O FANTASMA DA ÓPERA: INTERESSE NO PALCO OU NAS POSTAGENS. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.

                             Cena de O Fantasma de Ópera,Foto:Camila Cara

   O advento dos musicais no Brasil ganhou força nos últimos 20 anos. A construção de teatros com estrutura para comportar eventos dessa magnitude, a melhora na renda pessoal e financiamentos estatais chamados de Lei Rouanet fizeram com que grandes cidades, principalmente São Paulo e Rio de Janeiro, tivessem musicais de diversos tipos.
   As produções preferidas são sucessos estrangeiros. Durante esses anos diversos musicais testados e aprovados pelo público da Broadway deram o ar da graça. O Fantasma da Ópera já esteve no Brasil entre 2005 e 2006 e volta a São Paulo no mesmo teatro. Prova de evolução dos musicais no Brasil é  Paulo Szot, barítono brasileiro ganhou o Tony (Oscar dos musicais). 
   A Lei Rouanet foi generosa com o Fantasma, ele deve estar dando gargalhadas maquiavélicas até hoje. Do orçamento total de R$45,3 milhões foram captados R$ 28,6 milhões com autorização do Ministério da Cultura. Essa bolada governamental não reflete no valor dos ingressos, estes de primeiro mundo. Mesmo assim artistas denunciaram abusos trabalhistas no musical em Fevereiro de 2019.
   As músicas cantadas na língua original, geralmente inglês, aqui são vertidas para o português. Fica estranho e soa difícil de agradar. Toda a emoção da língua original se perde com o canto adaptado para o português. Seria melhor cantar em inglês e legendar. Não existe problema com isso, no cinema é assim, na ópera é assim e no musical por que não pode ser assim. Será que os cantores brasileiros teriam dificuldades de cantar em outros idiomas?
   Os cenários e figurinos são impressionantes, embora não estejam no mesmo nível de produções internacionais. Transmitem o clima e a tensão do enredo transportando o espectador para o universo surreal, muitas vezes sombrio e obscuro. As coreografias são simples e adequadas ao contexto.
  O titular como Fantasma da Ópera é Thiago Arancam e o seu substituto era Leonardo Neiva. Arancam anda ocupado com a carreira solo e Leonardo Neiva não faz mais parte do elenco. Outros fantasmas escalados são Fred Silveira e Cleyton Pulzi.    
   Cantou na noite em que estive presente Fred Silveira. Falta a ele o porte e a postura do personagem, sua voz não é adequada e desafinada em diversos trechos. Um fantasma fraco e pequeno que não amedronte ninguém.
   O destaque da apresentação é Lina Mendes, a soprano é advinda da ópera e já foi eleita por este Blog revelação lírica do ano de 2011. Como Christine Daaé mostrou uma voz lírica, sensual e adequada à moça apaixonada e ingênua. Canto e atuação cênica impecáveis mostram com destreza seu amor dividido entre o fantasma e o noivo ricaço. Henrique Moretzsohn fez um Visconde de Chagny seguro e nada mais que isso.
                                                                        Lina Mendes como Christine. Foto: Pedro Drimitrow
  
    O importante para o respeitável público é o entretenimento, fotos para as redes sociais no saguão em abundância dão o tom do que pode acontecer na sala de espetáculos com seguranças atentos proibindo qualquer tipo de filmagem. O lustre que devia cair desce suavemente ao palco. Pirotecnias com fogos, cenas de balé clássico e o carnaval de Veneza garantem os suspiros. Uma forte sensação de playback, ou seja, gravação dá o ar no tema principal, quando os apaixonados estão no alto da passarela.
     O Fantasma da Ópera" entrega diversão garantida em uma história simples. Um triângulo amoroso dramático que entretém. Temas musicais que grudam no cérebro, um conto exótico e fascinante fazem da trama ser sucesso de público e bilheteria há mais de 30 anos.
    A escalação do elenco principal poderia ser melhor, mas uma questão pode ser levantada: Em tempos de redes sociais, o interesse está no que ocorre no palco ou nas postagens?
Ali Hassan Ayache

Fotos O Fantasma da Ópera fonte Internet.

