PRATELEIRA NELES: GRAVAÇÕES QUE MERECEM FICAR MOFANDO NA PRATELEIRA, SYMPHONIE FANTASTIQUE VERSÃO 1948.



   O selo VAI faz um trabalho de arqueologia. Desenterra raridades da ópera e do balé inacessíveis e os coloca no mercado. Mas nem tudo que é antigo é sinônimo de qualidade.
  Symphonie Fantastique é uma das mais importantes e revolucionárias obras de Hector Berlioz. Os produtores se esquecem de citar na capa o nome do compositor. O nome do coreografo Léonide Massine e do Royal Danish Ballet estão na lá e parecem ser mais importantes.
   A música é apresentada em redução para piano. A gravação original de 1948 está sem som , tentaram sincronizar a música do piano com a dança. O resultado é estranho, perde-se toda a riqueza melódica da Symphonie Fantastique.
   A coreografia  é esquisita e não lembra em nada o trabalho de Berlioz. Música de um lado e dança para o outro.  Muitas vezes descordenados, parecem passistas de escola de samba.Os figurinos são peças de ensaio do dia a dia, ficam engraçados e destoam de tudo.
   Symphonie Fantastique relata um artista que tenta se suicidar com ópio. Frustrado pelo amor não correspondido. Mas a dose não é o suficiente para matá-lo, e ele vai ao delírio. Alucinações , sensações e lembranças reais são transpostas para a música com um tema recorrente. A coreografia não mostra a complexidade psicológica da obra. A redução para piano enfraquece o enredo e os figurinos são amadores.
   Amigos, Prateleira Neles. Esse merece ser queimado com ópio da pior qualidade.    
Ali Hassan Ayache

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