DAVID MOTTA : UM BRASILEIRO ESPERANÇA SOB OS REFLETORES DO BOLSHOI.
Na categoria de solista clássico David já se destacou como protagonista em Giselle, Quebra Nozes, Don Quixote (“O que espetáculo com que mais me identifiquei por seu apelo carismático, especialmente por tê-lo estreado para a festa dos 80 anos de meu amado professor Vladimir Nikonov”).
Mas pelas qualificações de David como primeiro solista, ele tem participado de balés de linhagem característica psicológico-nacionalista russa como Um Herói do Nosso Tempo, do coreógrafo Yuri Poshkhov, a partir da obra original do escritor e poeta Mikhail Lérmontov. Uma chance de amadurecer mais sua integração à mais autêntica cultura do país em que atua como artista estrangeiro.
Sobre sua experiência no papel de Petchorin : “Ser escalado para protagonizar esta história foi para mim uma grande honra e um aprendizado gigantesco não só pela importância de um coreógrafo atual como pela chance de se identificar mais com a história russa”.
Em 2018, numa de suas raras vindas ao Brasil, David dançou pela primeira vez com o Ballet do Theatro Municipal carioca, no Pas d’Hongrois (ao lado da solista Juliana Valadão) e em Les Sylphides, junto à sua primeira bailarina Claudia Mota (“David é um bailarino que, com tão pouca idade, já possui um nível de maturidade que é o sonho de qualquer partner”).
Opinião endossada pela então diretora artística do BTM, Cecília Kerche : “Ocupando hoje o posto de Primeiro Solista do Teatro Bolshoi, está sabendo trabalhar com humildade e perseverança para se superar e tornar-se um artista da dança realmente preparado para assumir os desafios que uma carreira de bailarino de alta performance exige”.
Ainda longe do período de término compulsório de um profissional do Bolshoi, David entrega-se convicto à sua missão de dançar numa exaustiva jornada diária quase sem fim. E conclui - “A dança clássica evoluiu bem sintonizada com o nosso tempo, nas suas exigências por um perfeccionismo físico-sensorial de bailarinos longilíneos e cada vez com maior suporte de flexibilidade e de alongamento”.
Mas afinal não é este o auto retrato sem retoques e a marca singular do talento de Davi Motta Soares, capaz de viver um herói de seu tempo como bailarino e (com licença de Paulo Pontes), também, de apresentar-se como um brasileiro profissão esperança?...
Wagner Corrêa de Araújo
DON QUIXOTE/ Grand Pas de Deux, com MARGARITA SHRAYNER / FOTOS ARQUIVO - BOLSHOI THEATRE OF RUSSIA
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