MAIORES PRESENÇAS NO TMRJ EM CEM ANOS. ARTIGO DE MARCUS GÓES NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.



É natural o orgulho e compreensível a alegria que sinto ao verificar que fui autor e  responsável único pelo único livro que veio a público no preciso dia 14 de julho de 2009,dia exato do centenário de nosso maior teatro.
Vivo folheando minha própria obra, verificando o que talvez tenha sido esquecido. Nesses últimos dias, uma indagação me veio à mente: quais teriam sido os mais importantes, famosos e populares artistas da música que atuaram no TMRJ?
Anotem bem: o critério obedece a uma linha de importância na história da música em geral, de fama, de popularidade e não de qualidade. Assim, as mais importantes presenças NA ÁREA DA MÚSICA no TMRJ em cem anos de vida foram PIETRO MASCAGNI, ENRICO CARUSO, RICHARD STRAUSS, ARTURO TOSCANINI, IGOR STRAVINSKY e MARIA CALLAS.
Anotem bem outra vez os leitores, se os há: é evidente que RICHARD STRAUSS trouxe muito maior substância à história da música que ENRICO CARUSO, mas quem poderá negar que, no total do público, o tenor seja mil vezes mais famoso e popular que o compositor ??…
PIETRO MASCAGNI (1863/1945) começou a se apresentar no TMRJ em 1911 e foi o regente de uma das mais famosas récitas de ópera ocorridas no TMRJ: com efeito, IL GUARANY, de CARLOS GOMES, na temporada de 1922, ano de comemoração de nossa independência, foi um dos pontos mais altos da história do TMRJ. Cantaram-no MIGUEL FLETA ( !!) , MARIA ROS e  MARIO PINHEIRO. Poucas vezes houve no TMRJ tanto ardor patriótico.
ENRICO CARUSO (1873/1921) foi sempre o mais popular cantor de ópera. No TMRJ, atuou em uma só temporada em 1917. Em 1903, já havia cantado no Teatro Lírico.  No TMRJ, atuou com indescritível  sucesso de público e grande apelo popular. RICHARD STRAUSS (1864/1949) apresentou-se no TMRJ em 1923 regendo a Orquestra Filarmônica de Viena com fantástico sucesso.
ARTURO TOSCANINI (1867/1957), o mais emblemático e famoso regente de orquestra de todos os tempos, atuou no TMRJ regendo a orquestra da NBC em 1940. Antes, já se havia TOSCANINI apresentado no Rio de Janeiro, cidade em que estreu regendo uma ópera (AIDA) em 1886 no Teatro Dom Pedro II, depois chamado Teatro Lírico. Conta-se que TOSCANINI pretendeu visitar esse antigo teatro, que no entanto havia sido demolido em 1934.
IGOR STRAVINSKY (1882/1971) atuou no TRJ em 1936, regendo e tocando suas próprias obras, em meio a muitas polêmicas. MARIA CALLAS (1923/1977) atuou no TMRJ no ano de 1951, cantando LA TRAVIATA, NORMA e TOSCA. Ainda gorda, foi vista pelo autor destas mal traçadas, ainda menino e sem capacidade julgadora, em LA TRAVIATA. Foi no entanto possível perceber vacilações da logo depois celebérrima intérprete.
Tenham sempre em mente os leitores (se…) que em listas do tipo da ora apresentada sempre entram em jogo opinião pessoal, estatísticas, depoimentos ouvidos, consultas a autoridades e outros itens semelhantes. Por isso o autor aceita de muito bom grado opiniões diversas. Certamente, haverá quem se lembrará de Rubinstein, de Kleiber, de Weingartner, de Muzio, de Gigli, de Arrau, de Heifetz, de Warren, de Menotti e de muitos outros.
Haverá de certo quem se lembre da personagem de maior linhagem musical a se ter apresentado no TMRJ. Com efeito, e de memória, nos anos 80 veio ao TMRJ trabalhar como encenador a ímpar figura de Wolfgang Siegfried Wagner, trineto de Franz Liszt e bisneto de Richard Wagner. Que ascendência !! Outros pensarão em NIJINSKY, PAVLOVA, LIFAR, NUREIEV. Mas este é o pessoal da dança e do ballet, e parte de outro assunto.
WOHL MIR DASS ICH JESUM HABE
MARCUS GÓES (1939-2016)

Comentários

  1. Apesar das discussões que tive na internet com esse autor no passado,acho que faltam livros como esse,contando sobre a história de nossa vida musical.Outro colaborador desse blog Osvaldo Colarusso também já escreveu textos sobre o assunto.Obras como essa do Nabuco ajudam a gente a ter uma noção do que é um recinto como o Teatro Municipal e a respeitar melhor esse templo e o que ele representa,já que esse percepção de um lugar sagrado notamos faltar aos poderosos muitas vezes...Isaac Carneiro Victal.

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    1. Quando falo em lugar sagrado,não posso deixar de mencionar que todo o entorno do Teatro sofreu um verdadeiro estupro arquitetônico e urbanístico nos anos 50,60 e 70.Mencionaram a demolição do Teatro Lírico no texto acima,pois na foto podemos ver bem distante o edifício do Jornal do Brasil, primeiro arranha-céu brasileiro,acabou numa decadência vergonhosa.Havia por perto na esquina da Rua México com Almirante Barroso um outro teatro belíssimo um pouco menor chamado de Fênix,a família de Bibi Ferreira tentou ressuscitá-lo mas nunca mais renascerá essa beleza após cair devido à especulação imobiliária.Ao lado estava um hotel projetado pelo mesmo arquiteto do Copacabana Palace,tão luxuoso e majestoso quanto,o Palace Hotel.Tudo foi para o chão.Para terem uma vaga noção da desgraça,um dos maiores pontos turísticos de Buenos Aires é um tal de Palácio Estrugamou,este foi projetado pelo mesmo arquiteto,Auguste Huguier,que desenhou o edifício sede em estilo Beaux-Arts de outro impostante jornal carioca que ficava quase em frente ao prédio do Jornal do Brasil,o Jornal do Commercio.Atrás do Municipal fica a sede do Clube Naval,outra belíssima construção em estilo Beaux-Arts,do outro lado ficava o Jockey Club, um colírio para vista substituído por um caixote preto gigante.Outro estabelecimento hoteleiro de luxo bem próximo ao Municipal que os empresários do ramo da construção não esperaram muito tempo para demolir foi o Hotel Avenida,onde ficava também a Galeria Cruzeiro,primeira do Brasil.Na minha cidade Juiz de Fora existe uma galeria dos anos 20 e 30 chamada Pio X,sempre alardeiam ser a segunda do país após essa Galeria Cruzeiro do Rio,não sei se é verdade mas pelo menos essa ficou de pé.O entorno do Teatro Municipal do Rio foi pensado e construído para nada dever às grandes cidades operísticas do mundo tais como Milão,Paris,Budapeste,Madrid,Barcelona etc,estava cheio de construções que nada deviam aos edifícios construídos nessas urbes as mais belas do mundo em se tratando de arquitetura,onde hoje os ricos vão procurar um luxo que já existiu por aqui mesmo!O Rio diga-se de passagem,ganhou o título de "Cidade Maravilhosa" após essa época de Pereira Passos,antes era conhecida como "porto sujo" e "cidade da morte".Nota-se da parte dos poderosos ações firmes no sentido de retroceder à essa época tenebrosa.Isaac Carneiro Victal.

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