SÃO PAULO CIA DE DANÇA VIAJA PARA TURNÊ PELA SUÍÇA E FRANÇA.
Cena de Odisseia, de Jöelle Bouvier | Crédito: Clarissa Lambert
As dezesseis apresentações acontecem entre março e abril
A São Paulo Companhia de Dança (SPCD), corpo artístico da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, gerida pela Associação Pró-Dança e dirigida por Inês Bogéa, prepara-se para mais uma turnê internacional que tem início no dia 10 de março. A Companhia viaja desde 2011 para levar a dança da São Paulo a outros países, neste mês, foi convidada a integrar a programação de renomados teatros na Suíça e França. Das 8 cidades a serem visitadas, 6 são estreias para os brasileiros.
A turnê começa na cidade suíça de Neuchâtel, na qual a SPCD se apresenta pela primeira vez. O palco do Théâtre du Passage receberá no dia 10 de março três obras: Mamihlapinatapai, de Jomar Mesquita com colaboração de Rodrigo de Castro; Agora, de Cassi Abranches; e Odisseia, de Jöelle Bouvier.
Nos dias 13 e 14, já na França, a Companhia apresenta pela segunda vez no Le Cratère, em Alès, o programa Agora, Duo Pássaro de Fogo, de Marco Goecke com remontagem de Giovanni Di Palma, e Odisseia. O repertório foi o mesmo escolhido para a estreia da SPCD no Scène Nationale 61, em Flers, no dia 18.
Na sequência, a Companhia sobe, pela primeira vez, ao palco do Opéra de Massy, na cidade francesa homônima, com as obras Suíte para Dois Pianos, de Uwe Scholz (1958-2004), com remontagem de Giovanni Di Palma; Duo Pássaro de Fogo e Odisseia. Na sequência, as cidades de Sète (dias 24 e 25) e Narbonne (27) recebem os bailarinos para as estreias nos teatros Théâtre Molière -Sète e Théâtre + Cinema Scène Nationale Grand Narbonne, respectivamente. O programa das três noites será composto por Agora, Duo Pássaro de Fogo e Odisseia.
Pela nova vez, a São Paulo Companhia de Dança será recebida pelo público de Lyon na Maison de La Danse, um dos principais teatros da França. As seis apresentações acontecem de 31 de março a 05 de abril e terão as obras Agora; Ngali..., de Jomar Mesquista com colaboração de Rodrigo de Castro; Duo Pássaro de Fogo e Odisseia.
Encerrando esta turnê, a SPCD estreia no teatro La Comédie de Valence com Agora, Duo Pássaro de Fogo e Odisseia. As apresentações na cidade de Valence serão nos dias 07 e 08 de abril.
As turnês internacionais são custeadas pelos contratantes do mercado da cultura internacional, e para sua realização não são utilizados recursos provenientes do Estado de São Paulo. Ainda em 2020, a Companhia fará cerca de 30 apresentações em cidades da Alemanha, Itália, França, Inglaterra e Escócia.
“As apresentação da São Paulo Companhia de Dança em diferentes países vêm para validar a qualidade do trabalho da Companhia, que disputa o espaço em um mercado competitivo e com grande tradição e formação cultural, ombro a ombro com as grandes companhias de dança do mundo. Além disso, é uma importante fonte de captação de recursos para a ampliação das atividades em nosso Estado e para a produção artística da Companhia”, comenta Inês Bogéa, diretora artística da SPCD.
Serviço
Turnê Internacional Março e Abril – São Paulo Companhia de Dança
· 10 de março | às 20h | Théâtre du Passage| Neuchâtel, Suíça
· 13 e 14 de março | às 20h30 | Le Cratère | Alès, França
· 18 de março | às 20h30 | Scène Nationale 61 | Flers, França
· 24 e 25 de março | às 20h30 e 19h, respectivamente | Théâtre Molière -Sète | Sète, França
· 27 de março | às 20h | Théâtre + Cinema Scène Nationale Grand Narbonne | Narbonne, França
· 31 de março a 05 de abril | às 20h30 (terça a sábado) e 15h (domingo) | Maison de La Danse | Lyon, França
· 07 e 08 de março | às 20h | La Comédie de Valence | Valence, França
Ficha informativa das coreografias que serão apresentadas:
Agora (2019)
Coreografia: Cassi Abranches
Música: Sebastian Piracés
Iluminação: Gabriel Pederneiras
Figurino: Janaina de Castro
A terceira criação de Cassi Abranches para a São Paulo explora a palavra tempo em seus possíveis significados: musical com dinâmicas e sonoridades; cronológico com lembranças e expectativas; temperatura com diferentes graus e intensidades. A coreógrafa esculpe os movimentos no corpo de cada bailarino a partir dos ritmos musicais da trilha composta por Sebastian Piracés, que utiliza bateria e elementos de percussão afro-brasileiros, misturados ao rock contemporâneo e ao canto. A obra recebeu o Prêmio APCA de Melhor Coreografia de 2019.
