhor resultado para nossa cultura."
Tatiana Leskova
Dona Leskova,no mundo inteiro é o governo que está por trás de encenações de ópera e apresentações de ballet.Que lucro um empresário iria obter colocando dinheiro em casa de ópera?Isso nunca existiu no mundo,um teatro desses totalmente sob administração privada.Isaac Carneiro Victal.
ResponderExcluirA Opera de Paris recebe apoio do estado somado a grandes contribuições de empresas e particulares que as descontam em seus impostos. O Metropolitam Opera House de NY
Excluiré uma instituição mantida totalmente por grandes empresas e grandes fortunas de particulares com valores a partir de 20 doláres, como um grande amigo meu fez durantes anos, quando trabalhava em NY.
Isso do Metropolitan é mentira,bem como todas as as instituições culturais americanas,ele recebe sim muitas doações de gente rica que na verdade procura fugir do imposto sobre heranças multi milionárias que é altíssimo nos Estados Unidos,ao invés de pagar o imposto o governo obriga a fazer essas doações,não possuem outra alternativa.Fazem graça com o chapéu alheio e ainda colocam o nome deles em universidades,bibliotecas,museus,salas de concerto etc.No final fazem propaganda de si mesmos como grandes benfeitores,depois de enriquecerem às custas de muito lobby,pois esta é uma prática totalmente legalizada e corrente nesse país em questão.Isaac Carneiro Victal.
ExcluirVamos falar falar a verdade,só para alguns direitistas brasileiros como o famigerado chanceler Ernesto Araújo,os Estados Unidos servem de referência cultural para alguma coisa.Eles só compram tudo do bom e do melhor e levam para o país deles,assim como fez o magnata William Randolph Hearst ao construir seu Castelo Hearst na California,a mais impressionante obra de arquitetura em terra yankee a meu ver.O edifício principal desse castelo,intitulado Casa Grande,nada se parece com aquele estilo da Disney,bem como todo o complexo,quase nada tem de anglo-saxão.Esse é um caso de um rico americano com gosto artístico,mas em geral as cidades americanas são a coisa mais feia e tediosa que o dinheiro pode erguer,qualquer cidadezinha desconhecida no leste europeu tem muito mais arte que a maioria das metrópoles norte americanas.Além disso vivem as ruas da maioria dessas urbes completamente vazias de pedestres o ano inteiro,tais como cidades-fantasma,pois os gringos na sua sua maioria apenas se deslocam em veículo particular.Isaac Carneiro Victal.
ExcluirD. Tania, a situação é muito mais complexa do que parece. Mesmo aposentados, nossas vagas não têm sido preenchidas porque não abrem concursos públicos como os que sempre houveram no nosso tempo.
ResponderExcluirNa minha opinião, não se trata de privatizar, mas de tornar autônomo o Theatro, de modo a que seus presidentes e diretores não tenham comprometimento com os sucessivos grupos políticos que administram o Estado.
Nada se pode fazer se um Presidente de uma Fundação de caráter cultural não tem carta branca para modificar regulamentos internos ultrapassados, não têm carta branca para escolher a direção e vão se guiando sempre por uma mentalidade política que matará qualquer modelo de administração daquela Instituição.
Veja agora. Quem é nosso Secretário de Cultura? Que bagagem artístico/cultural ele carrega? Ao que eu saiba pertence ao mesmo grupo daquele secretário que nunca tinha ouvido falar em Bertold Brecht - uma das maiores vergonhas vividas pelo Rio de Janeiro. Começando por aí, a quem este novo secretário nomeou como presidente da Fundação Theatro Municipal e, não contente, também da Sala Cecília Meireles , até então, sempre dirigida por artistas de reconhecida competência? E este novo Presidente sabe o que de ballet clássico? Nada de nada. Seja como empresa, seja como órgão governamental, com esse tipo de gente não chegaremos a lugar nenhum. Junta-se com grupinhos de amigos oportunistas e os nomeia sem a maior sem-cerimônia. Não pergunta nada a ninguém da área. O Corpo de Baile (que agora virou sinônimo de Comissão de Frente de Escola de Samba) precisa de um estatuto interno, específico, que abranja as peculiaridades de uma profissão tão difícil quanto desconhecida de todos, como é o ballet. Quem terá coragem, brio, determinação, desprendimento, para elaborar, com o próprios corpos artísticos o Estatuto Interno do Theatro Municipal do Rio de Janeiro? Quem terá capacidade de fazer com que uma companhia estável não seja estática, parada no mesmo lugar, vivendo num país continental, com teatros lindos, que proporcionaria espetáculos para a companhia o ano inteiro? Estou dando uma sugestão, porque muito mais coisa poderia ser feita, independentemente de modelo de gestão.
A senhora, D. Tania, é uma mulher admirável na sua capacidade de ainda se preocupar com o ballet no nosso Theatro e eu agradeço, mas farei 72 anos, não me lembro da vida sem ballet. De há muito penso nisso, mas nunca consegui ser ouvida. Um beijo carinhoso para a senhora.
Minha querida nos anos 70 muitos bailarinas e bailarinas se recusaram a aceitar a migração para CLT e abandonaram Theatro Ballet...Depois tiveram que arrumar um advogado para retornarem a serem funcionários públicos novamente...E alguns nunca mais retornaram aos palcos e assim perderam uma brilhante carreira artística futura. Lembra-se?
ExcluirTMRJ é refem como outros aparelhos públicos, isso há décadas de um grupo político que tomou o estado para sí, ao mesmo tempo em que a população e a classe artística da "cidade maravilhosa" finge não ver e não saber de nada calados, talvez iludida pela mídia local com poder nacional tendenciosa que tbm tem interesses em controlar a seu modo o estado. A situação torna-se insustentável, muitos desmandos e falta de verba; "privatizar" talvez não seria o melhor, porque cairemos em sei lá que mãos e quais interesses... Mas como nossa sociedade vem se tornando expert em ter opinião e solução para tudo e todos através da internet (midias sociais), acredito que breve tudo seja resolvido... Deus continue protegendo o TMRJ.
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