WAGNER - 200 : A ESTRELA BRILHA. ARTIGO DE MARCUS GÓES NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
De vida, sim, porque um artista dessa estatura, inovador, transformador, inventor e influenciador é imune ao tempo e, dentro de sua área de atividades, capaz de ultrapassar a velocidade da luz. Um Richard Wagner não morre nunca. Só conta tempo. E hoje estamos todos contando duzentos anos desde sua aparição neste mundo. Essa foi a indelével impressão que tive ao ver pela primeira vez no quintal/jardim de Wahnfried, sua casa de Bayreuth, sua modesta e comovente lápide tumular.
A exata dimensão desse artista não é bem configurada com referências à sua obra em detalhes técnico/musicais, como faz a enorme maioria de seus biógrafos, comentadores e estudiosos, ao relatar ora o cromatismo do Tristão, ora o abandono do recitativo, ora as audácias harmônicas do Anel, ora a continuidade do discurso musical, ora a variedade e o exotismo do ritmo. O que Wagner fez foi mudar o aspecto geral da música no seu colorido geral, jogando em cima de suas obras uma tinta que açambarca e envolve toda sua obra, a partir de O Navio Fastasma até Parsifal. O ouvinte capaz, ao ouvir uma composição de Wagner, SEMPRE saberá que ela é DE WAGNER. A marca é poderosamente pessoal. O selo é multifacetado mas uniforme no seu todo.Wagner, a exemplo de seus antecessores de igual porte, como Bach e Beethoven (os únicos de igual porte) influenciou e ainda influencia, gerações de compositores. Certas partituras de programas de TV, muitas trilhas sonoras de filmes, musicais e vaudevilles, jingles de anúncios comerciais, retretas e composições ditas “populares” trazem dentro de si aquele “quid” wagneriano nos acordes, nos intervalos, nos ritmos, nas combinações harmônicas, naquela “tinta geral” que tudo cobre. Alfred Newman, Dimiter Tiomkin, Maurice Jarre, Lloyd Webber e Tim Rice que o digam.
Duzentos anos depois de seu surgimento, a estrela brilha como nunca.
O DU MEIN HOLDER ABENDSTERN (TANNHÄUSER)
MARCUS GÓES- (1939-2016)
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