MUSICA EM MINAS - O MEIO MUSICAL REGIONAL. ARTIGO DE ISAAC CARNEIRO VICTAL NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.

    De uns tempos para cá,me dei conta que neste blog pouco falei do lugar onde vivo. Vou aproveitar para contar algumas curiosidades sobre a Filarmônica de Minas, a melhor orquestra brasileira sem sombra de duvidas. 
   Na capital mineira, erguida pelo governo do nada no centro do Estado,também por determinação governamental formaram uma orquestra de uma hora para a outra, enchendo as estantes de músicos estrangeiros. O que fizeram de diferente do governo paulista por aqui foi abrigar os músicos que não passaram no teste para a Filarmônica na Sinfônica de MG, orquestra encarregada de acompanhar as óperas apresentadas no Palácio das Artes. Além de também oferecer uma temporada de concertos neste recinto. Em SP o governo mandou os músicos demitidos da OSESP para um conjunto chamando Sinfonia Cultura, logo em seguida dissolveu a banda, que seria em seu momento a única orquestra estatal de Rádio e TV do Brasil.
     A melhor sala de concertos do Brasil também fica em BH. Falo literalmente de cadeira,sentando-se perto ou longe do longe do palco,na Sala Minas Gerais não se perde nada.Bem diferente da Sala SP,onde temos que ficar procurando um bom lugar de acordo com o repertório.Não dá para dormir num concerto na Sala MG como muitos fazem na SP,os pianíssimos nunca são inaudíveis na sala mineira e os músicos parecem nem precisar fazer tanta força para chegar a um fortíssimo.Nunca existiu uma coisa dessas no Brasil,uma acústica assim perfeita.O único problema atual desse notável ensemble sinfônico sediado em BH é estarem colocando o jovem Jose Soares para dirigir concertos agora na pandemia.A orquestra decai muito quando está sob a direção desse rapaz,talvez daqui uns anos quem sabe ele melhore.Na arte o ditado a pressa é inimiga da perfeição,  é ainda mais verdadeiro do que na vida.
   Essa sala e essa orquestra eram o que Belo Horizonte precisava,uma cidade recente sem tanta história e tantas atrações turísticas como o Rio,São Paulo,Salvador,Recife e Porto Alegre,outras capitais do porte da capital de Minas.Cada vez que viajo para BH,nota-se a elite mineira hoje está deixando de morar lá e subindo a Serra do Curral,cada vez mais está se estabelecendo na cidade vizinha de Nova Lima.Como sempre faz a elite brasileira fugindo dos pobres,chegam a trepar até os 1200,1300,1400 metros de altitude para respirar o ar puro que não se encontra na grande metrópole mineira,numa espécie de imitação do estilo estadunidense de se morar,em condomínios situados mais ou menos na beira da estada BR-040.
   Essa mesma estrada leva até Juiz de Fora,onde vivo.Recomendo inclusive esse trajeto rodoviário,especialmente entre Rio e Juiz de Fora, como um dos mais belos trajetos por qualquer rodovia brasileira. Espetaculares paisagens montanhosas nesse trecho Minas-Rio.De vários pontos altos de Juiz de Fora dá para se ver as montanhas da região serrana de Petrópolis RJ,digo isto para se ter uma noção de nossa tão falada proximidade com o Rio.
   Enquanto BH está no topo,Juiz de Fora está no fundo do poço.O melhor concerto de uma orquestra brasileira que eu já assisti foi ano passado,na Sala Minas Gerais,quando Fabio Mechetti e Joyce Yang ao piano apresentaram um programa com obras de Ravel,Prokofiev e Dutilleux beirando a perfeição.Sempre que eu assisti ao vivo a OSESP tocar repertório difícil,as falhas da orquestra sempre se fazem notar.Quando tocam tudo certinho,temos uma interpretação sem graça.No entanto a banda mineira é mantida com muitos menos dinheiro que a banda paulista.O atual governador Zema chegou a chamar a obra da Estação da Cultura Itamar Franco,esta inclui a Sala de Concertos, de "monstruosidade da elite".Voltou atrás depois,sabe-se que falou isso apenas para atacar seus adversários na última eleição;um iniciou a obra Antonio Anastasia-PSDB,outro terminou Fernando Pimentel-PT.De qualquer maneira Zema não dá dinheiro para a orquestra do estado se apresentar no interior e o povo poder ouvir a orquestra.A Filarmônica (fundada em 2008) nos seus primeiros anos vinha a JF todo ano,atualmente não aparece por aqui há anos!
