NOVO REGENTE DA OSESP: ANÁLISE TÉCNICA DA REGÊNCIA DE THIERRY FISCHER. ARTIGO DE ISAAC CARNEIRO VICTAL NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.

   


   Da nossa parte não vamos aceitar esse adjetivo de sujos (chamados em uma rede social por um membro de uma revista chapa branca de música clássica, nota do editor), quem muito abusa de adjetivações carece de argumentos, ou como dizia Voltaire de uma maneira bem radical "o adjetivo é inimigo do substantivo".
   O que deveriam estar fazendo estes "ilustríssimos" críticos é analisar o trabalho do novo maestro Fischer. Mas isso não fazem, se limitam a reproduzir as informações que a assessoria de imprensa da orquestra lhes oferece (o que aliás o Blog de Ópera & Ballet nunca recebe, não deveria a assessoria de imprensa da OSESP enviar o material a todos os interessados e não só a aqueles que lhes convém? nota do editor).

   Vou me arriscar a dizer que ele é pior que Marin Alsop. Possuí algumas qualidades, como um bom ouvido para destacar os diferentes timbres da orquestra (como muitos maestros ligados ao repertório francês), um senso de fluidez e uma certa sensualidade ao frasear uma melodia. Como seria de se esperar de um maestro que toca um instrumento suave e melódico como a flauta.
   As qualidades acabam por aí, não consegue equilibrar os diferentes naipes e garantir a coesão para que todos os diversos instrumentos soem como um só. Escutamos um total desequilíbrio e falta de precisão. Cada naipe atacando um acorde num tutti em seu tempo particular por exemplo. 
   Ouvi ele regendo a Sagração da Primavera com uma das orquestras da BBC em gravação ao vivo. O que me veio é a falta de necessidade, lançar esse e outros ballets de Stravinsky no mercado através de gravações tão ruins. O Pássaro de fogo está a mesma droga, cada naipe atropelando o outro, quando todos se unem o conjunto soa barulhento e confuso. Uma sujeira a sonoridade que ele tira da orquestra. Dá vontade de parar de ouvir a gravação, não consegui escutar Petrushka.
   Esse final de semana escutei pelo rádio um concerto horrível da OSESP conduzida pelo regente Cristian Macelaru, que eu havia elogiado aqui neste espaço. Ainda bem que não gastei meus parcos recursos para viajar à São Paulo. Para me deparar com uma apresentação péssima como essa. A orquestra agora resolveu usar um estranho portamento, um deslizar de uma nota para outra sofrível que está comprometendo a afinação e isso verifiquei em todos os naipes.
   Essa característica já vem de algum tempo e está se intensificando. Bartók com o Concerto nº 3 para Piano foi melhor interpretado que  Brahms e sua Sinfonia nº 2, Op.73. Isso ocorre pela maior identificação do maestro com o repertório dos países do leste europeu. Durante a sinfonia todos estavam desanimados, não se verificavam muitos contrastes de volume nem intensidade. A Canção de Ninar do primeiro movimento bem que poderia embalar o sono da plateia. A interpretação estava por demais tediosa. O evento todo passava uma sensação muito blasé. 
   Sinceramente, por esse concerto não dá para dizer que essa é a melhor orquestra da América Latina, aliás nem que é a melhor orquestra da cidade de São Paulo.
Isaac Carneiro Victal.

Foto; Thierry Fisher, foto Internet.

Comentários

  1. Essa brigalhada só faz mal à OSESP. A mim, particularmente, esse artigo me causou um profundo mal estar... Proletários e não proletários da cidade de São Paulo, uni-vós, para o bem da cultura da cidade!

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    1. Prezado Gabor,nome húngaro,adoro esse país bem como os artistas de lá.Não gosto nada do Orbán.Reações fisiológicas desagradáveis do receptor são irrelevantes para se atestar a validade de uma mensagem.Essa reivindicação minha de ter a liberdade de dizer o que eu quiser sobre o novo diretor da OSESP é uma reivindicação burguesa,surgiu na Revolução Francesa,a saber a liberdade de se manifestar qualquer opinião.A classe trabalhadora possui tradicionalmente outras reivindicações,relacionadas quase sempre à precariedade de suas condições de vida.Essa coisa de gritar pelo direito de manifestar opinião é coisa de burguês que já está com a vida material remediada.A coisa mais normal em qualquer cidade musical que se preze é ter gente do público falando mal de maestro tal e preferindo uma dada orquestra em detrimento da outra.Ninguém precisa passar mal por causa disso,na arte não existem verdades absolutas nem uma só maneira de fazer as coisas,portanto a polêmica faz parte do ambiente artístico em todos os países civilizados.Isaac Carneiro Victal.

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  2. Gracias Ali pelo destaque dado aos comentários e por ao editar o mesmo,adicionar informações extras.Francamente,conhecendo a atmosfera de censura que existe nesse país não é de hoje,quando comecei a comentar não imaginava que fossem publicar todas as minhas porcarias,mas agora que falaram que este é um blog sujo,então existe espaço para a gente mostrar a sujeira toda,não apenas repetir informações de assessoria de imprensa!Só encontrei um texto do João Marcos Coelho com um certo pé atrás com relação ao suíço.O resto,os que escrevem para grandes jornais ou revistas se juntaram à direção da orquestra,imagino agora se prepara uma calorosa acolhida ao novo diretor com fogos de artifício,fanfarras,odes,bailados e rega-bofes.

    Essa coisa da liberdade de expressão eu prezo muito,é uma luta muito antiga vem desde a Revolução Francesa,pedimos o direito de qualquer pessoa,por mais louca que seja,por menos status social que possua,FALAR TUDO O QUE QUISER.Continuo em choque ao presenciar,repito, alguém que se diz de esquerda atacar blog independente em benefício de colunista do Estado de São Paulo ou da Folha.Isaac Carneiro Victal.

