RECORDANDO SANDICES DE 2019: ARTISTA LÍRICO BRASILEIRO ADORA SER CHAMADO DE "IMORTAL" E "COMENDADOR". ARTIGO DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.

 

   Ocorreu um fenômeno prosaico em 2019, coisas que só são valorizadas nessas terras, como jabuticaba, só tem no Brasil. Uma chuva de condecorações com comendas e posses em academias que ninguém sabe a real função. Os mesmos se intitulam de "imortais" e "comendadores". Diversas "personalidades" de lírica postam orgulhosas nas redes sociais a posse e recepção da comenda. Até fiquei assustado com alguns nomes presentes. Juram de pé junto que não pagam nada por isso, mas conversas de bastidores informam que é cobrado para a confecção da comenda e do diploma um valor de R$ 1500,00 a R$ 5000,00. Os elogios nos comentários são muitos, temos sopranos, tenores, diretores, um pouco de tudo. Para que servem esses "títulos honoríficos"? A resposta é de Cláudio Arrau:

"A velha fórmula brasileira de dar títulos honoríficos para lustrar a vaidade de pessoas cujo merecimento artístico e esforço pessoal é bastante discutível, além de se congregar alguns para fins de obter maior prestigio reunindo-os sob tutela. Também uma forma de esticar pequenos tentáculos para conseguir as coisas. Algo parecido com a moda de distribuição de "comendas" que voltou, são pagas e dão dinheiro aos que as distribuem. O Brasil de sempre que em geral prestigia e reúne medíocres que se dão títulos e honrarias uns aos outros e nunca permitiram que outros que muito se esforçam sejam reconhecidos.

O problema destas "associações" está em que "reconhecem" quem naturalmente se sente envaidecido com estes títulos fazendo com que estas pessoas mintam a si mesmas. Assim discordam de quem eventualmente lhes diz algo que possa ser benéfico para o crescimento artístico e do meio, pois já estão reconhecidas e orgulhosas por seu nível que não precisa mais de nada a melhorar um pouco. 


"O maior obstáculo a um artista é vaidade, vaidade, vaidade". Claudio Arrau.

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