   Para piorar o principal evento de música clássica de Juiz de Fora,o Festival de Música Colonial e Música Antiga,definha a olhos vistos desde que passou a ser realizado pela universidade pública daqui.Sempre critiquei a família Sousa Santos que organizava o evento anteriormente,pois a estrela de todos os festivais que organizavam sempre foi o Luis Otávio Sousa Santos,a ponto dele ter ganhado o apelido de bezerro de ouro tal a bajulação em torno desse artista.Ele é atual diretor da setor de música antiga da EMESP e já regeu a OSESP mas curiosamente não a Filarmônica de MG.
    O clã mais musical de Juiz de Fora esperava que ao transferir o evento que promoviam para a UFJF não faltariam dinheiro e estrelas nos festivais.Aconteceu justamente o contrário,a universidade nem sequer realiza todos os eventos que a Pró Música dos Sousa Santos já realizava.Bem que um amigo me disse "essa universidade é uma burocracia danada,eles lá só pensam em cargo,não queren fazer nada,agora acabou a Pró Música!"Ele tinha razão.Enquanto os Sousa Santos tinham que organizar eventos para correr atrás de patrocínio,os funcionários da Universidade já possuem cargo e salário e mesmo sem fazer nada,não deixam de receber.O festival que era um dos maiores acontecimentos de Juiz de Fora hoje se resume a meia dúzia de concertos para meia dúzia de eruditos de universidade.
   Juiz de Fora,antes conhecida como Manchester Mineira,tem como principal atração não uma Igreja numa praça,como a maioria absoluta das cidades do interior do Brasil.mas um dos maiores e mais lindos teatros de época do país.Para se ter uma noção,o Cine Theatro Central possui capacidade para 1881 espectadores!Nem no Municipal de SP nem na Sala SP cabem pouco mais de 1500 pessoas.Essa urbe com pouco mais de 500 mil habitantes é a segunda cidade do brasil com mais teatros per capita segundo uma notícia que saiu no jornal local Tribuna de Minas.Temos quantidade e qualidade de teatros,só não temos eventos!
   Isso se explica através da história de pioneirismo industrial no Brasil da Manchester Mineira e subsequente abandono da cidade depois que BH,30 anos após ter sido inaugurada,conseguiu ultrapassar Juiz de Fora em população.Eu não sou enciclopédia ambulante e nem quero importunar o público do blog com nomes e datas,mas muita coisa aconteceu pela primeira vez no Brasil aqui. Desde a primeira usina hidroelétrica para gerar eletricidade até o primeiro evento LGBT do Brasil,Miss Brasil Gay. De fato aqui temos muitos LGBTs como eu e o povo daqui é vaidoso e adora concursos de beleza,quase uma natural daqui ganhou o Miss Universo em 2007!
   Como devido ao Coronavírus nossa vida cultural que ia mal agora morreu de vez,a política virou o grande assunto.Aqui foi a única cidade de porte razoável do Brasil (exceto Mauá,Diadema e Contagem,satélites respectivamente da grande SP e grande BH) onde o PT conseguiu ganhar a prefeitura.Os bolsonaristas de toda região estão loucos,ontem ouvi um velho direitista cantarolar uma paródia de uma marchinha.Era assim:"Margarida Salomão Salomão Salomão,de dia é Margarida,de noite é Salomão!"Esse é o nome da prefeita eleita petista,deputada e ex reitora da UFJF.Tenho um amigo que foi aluno dela.O ex pupilo da senhora reitora afirmou que ela não nega nem confirma nada sobre a vida privada.AI EU AMO JUIZ DE FORA!


Isaac Carneiro Victal.

Comentários

  1. Agradeço mais uma vez ao Ali Ayache,pela liberdade que encontro aqui,de falar tudo de tudo e de todos!Esse artigo Música em Minas é o último da série sobre o nosso meio musical,o próximo será sobre o jubileu Beethoven.

    Isaac Carneiro Victal

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