Odisseia (2018)
Coreografia: Jöelle Bouvier
Música: trechos de Bachianas Brasileiras, de Heitor Villa Lobos; trechos de Paixão Segundo São Mateus, de Johann Sebastian Bach; Melodia Sentimental, de Villa Lobos (letra de Dora Vasconcellos); e poema Pátria Minha, de Vinícius de Moraes
Iluminação: Renauld Lagier
Figurino: Fábio Namatame
Assistente de coreografia: Emilio Urbina e Rafael Pardillo
* Produção Associação Pró-Dança e coprodução Chaillot – Théâtre National de la Danse
Odisseia é uma viagem, um reencontro consigo mesmo. Movida pela questão dos migrantes da atualidade, a coreógrafa constrói uma estrutura dramática e poética que aborda temas como mudança, transição, partida e a esperança de uma vida melhor. “Neste momento, somos todos sensíveis a esta questão, que é forte no mundo.”, comenta Jöelle. Bouvier explica que procurou misturar fragmentos das Bachianas Brasileiras com a composição de Bach, Paixão Segundo São Mateus. Ao final temos na voz de Maria Bethânia, a música Melodia Sentimental e o poema Pátria Minha. A obra tem coprodução com Chaillot – Théâtre National de la Danse, na França.
Ngali... (2016)
Coreografia: Jomar Mesquita com colaboração de Rodrigo de Castro
Música: Por Toda a Minha Vida, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, executada por Cibelle; Melancolia e Uma Canção pra Você (Jaqueta Amarela), de Assucena Assucena, executada por As Bahias e a Cozinha Mineira; Segunda Chance, composta e executada por Johnny Hooker; Volta, de Lupicínio Rodrigues, executada por Adriana Calcanhoto; Desejo, de Celso Sim e Pepê Mata Machado; Vai Saber, de Adriana Calcanhoto, executada por Marisa Monte
Iluminação: Joyce Drummond
Figurino: Fernanda Yamamoto
Ngali... tem como referência a peça teatral La Ronde, de Arthur Schnitzler - escrita em 1897 – a obra retrata diferentes relações amorosas que incluem um terceiro – e traz elementos da dança de salão para retratar as diferentes formas de amar. Ngali é uma palavra de origem aborígine da Austrália Ocidental, cujo significado, sem correspondente em outro idioma, é: “nós dois, incluindo você”. Em oposição a outro pronome da mesma língua - Ngaliju - que quer dizer: “nós dois, excluindo você”. No ano da estreia em 2016, a obra conquistou o prêmio de Melhor Espetáculo de Dança pelo Guia da Folha de S.Paulo na categoria voto popular.
Mamihlapinatapai (2012)
Coreografia: Jomar Mesquita com colaboração de Rodrigo de Castro
Músicas: Te Amaré Y Después, de Silvio Rodrígues executada por Marina de La Riva; No Se Nada, de Rodrigo Leão; Tema Final, de Cris Scabello; As Rosas não Falam, de Cartola e Grupo Planetangos
Iluminação: Joyce Drummond
Figurino: Cláudia Schapira
Um olhar compartilhado por duas pessoas, cada uma desejando que a outra tome uma iniciativa para que algo aconteça, porém, nenhuma delas age. Este é o significado de Mamihlapinatapai, palavra indígena originária da língua yaghan, de uma tribo da Terra do Fogo. O coreógrafo Jomar Mesquita utiliza elementos descontruídos da dança de salão para criar a peça, com movimentos que tratam da relação entre homens e mulheres.