Comentários

  1. Um coitado que não é da área e que tem como critério depreciar apenas os músicos menos famosos. É de praxe nas críticas. Há várias que segue essa mesma lógica. Bater em bêbado é facil neh? rs

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    1. Muito pelo contrário,o Ali está a criticar Nestrovski e Alsop por exemplo sem rodeios há muito tempo,mas recebe muita pedrada só por não ser empregado de nenhum grande jornal,fala o que quer.Isaac Carneiro Victal.

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  2. Cara, infelizmente você está equivocado em alguns pontos, principalmente no que é relacionado a teatro. Vamos a eles:

    1- Não existem "financiamentos estatais chamados de Lei Rouanet". Existe UMA LEI ESPECÍFICA chama Lei Rouanet. Essa é uma lei de isenção fiscal que permite que empresas tenham desconto no IR se patrocinarem alguns tipos de evento (especificados na lei).
    Entre eles o teatro.
    Não acho bom nos equivocarmos no que falamos sobre essa lei, que já vem sofrendo tantos ataques baseados, apenas, em ignorância.

    2- A primeira vez que O Fantasma estreou aqui no Brasil foi em Abril de 2005 e ficou em cartaz até Abril de 2007 (e não 2006).

    3- Sobre as versões em português: o cinema não é um bom argumento, afinal de contas estamos falando da sétima arte, a legenda fica mais cômoda, é completamente diferente. O teatro musical está na segunda arte, que tradicionalmente sempre traduziu seus textos. Ninguém monta Shakespeare no original. Inclusive, nem todas as companhias de teatro da Inglaterra montam Shakespeare no original.
    Vale lembrar que não há muito tempo, as óperas também eram traduzidas. Só após o advento das gravações das óperas fez com que o público quisesse ouvir no palco o que ele ouve no CD no carro. Agora, na minha opinião, se a gente quiser dar sempre o que o público quer, a arte está arruinada.
    E, lembrando, que em um país como o Brasil, onde uma grande parte das pessoas é analfabeta e NUNCA foi ao teatro na vida, representar peças legendadas não nem um pouco democrático, certo? (Apesar dos ingressos caríssimos, muito bem pontuados na sua crítica).
    Lembrando que TODOS os musicais são traduzidos aqui no Brasil, e a maioria deles em outras partes dos mundo. Eu, inclusive, acho que são todos, mas não quis afirmar sem ter certeza. O próprio Fantasma já foi traduzido para 15 idiomas. Les Miserables foi traduzido para 22 idiomas.
    Então assim, você pode não gostar, mas é VOCÊ que não gosta. Não é exatamente uma análise técnica.

    4- Sobre cenários e figurinos: O Fantasma da Ópera, como foi montado aqui no Brasil, é chamado de franquia, ou seja, TUDO é exatamente igual a versão da Broadway. Os cenários vem de lá, os figurinos, os diretores, o desenho de luz, as orquestrações, as coreografias. Esse espetáculo que você viu aqui só é diferente do que o que está em cartaz agora na Broadway, porque são atores brasileiros cantando em português. Portanto, não, os cenários ESTÃO SIM no nível internacional. Até porque eles SÃO gringos. Só foram montados aqui no Brasil (pelos gringos, inclusive, vale lembrar.

    5- O tema principal, e algumas outras cenas também, são sim feitas com playback.

    6- Para nós do teatro, infelizmente, há pouquíssimos atores de musical (e esses vindo da ópera também) sempre o elenco (não só o principal) poderia ter sido melhor escalado.
    Pois, como já ouvi da boca de uma famosa atriz de musical "fiz canto com Fulano, dança com Beltrano e atuar... Bom, atuar a gente atua".
    Na verdade não. Se estuda muito para atuar.
    Mesmo a Lina que você elogiou a atuação eu JAMAIS falaria que ela atuou bem, mas enfim, isso tanto faz.
    Num país formado pelas telenovelas, com elencos escolhidos pelas características físicas, acredito, fielmente, que 80% das pessoas NUNCA tenham visto um BOM ator fazendo uma BOA cena.
    Isso faz com que a gente acredite que "atuar a gente atua" e não ver diferença entre Grazi Massafera, Isis Valverde, Sophie Charlotte ou Ellen Roche.
    Tanto faz, né? A gente não tem base pra comparar. A gente nunca viu uma atriz boa pra saber que nenhuma das quatro são atrizes.
    A gente acha que filho de Fábio Júnior já nasce com DRT, afinal de contas, né?

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