LA BAYADÈRE, CADA UM MONTA A SEU BEL PRAZER. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.



O DVD proporciona coisas incríveis, são gravações de todos os tipos. Vinte anos atrás nem sonhava em ter uma versão do balé La Bayadère, hoje tenho mais de cinco. Cada teatro com seu coreografo faz sua versão desse belo balé de Marius Petipa e música de Minkus. Natalia Makarova não deixa por menos, inventa sua versão da obra. Acerta em muitos quesitos e pisa na bola em outros. Acerta no quarto ato, ao dar final a história de amor entre Solor e Nikiya. Erra nos segundo ato, diminui o número de bailarinas , das 32 originais temos apenas 24.
 A produção é de encher os olhos, balé clássico no sentido literal do termo. Elementos como o exotismo, o triângulo amoroso e o sobrenatural são perfeitamente explorados em cenários luxuosos e coloridos. A luz acompanha a imaginação da coreografia , dialoga com as cenas, simplesmente ótima. As imagens captadas em câmeras digitais detalham todas as riquezas da produção. A direção de cenas acerta nas tomadas, vemos as expressões e sentimentos dos personagens. Isso pode ser um problema!
  A orquestra mostra todas as nuances da partitura, música de Minkus é delicada. Rica em expressar emoções. Os problemas da apresentação são os solistas. Tamara Rojo é uma excelente bailarina, dona de uma técnica impressionante. Seu corpo excessivamente magro prejudica seu desempenho. Bailarina não precisa ser tão raquítica. Sua Nikiya é inexpressiva, esquece os sentimentos apaixonados da personagens, não atua. Consegue melhorar no segundo ato, mas suas expressões faciais não emocionam nem uma criança de 10 anos.
  Outra decepção foi Carlos Acosta, cansei de elogiar esse grande bailarino cubano. Seu Spartacus é soberbo,  seu Romeu é expressivo. Acosta não tem temperamento, estilo e a delicadeza necessária para o personagem Solor. Sua preocupação maior está em dançar e exibir sua técnica, dança para as palmas da platéia e se esquece do personagem.
   A melhor das solistas é Marianela Nunes, sua princesa Gamzatti é delicadeza combinada com o frescor da beleza juvenil. Incorpora a personagem e expressa seus sentimentos. Menina mimada , adolescente sem limites que satisfaz o desejo do pai de casar com o partidão. Suas variações e codas são de tirar o fôlego, suas piruetas triplas parecem fáceis. Seu sorriso encanta. Consegue uma química com Acosta que Tamara Rojo não tem, você torce por ela. O corpo de baile do Royal Ballet dança com destreza e excelente técnica. A dança das sombras, que abre o segundo ato, é uma das sequências mais belas do balé clássico. O Royal Ballet tira de letra, cena de arrepiar e emocionar.  
Ali Hassan Ayache 

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