CRÍTICO FELIZ É AQUELE QUE ESCREVE SOBRE ÓPERA. O BARBEIRO DE SEVILHA NO THEATRO MUNICIPAL DE SP. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.

   
   Estreou a primeira ópera da temporada no Theatro Municipal de São Paulo. O problema é que ninguém sabe quando será a próxima, ou se existirá próxima. Críticos de ópera felizes são aqueles que se concentram e escrevem sobre os espetáculos em si. Nós no Brasil somos poucos e temos que nos preocupar em reclamar das lambanças administrativas pelo Brasil afora. Ultimamente críticas de óperas estão ficando raras e em segundo plano devido à falta delas nos teatros nacionais.
   A questão que faço é quem escalou o elenco da ópera O Barbeiro de Sevilha de Rossini? Sabemos que o Teatro Municipal de São Paulo não tem um diretor artístico, então fica a pergunta, quem é o responsável pela escalação dos solistas? Alguém da Secretaria Municipal de Cultura, da Fundação Theatro Municipal ou do Instituto Odeon. Digo isso porque os solistas mostraram desigualdades vocais únicas, alguns feras e outros imaturos.
   O Figaro de Michel de Souza apresentou voz correta, bem postada com boa atuação cênica. Luisa Francesconi oscilou vocalmente, já a vimos estupenda em outros tempos. Não encontrou no dia 14 de Fevereiro a melhor voz para a personagem Rosina. 
   Jack Swanson é jovem e despreparado para interpretar o Conde de Almaviva, sua voz pequena, sem brilho e de pouca projeção é inapta a um solista. Sávio Sperandio e Carlos Eduardo Marcos são cantores experientes e entregaram excelentes Doutor Bartolo e Don Basilio. 
   Desse vez não teve "Nabuccada"! Cleber Papa opta por uma direção clássica e segura. Tudo fica envolvente, agradável e impactante. A movimentação dinâmica dos envolvidos faz o enredo fluir arrancando gargalhadas do público. Os cenários e figurinos de José de Anchieta transportam a ação para a época do libreto, típicos da Commedia Dell'Arte. Os cenários simples e figurinos coloridos dão o tom cômico correto. Acertaram em todos o quesitos.
   A Orquestra Sinfônica Municipal regida pelo sempre competente Roberto Minczuk apresentou sonoridade  e volume compatível com a ópera. Alguns desencontros com os solistas se fizeram presentes. A ideia de colocar a abertura da ópera com a orquestra suspensa no fosso não ajuda e não atrapalha. O Coro Lírico esteve mais uma vez em grande nível sempre recheado de solistas. Muito bem ensaiado por Mário Zaccaro.
  Acabo de ser informado que teremos a ópera Rigoletto de Verdi no Theatro Municipal de São Paulo. Temos que depender de fontes para sabermos o que será apresentado, por que a direção não se manifesta e informa a temporada de 2019?
Ali Hassan Ayache

Foto, cena de O barbeiro de  Sevilha, foto Internet.

Comentários

  1. Quem me dera um Navio Fantasma este ano, adoraria ver alguma ópera de Carlos Gomes também....achei muito importante a orquestra elevada do fosso sim, com todos os problemas que aconteceram, temso músicos que seguem lá firmemente...Os músicos do Theatro Mvnicipal de São Paulo merecem ser louvados e exaltados, pois eles são a "alma" daquele teatro, sem eles, teremos apenas um prédio vazio e sem vida. Temos que exaltar e glorificar muito a Orquestra Sinfônica do Theatro Mvncipal de São Paulo... e eles tocarem elevados no começo mostra que sem orquestra não se faz um teatro de ópera...pois cantores vem e vão....

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    1. Não, Marcelo. Sem cantores é que não se faz um teatro de ópera. Ópera é canto. No limite, pode-se ter uma ópera sem orquestra (na qual se cantasse a cappella, ou com piano, ou com recursos eletrônicos), mas não se pode ter uma ópera sem cantores (só com a orquestra). Simples assim.

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    2. Você não está errado em afirmar isto, que aliás é condição "sine qua non" para qualquer ópera. O que quis frisar sendo digno de nota, é que não adianta termos os melhores cantores do mundo se não tivermos uma orquestra a altura, uma orquestra ruim certamente estragará uma ópera por melhores que sejam os cantores....Um Barbeiro sem orquestra a "Cappella" seria muito, mas muito incompleto para se dizer o mínimo.

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  2. O figurino estava simplesmente deplorável, parte cênica afundou igual ao Titanic. A bela Luciana Bueno com sua voz envelhecida e entubada sem projeção não se dava nem pra ouvi-la sentado ao fundo na plateia, transformou a Rosina (uma jovem) em uma mulher de 50 anos. Houve uma grande falta de DIREÇÃO CÊNICA, coro de soldados despreparados cenicamente, personagens secundários roubando a cena.
    O David tem uma voz mais madura brilharia em papéis para sua idade e voz, não sendo tão jovem pra o papel de Figaro, o baritono para este papel é de uma voz mais "clara" e juvial. Vários erros de italiano, e ainda confusões entre idioma italiano e português, o Anibal com voz jovem e fresca executou bem as coloraturas, tem um belo timbre jovem, mas cênicamente perde muito a naturalidade, principalmente o figurino que o prejudicou e muito, por conta do fisico dele ser pequeno, ele ficou parecendo um grilo dentro das roupas. A Berta interpretada por Denise Y. teve elementos cênicos excepcionalmente interessantes, mas o figurino acabou com tudo, a atuação foi um tanto exagerada e sem maturidade, a voz caricata tornou a personagem uma desgraça total, prejudicando a Denise, uma voz pequena, sem fundo, sem giro, sem projeção, sem beleza, vocalmente foi um desastre, não condiz muito com a voz que já ouvi dela. Matheus interpretou bem, roubou a cena algumas vezes. O Sargento interpretado por Andrey M. não foi convincente, muito molenga no palco, não interpretou de forma correta, mais uma vez falta de DIREÇÃO CÊNICA.
    O elenco da qual eu assisti, era desequilibrado em questões de idade, juventude vocal, e atuação. Poderiam ter dado uma oportunidade a jovens cantores que estão a procura de um debute e fariam muito bem os papéis que lhe seriam dados. O theatro poderia se engajar em descobrir novos talentos, poderiam investir na qualidade das óperas, tornar as óperas que são apresentadas no theatro em algo de QUALIDADE colocar em seus programas óperas com personagens jovens e dar espaço aos novos talentos, e não ser um palanque de indicações. Essa ópera foi um verdadeiro sitio do picapau amarelo, um carnaval só, a desgraça maior e gritante dos figurinos. A commedia dell'arte não sorriu para está ópera.

    Atenciosamente,
    O Anônimo

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