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  3. Oi, Isaac! Gostaria de saber que tipo de formação musical vc tem.

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    1. Prezada Edna,isso aí se chama magister dixit,ou falácia do argumento de autoridade.Quaisquer considerações pessoais acerca do emissor de uma mensagem são irrelevantes para se atestar a validade da mesma.

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    2. Prezado Isaac, posso estar enganado, mas não me pareceu que a pergunta da Edna tenha sido feita com a intenção de provocá-lo, ofendê-lo nem desmerecê-lo. Pareceu-me uma curiosidade sincera, como é o caso da minha agora...

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  4. Muito preocupante a análise do Isaac, será que teremos que aguentar sessões de tortura durante 4 anos?

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    1. Realmente é preocupante,pois apesar de Marin Alsop não ser uma orchestra builder como são por exemplo Neschling e Fabio Mechetti,ela consegue atingir resultados satisfatórios quando dirige grandes orquestras internacionais.O suíço nem isso.Escutei várias gravações dele no SPOTIFY e nenhum disco me agradou.Como acompanhador por exemplo,registrou o Concerto para violino n. 2 de Prokofiev de maneira sofrível,impressionante como tudo é mal encaixado e ele faz boas orquestras soarem mal,UM HORROR!

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  5. Um ponto positivo é que nunca mais teremos Bernstein e outros besteróis americanos na OSESP....Só isto já é um alívio....

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  6. Realmente o Irineu foi infeliz ao chamar esse Blog de sujo. Para falar a verdade as pessoas que aqui escrevem são despreparadas para tal. Não entendem nadinha de música. Escrevem bem, mas musicalmente não sabem nada. A Comissão que elegeu o novo maestro da OSESP era composta, também, por músicos da orquestra. A Decisão foi unânime!!!
    Esses músicos estudaram toda uma vida e, de repente, aqui dizem que eles não sabem nada, afinal escolheram um maestro horrível (segundo o Blog). Defendem que Maestros Brasileiros assumam a OSESP, mas quem? Quem faliu a OSB? Senão for o John Neschling , que construiu a nova OSESP e fez muitas melhorias no Municipal de São Paulo, quem seria e qual o "Know how". Tibiriça, Karabitchevisky, Leningher?
    São melhores que o Fischer? Pq?

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    1. Prezado sei la quem,aqui não existe "opinião do blog",não somos mídia igual a Concerto.Cada um que escreve neste espaço possui opinião própria e total liberdade para manifestá-la.O Ali por exemplo não está satisfeito com a Marin como regente mas gosta do trabalho da Peleggi,eu também.Por outro lado,para mim Roberto Minczuk é um maestro que se tiver boas condições para trabalhar e uma boa orquestra pode se sair bem,já se saiu quando tinha um cargo na OSESP.Por outro lado realmente fracassou ao tentar fazer com a OSB o que Neschling fez em São Paulo e Mechetti faz em Minas.Também acho que suas interpretações carecem um pouco de personalidade.Após essas considerações,não dá para dizer que ele é qualquer um e nem sequer cogitar o nome dele para este cargo em questão,não dá para simplesmente virar a cara e fingir que ele não existe.Kabitchevisky creio que por causa da idade e por já dirigir concertos e gravar com o grupo bastante,não seria mesmo o escolhido.Marcelo Lehningher,o filho de Erich Lehniger e Sônia Goulart,nem foi cogitado para esta posição neste espaço e também não tomei conhecimento de alguém que estivesse torcendo por este nome.


      Aqui não fazemos o que chamo de textos encomiásticos como fazem certos críticos,só faltam deixar dedicatória para o artista.Exemplo,eu falando de um concerto do Karabitchevisky dessa maneira:para Isaac Karabitchevisky,do Isaac cara de bicha.Este blog não existe para ficar de bajulação com muitos aí se prestam a esse papel.

      Escutei gravações desse suíço aí e não gostei,também disse por quais motivos.Agora estão bravos com a gente,o Baldini amou essa manifestação do Irineu e sua turma nas redes sociais chamando para boicotarem esse blog sujo ,que de acordo com eles só espalha fofocas!Muito intimidatório isso,a coisa mais normal do mundo é parte do público gostar de dado maestro e outra não,agora só por que indicaram esse aí para um cargo desses todo mundo tem que abaixar a cabeça,é isso mesmo?O Spalla da OSESP também falou que quem não gostou monte outra orquestra.Como,se agora no Brasil até a Filarmônica de MG corre o risco de não tocar até o final do ano por falta de verba e a OSESP mesma vive sofrendo cortes no orçamento?


      O que comentaram no blog Slipped Disc do Norman Lebrecht(lá tem muito mais fofoca e sujeira que aqui,noticiaram até a atuação do maestro Teodor Currentzis num vídeo de sexo explícito,mas esse blog de gringo respeitável o Irineu curte)é que o governo brasileiro está cortando recursos das nossas orquestras.Isso afasta gente que queira vir para cá.Não existe nada exceto uma guerra que espante mais cérebros de um país do que um governo como o que temos agora.Por exemplo,na Espanha Madrid ficou a época inteira do general Franco no poder sem seu principal teatro de ópera!Primeiro fecharam a casa por problemas estruturais,depois improvisaram uma sala de concertos usando essa edificação, só nos anos 80 conseguiram erguer uma sala para concertos,o Auditório Nacional e depois colocaram para funcionar o teatro de ópera.Situação bizarra essa uma das principais capitais da Europa FICOU DÉCADAS SEM SEU PRINCIPAL TEATRO DE ÓPERA!Isaac Carneiro Victal.

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    2. Correção,o sobrenome é Lehninger!Isaac Carneriro Victal.

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