"O ELIXIR DO AMOR" EM BELO HORIZONTE.
“O Elixir do Amor é a mais popular ópera composta por Donizetti. Nesta versão da Fundação Clóvis Salgado, ambientamos a história de amor numa época marcante de nossas vidas: a adolescência. Tempo de formação de nossas identidades e de nossa maior experiência de crescimento.” – Pablo Maritano, diretor cênico.
Abrindo a temporada de 2019, a FCS traz um título musicalmente mais leve, uma história divertida: a ópera-bufa O Elixir do Amor. Com mais de 300 pessoas na produção e apresentação, o espetáculo certamente encantará o público. As equipes de criação e elenco de alta qualidade artística são compostas por profissionais brasileiros e de outros países da América Latina.
A direção musical e regência são do maestro Sílvio Viegas; concepção, direção cênica, cenários e iluminação, de Pablo Maritano; cenários e figurinos, de Desirée Bastos; preparação do Coral Lírico, de Lara Tanaka; produção executiva, de Márcio Ângello; e direção de produção, de Cláudia Malta. O elenco é formado pela Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, pelo Coral Lírico de Minas Gerais e pelos solistas Carla Cotini, soprano, no papel de Adina; o tenor Santiago Martínez, interpretando Nemorino; o barítono Homero Velho, como Belcore; o baixo/barítono Homero Pérez-Miranda, como Dr. Dulcamara; e a soprano Fabíola Protzner, no papel de Giannetta.
Sinopse
Uma das óperas mais amadas de Gaetano Donizetti, O Elixir do Amor é um espetáculo em dois atos que estreou no Teatro della Canobbiana de Milão, na Itália, em 12 de maio de 1832. Com poesia e música criadas em duas semanas, por encomenda do gerente do teatro, a história original se passa em uma aldeia basca no final do século XVIII, onde Nemorino, um rapaz ingênuo e pobre, apaixona-se por Adina, moça rica, que está interessada em Belcore, um militar de passagem pela região. Nemorino encontra no Elixir do Amor, comercializado pelo charlatão Dulcamara, o remédio para solucionar o seu mal de amor.
A versão de Pablo Maritano
A Fundação Clóvis Salgado, com o objetivo de levar ao público momentos de descontração e de fuga do estresse dos dias atuais, traz uma obra alegre, divertida e com final feliz. Pablo Maritano, diretor cênico, recria o ambiente de uma escola de ensino médio, sem localização geográfica exata e atemporal. No entanto, são bastante fortes as referências das escolas americanas, as High School, do fim dos anos 1960 ao início dos anos 1970, em que a juventude vive um amor puro, lúdico, mas intenso, próprio da adolescência. Essa indefinição estética de tempo e espaço permite à equipe cênica ficar livre para maiores incursões de criação, possibilitando ao público espectador dar asas à sua imaginação.
O primeiro ato se passa na escola. Adina encontra-se com o tímido e complexado Nemorino, apaixonado e não correspondido. Ao ouvi-la narrar a história mítica de Tristão e Isolda, convence-se da existência no mundo de um filtro mágico, capaz de mudar o sentimento da sua amada. Temendo a rivalidade do valentão e arrogante Belcore, por quem Adina se mostra encantada e disposta a se casar, aproxima-se de Dulcamara, um charlatão itinerante, que se diz capaz de curar tudo. Nemorino revela que sofre de amor e pergunta sobre a poção de Isolda. Dulcamara então lhe vende como “a poção mágica do amor” uma garrafa de guaraná Je Suis, que, misturado ao vinho, gera um efeito encorajador em Nemorino.
O segundo ato encena um baile na escola. Adina e Belcore são as figuras principais, e Nemorino participa da festa. Ele não sabe que herdou uma grande fortuna com a morte de um tio, mas todos na escola já sabem. As meninas conduzidas por Gianetta, a chefe da torcida, perseguem-no, e Nemorino, ao vê-las, acredita que a poção mágica funcionou. Por fim, Adina, tomando conhecimento de tudo, consciente de seus verdadeiros sentimentos pelo frágil jovem, desfaz o acordo com Belcore e confessa seu amor a Nemorino. Belcore resigna-se em perder Adina, e Dulcamara afirma ser a herança de Nemorino prova da magia da poção, que traz não só amor, mas riqueza. Vende todo o seu estoque de guaraná e vai embora.
A música
Para o maestro Sílvio Viegas, a partitura escrita por Donizetti pede uma orquestra nos moldes românticos, com madeiras a dois, metais, tímpanos, percussão, harpa, piano e cordas. É uma orquestração rica, muitas vezes densa, e que valoriza o colorido orquestral, descrevendo a trama de forma perfeita.
“Essa partitura tem uma curiosidade interessante porque, normalmente, quando um compositor escreve uma obra ele pensa em uma orquestração que será usada de forma mais constante durante toda sua execução. No entanto, O Elixir do Amor é uma ópera de aproximadamente duas horas e cinco minutos e a harpa aparece apenas em um número que dura não mais que cinco minutos na ária Una furtiva lagrima. Importante dizer que, embora toque pouco, este acabou se tornando o trecho mais famoso da ópera. “Donizetti é realmente um dos grandes gênios da ópera de todos os tempos”, finaliza o maestro.
