UMA ONCINHA E MEIA É PREÇO POPULAR? DESABAFO DE ALI HASSAN AYACHE E ISSAC CARNEIRO VICTAL NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.

   


   O que era caro pode ficar mais caro ainda. Em Setembro de 2018 reclamei do "preço popular" dos ingressos que custavam uma oncinha da série Grandes Clássicos. 
   A surpresa desse ano é que a direção da OSESP anuncia a volta da série Grandes Clássicos com "concertos a preço popular". Não satisfeitos com o valor de uma oncinha fizeram o favor de aumentar para uma oncinha e meia, ou seja R$ 75,00 reais. Nesse ritmo ano que vem serão duas oncinhas. Acima de qualquer inflação, acima do poder aquisitivo da maioria da população devido a crise econômica que o país vive.
   Essas atitudes só corroboram minha tese de elitização da OSESP, a direção da casa só quer os ricaços na Sala São Paulo: Acabaram com o ingresso da hora, aumentaram o valor do ingressos normais acima da inflação, fazem turnês para o estrangeiro em detrimento de apresentações por todo o Brasil, programação que segue o gosto da direção e esses concertos a preços populares são uma piada sem graça. 
   Você que não está todo janota como os assinantes da OSESP será recebido com cara de poucos amigos. 
   A direção alega que as Matinais são uma forma de inclusão já que são gratuitas. Essas sempre ocorrem em um ou outro Domingo no mês. Nunca tem os melhores solistas, regentes e orquestras. Não me lembro da regente titular Marin Alsop trabalhando nesse dia. Por que as classes menos favorecidas não podem ver o filé mignon e tem que se contentar com a mortadela no pão francês? Por que somente os ricaços tem o direito de ver os melhores? Lembrando que a maioria da verba que mantém a orquestra é pública. 
   Segue trecho do comentário do colega Issac Carneiro Victal sobre a questão:" Anunciaram a temporada de concertos populares da OSESP esse ano. Ano passado o blog denunciou os" preços populares" estabelecidos pela direção no valor de uma oncinnha. Parece que se a gente reclamar fica pior, pois esse ano o ingresso popular subiu para 75 REAIS! 
   Essa situação me faz pensar no conceito de filisteu da cultura, criado por Nietzsche e também discutido por Hannah Arendt em tempos mais recentes.Ao contrário do filisteu, burguês típico interessado apenas nos negócios,o filisteu culto procura obter os melhores negócios através da cultura. Isto inclui usar a arte como um meio para se distinguir da plebe, dado que as condições difíceis da vida dessa classe a impedem de fruir a arte em sua plenitude.
   Costumo usar uma fórmula simples para identificar o filisteu da cultura. Caso o indivíduo tenha obtido muito mais proveito,como ascender a altos cargos e obter posição social de destaque por ex.,do que contribuído para o desenvolvimento da arte,como certeza se trata de uma dessas criaturas desprezíveis,estas vivem da arte e não para a arte.Isaac Carneiro Victal".
Ali Hassan Ayache
    

Comentários

  1. Podem contar comigo para fiscalizar e denunciar esta sorte de disparate,já havia dito.A partir de agora vou mandar as próximas bombas que encontrar para o correio eletrônico do Ali!Incrível como certos "jornalistas " que esfregam na nossa cara que não sabemos de nada,não são capazes de publicar uma linha sobre semelhante absurdo.VIVA A LIBERTINAGEM DA INTERNET!Isaac Carneiro Victal.

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  2. Precisamos definir o que entendemos por "popular". Garanto a vocês que custa o mesmo - ou até menos - que um ingresso para o "espetáculo" mais popular do país: o futebol. E o povão está sempre disposto a pagar pra ver, enchendo arquibancadas. Talvez custe muito menos que um ingresso para um show da Anita, que lota. Portanto, parece que não é bem o preço que afasta o povo. Tudo bem, tem a questão do subsídio público à manutenção das orquestras, e isso deveria demandar uma contrapartida social. Mas os shows ditos populares também recebem, indiretamente, algum subsídio estatal via financiamentos através das leis de incentivo, baseadas em renúncias fiscais. No entanto, ainda assim os ingressos são caros e nem por isso o povo deixa de ir.