Duo Pássaro de Fogo (2010)
Coreografia, palco e figurino: Marco Goecke
Música: The Firebird (Berceuse e Final), de Igor Stravinsky (1882-1971)
Dramartugia: Nadja Kadel
Iluminação: Udo Haberland | Versão para SPCD: Wagner Freire
Remontagem: Giovanni Di Palma
Marco Goecke criou este pas de deux para a música de Stravinsky - composta para o balé de Michel Fokine, The Firebird, estreado em 1910 - na ocasião dos 100 anos da obra, durante o Holland Dance Festival (2010). Goecke remodela o que na época estava totalmente de acordo com o caráter dos contos de fada russos originais – a luta de Ivan Tsarevich contra o mágico Koschei para libertar Tsarevna e seus companheiros do cativeiro – desembocando em um encontro entre duas criaturas tímidas. Utiliza dois trechos da música de Stravinsky: o acalanto no qual o mítico pássaro faz todos adormecerem com sua mágica e o trecho final da obra. Seu dueto pode ser interpretado, inclusive, como um encontro entre o pássaro de fogo e o príncipe, duas criaturas de diferentes naturezas: um pássaro que dança e um humano que voa”, fala Nadja Kadel, produtora e dramaturga de Goecke.
Suíte para Dois Pianos (1987)
Coreografia, cenário e figurino: Uwe Scholz (1958-2004)
Músicas: Suíte para Dois Pianos, Opus 17 de Sergei Rachmaninoff (1873-1943), interpretada por Martha Argerich e Nelson Freire
Iluminação: André Boll
Remontagem: Giovanni Di Palma
Em Suíte para Dois Pianos, o coreógrafo alemão Uwe Scholz criou movimentos inspirados nas reflexões do artista plástico Wassily Kandinsky e na música do russo Sergei Rachmaninoff. Quatro obras de Kandinsky são projetadas ao fundo da cena, ampliando a relação entre as diferentes artes. Uwe foi um coreógrafo que espelhou na dança a estrutura, as dinâmicas e as intensões da música.
SÃO PAULO COMPANHIA DE DANÇA
Direção Artística e Executiva | Inês Bogéa
Criada em janeiro de 2008, a São Paulo Companhia de Dança (SPCD) é um corpo artístico da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, gerida pela Associação Pró-Dança e dirigida por Inês Bogéa, doutora em Artes, bailarina, documentarista e escritora. A São Paulo é uma Companhia de repertório, ou seja, realiza montagens de excelência artística, que incluem trabalhos dos séculos XIX, XX e XXI de grandes peças clássicas e modernas a obras contemporâneas, especialmente criadas por coreógrafos nacionais e internacionais. A difusão da dança, produção e circulação de espetáculos é o núcleo principal de seu trabalho. A SPCD apresenta espetáculos de dança no Estado de São Paulo, no Brasil e no exterior e é hoje considerada uma das mais importantes companhias de dança da América Latina pela crítica especializada. Desde sua criação, já foi assistida por um público superior a 732 mil pessoas em 17 diferentes países, passando por mais 142 cidades em cerca de 960 apresentações. Desde sua criação, a Companhia já acumulou mais de 30 prêmios nacionais e internacionais. Além da Difusão e Circulação de Espetáculos, a SPCD tem mais duas vertentes de ação: os Programas Educativos e de Sensibilização de Plateia e Registro e Memória da Dança.
INÊS BOGÉA - Direção Artística e Executiva | Inês Bogéa é doutora em Artes (Unicamp, 2007), bailarina, documentarista, escritora, professora no curso de especialização Arte na Educação: Teoria e Prática da Universidade de São Paulo (USP) e autora do “Por Dentro da Dança” com a São Paulo Companhia de Dança na Rádio CBN. De 1989 a 2001, foi bailarina do Grupo Corpo (Belo Horizonte). Foi crítica de dança da Folha de S. Paulo de 2001 a 2007. É autora de diversos livros infantis e organizadora de vários livros. Na área de arte-educação foi consultora da Escola de Teatro e Dança Fafi (2003-2004) e consultora do Programa Fábricas de Cultura da Secretaria de Cultura do Estado (2007-2008). É autora de mais de quarenta documentários sobre dança.
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