O MUNDO ESTÁ DE LUTO.

A maestrina Naomi Munakata, de 62 anos, morreu no dia 26/03/2020 por complicações da covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Ela foi a segunda regente falecida nesta semana em decorrência da pandemia. Ontem, morreu o maestro Martinho Lutero Galati, aos 66 anos de idade.
Naomi Munakata foi internada há cerca de uma semana no Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, com complicações pulmonares decorrentes da doença. Ela precisou ser entubada e também desenvolveu insuficiência renal, motivo pelo qual precisou ficar em hemodiálise contínua.
O maestro Martinho Lutero foi internado no último dia 17, com um quadro de gripe que evoluiu para pneumonia. O primeiro teste para coronavírus deu negativo, e o positivo do segundo só foi divulgado durante o processo de redação da certidão de óbito. Lutero havia voltado da Itália há duas semanas e nos dias 13 e 14 de março chegou a reger concertos na comemoração dos 50 anos do Coro Luther King, que ele mesmo criou.

Naomi Munakata
Naomi Munakata iniciou os estudos musicais ao piano aos 4 anos e começou a cantar aos 7, no coral regido por seu pai, Motoi Munakata. Formou-se em Composição e Regência em 1978, pela Faculdade de Música do Instituto Musical de São Paulo, na classe de Roberto Schnorrenberg.
A vocação para a regência começou a ser trabalhada em 1973. Anos depois, essa opção lhe valeria o prêmio de Melhor Regente Coral, pela Associação Paulista dos Críticos de Arte.
Estudou ainda regência, análise e contraponto com Hans-Joachim Koellreutter e viajou à Suécia para estudar com o maestro Eric Ericson. Aperfeiçoou-se em regência na Universidade de Tóquio. Foi regente do Coral Sinfônico do Estado de SP de 1995 a 2000 (ULM) e do Coro da Osesp de 2001 a 2015. Era a regente titular do Coral Paulistano.

Martinho Lutero Galati
Morreu na madrugada desta quinta-feira, dia 26, aos 67 anos, o maestro brasileiro Martinho Lutero Galati de Oliveira, uma das principais autoridades do País em música coral, criador da Rede Cultural Luther King e da Camerata Sé. Ele estava internado em São Paulo e sofreu uma parada cardíaca. Foi diretor artístico do Coral Paulistano, do Theatro Municipal de São Paulo, entre 2013 e 2016.
Nas redes sociais, a família do maestro informou que ele será cremado na tarde desta quinta-feira e pediu que homenagens sejam deixadas para um momento futuro em função dos cuidados com o novo coronavírus. “Sugerimos que todos permaneçam em casa e deixemos a tão necessária confraternização e homenagem para um futuro próximo dada a gravidade da crise pela qual passamos e aos riscos de contaminação”, diz o texto publicado no Facebook pela Rede.
Martinho Lutero dedicou sua trajetória à música coral – acreditando que por meio dela era possível estabelecer diálogos entre culturas. O Coro Luther King foi criado em São Paulo em 1970 e recebeu prêmios como o da Associação Paulista de Críticos de Arte, tendo se apresentado em países como a Itália, Portugal, França, Alemanha, Cuba, Angola e Tunísia.
Sua meta é “colaborar para a construção do canto coral, formando e preparando milhares de pessoas para a vida musical, artística e cidadã, realizando música do passado e do presente, promovendo externamente o desenvolvimento, a difusão da literatura coral brasileira e a reflexão e o crescimentos das pessoas”.
Em 2020, a Rede Cultural Luther King completa 50 anos. Além do coro, faz parte do projeto a Camerata Sé, que vinha se apresentando na Catedral da Sé, em São Paulo, além de propor projetos originais, como a apresentação da ópera Treemonisha, de Scott Joplin, com os artistas da Ocupação Cultural Jeholu, que se dedica a pensar coletivamente a identidade negra e seu protagonismo a partir dos terreiros.
Lutero também desenvolvia trabalho na Itália, onde criou o coro Cantosospeso e era professor no Instituto di Musicologia di Milano e na Libera Università di Lingue e Comunicazione. Nos anos 1980, trabalhou na África, onde criou a Associação Cultural Tchova Xita Duma, em Maputo, Moçambique.

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