A cenografia
Segundo Pablo Maritano, a ideia de trazer a ópera cômica para o mundo, como se sabe, de “comédias do highschool” centra-se precisamente no inferno que é a adolescência, onde se dá o início do descobrimento das maravilhas do amor e suas primeiras frustrações e as glórias e horrores da vida social. “Essa mudança é algo tangível, tridimensional, atual e vivo”, diz o diretor cênico.
A ópera de dois atos contará com três cenários, sendo dois no primeiro ato. Em todas as cenas três elevadores de palco serão utilizados. O primeiro cenário remonta ao interior de uma sala de aula e será composto por um painel sarrafeado com forração de compensado e pintura de arte, simulando uma parede da sala de aula e um quadro negro. O quadro negro é separado do painel geral e fica pendurado em uma vara posterior a ele. O painel será colocado na altura do elevador 3, que estará a um metro do nível do palco para simular um recorte na parede. Serão dispostas 24 cadeiras universitárias de um braço sobre os elevadores 1 e 2, assim como duas fileiras de armários de vestiário para fechar a cena. A cenografia será completa com cartazes e um esqueleto didáticos.
Para o cenário 2, ainda no primeiro ato, será mostrada a transição do interior da escola para o seu exterior. Eleva-se o elevador 1 até o seu limite máximo. Nele está a fachada da escola, que possibilita a visualização do interior das salas através de suas janelas. Além do visual dentro das salas de aula, como armários de vestuário e oito cadeiras universitárias, vê-se na porta da escola um conjunto de lixeiras e uma tabela de basquete. Neste cenário dá-se a entrada de Dulcamara com seu furgão velho vendendo o elixir.
O terceiro cenário se dá no segundo ato, quando a festa do clube de futebol é realizada. O elevador 1 baixa no nível do palco e todos os objetos são retirados do mesmo. Fica o painel de madeira sem o quadro negro, que se revela um pequeno palco. Ao fundo do palco, está uma cortina franzida de cetim listrada nas cores da escola (mostarda e vinho). Dois tronos são disponibilizados no local. Também são aplicados alguns enfeites de rosetas no palco e descem das varas uma infinidade de enfeites em papel, multicoloridos junto com um globo de espelhos.
Os figurinos e a maquiagem
“A ambientação da ópera entre o final de 1960 e o início de 1970 dá uma roupagem mais teatral ao figurino”, afirma Desirée Bastos, responsável pelo figurino, maquiagem e o cenário, juntamente com Pablo Maritano. No primeiro ato, os personagens estarão uniformizados, com cores que mesclam com a cenografia e os tons são mais quentes: beges, vinhos, amarelos. Apenas Dulcamara, o único adulto da trama, veste uma roupa diferente, com cores de tons mais frios.
No segundo ato, quando acontece a festa, aparecem personagens com roupas em tons mais frios como lilases, rosa frio e azul. Não são vestimentas de festas e sim roupas mais cotidianas, afinal é uma comemoração esportiva, com a presença de adolescentes de 15 e 16 anos. Há ainda o figurino das Cheerleader, chefes de torcidas, e dos chefes do time de futebol, The Sargents. “Belcore, por exemplo, que na ópera original era um sargento do exército, vem como líder dos chefes de futebol”, enfatiza a figurinista.
Um dos desafios do figurino tem sido transformar uma pessoa adulta em um adolescente. Segundo a figurinista, a escolha da época na ambientação da ópera foi fundamental para que as minissaias, os vestidinhos mais soltos para as mulheres e a mistura de xadrez com listas para os homens dessem o tom que compôs a roupagem juvenil e alegre. As tiaras nos cabelos das meninas, o uso do delineador, de cílios postiços e das cores rosa e lilás nas sombras, juntamente com os batons clarinhos vão completar o visual retrô das personagens.
“O figurino para mim é sempre um desafio, porque cada personagem é uma cenografia inteira, completa. Um pacote que a gente pensa, do elástico do cabelo até a meia do pé. E se você tem uma troca de roupa, então, são duas vezes a cenografia naquela pessoa. Para mim, o desafio é também este: inventar um universo em cada pessoa, e fazer isso 60, 70 vezes. Por isso, vestir 70 pessoas com mais de 300 figurinos, como nessa ópera, é um desafio maior ainda”, finaliza Desirée.
SERVIÇO
O elixir do amor, de Gaetano Donizetti
Récitas: 20, 22, 24 e 26 de abril, às 20h e 28 de abril (domingo), às 19h
Grande Teatro do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537 – Centro – BH – (31) 3236-7400)
Ingressos: R$60 (inteira) e R$30 (meia-entrada)
Informações para o público: (31) 3236-7400 | www.fcs.mg.gov.br
Comentários
Postar um comentário