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  3. Esse comentário acima me recorda famosas palavras ditas por Maria Atonieta:'Se o povo não tem pão,que coma brioches".Obviamente a classe média alta pode gostar também de futebol,não só o povo.É essa classe social que pode pagar 300 reais para ir num jogo de futebol ou 600 reais para ir no show da Beoyncé.MUITOS VIAJAM DESDE OPUTROS ESTADOS PARA ASSISTIR A ESSES EVENTOS.O POVO POBRE DE SÃO PAULO NÃO TEM DINHEIRO NEM PARA ANDAR DE ÔNIBUS!já via matérias da Folha ou da Globo mostrando gente que mora lá onde judas perdeu as botas na paulicéia e nunca foi à Avenida Paulista,vivendo a vida inteira nessa metrópole.Isaac Carbeiro Victal.

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  4. Esse comentário acima me recorda famosas palavras atribuídas à Maria Antonieta:"Se não têm pão,que comam brioches".Obviamente não apenas o povo mas a classe média alta pode gostar também de futebol.É essa classe social que pode pagar 300 reais para ver uma partida ou 600 para assistir ao show da Beyonce.MUITOS VIAJAM DESDE OUTROS ESTADOS POR CAUSA DESSES EVENTOS.O POVO POBRE DE SÃO PAULO MESMO NÃO TEM DINHEIRO NEM PARA ANDAR DE ÔNIBUS!Já vi reportagens que saíram na Folha ou apareceram na Globo mostrando gente que mora lá onde Judas perdeu as botas na paulicéia e nunca foi à Avenida Paulista,vivendo a vida inteira nessa metrópole.Isaac Carneiro Victal.

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  5. O povo pobre que mora "onde o Judas perdeu as botas" e "não tem dinheiro nem pagar ônibus" não iria a um concerto nem que o ingresso fosse de graça, meu caro, uma vez que as principais salas de concerto ficam localizadas no centro de São Paulo. Percebe que o problema é estrutural, e não com o preço do ingresso? O buraco a ser mudado fica muito, mas muito mais embaixo. Atende pelos nomes de salário mínimo, alíquotas de Imposto de Renda, má distribuição de renda e desigualdade social. Agora, me responda: mesmo que o "povo" tivesse dinheiro para comprar ingresso de um concerto, você acha que ele iria mesmo num espetáculo dessa natureza, se nunca foi educado para ouvir esse tipo de música? Se o "povo pobre de São Paulo", como você se refere, subitamente melhorasse de vida graças a um milagre econômico, você acha que ele ia preferir comprar ingresso para um recital da Anna Netrebko ou para um show do Roberto Carlos?

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  6. Perdão pela demora,mas a resposta é polêmica.Não há nada de errado com a falta de cultura.Isso só é um problema se a pessoa teve condições materiais para se cultivar e não o fez.Sempre as classe elevadas puderam se cultivar pois este processo exige tempo e dinheiro.Recordo que o grande progresso representado pela civilização grega esteve baseado na exploração de mão de obra escrava,isso permitiu a uma minoria se entregar a escrever poesias ou tragédias ou se lançar á especulações filosóficas.Claro precisamos tomar a licença devida ao momento histórico de 2500 anos atrás dos gregos e seus hábitos hoje reprováveis.Mas o que a igreja católica fez na Idade Média,ou a extrema-direita faz hoje,CENSURAR OU TENTAR COLOCAR OBSTÁCULOS À DIVULGAÇÃO DO CONHECIMENTO,ISSO É ABOMINÁVEL!Isaac Carneiro Victal.

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