MARIA LÚCIA GODOY, A VOZ AVELUDADA DO BRASIL. ARTIGO DE MARCO ANTÔNIO SETA NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.

                                              Maria Lúcia Godoy, por retrato de Alberto Delpino

   Sua estreia nos Estados Unidos foi no Carnegie Hall, em 1967, em New York, onde cantou a Bachianas n. 5, de Heitor Villa-Lobos, acompanhada pelo maestro Leopold Stokowski (1882-1977) à frente da American Symphony Orchestra, tendo assegurado, na plateia, audiência de personalidades como Leonard Bernstein (1918-1990). Sobre o concerto no Carnegie Hall, Godoy recebeu de Stokowski a seguinte crítica: “Não apenas a beleza da voz, mas uma interpretação criadora. Uma artista!”.
                            Maria Lúcia Godoy com Bidu Sayão em sua estreia no Carnegie Hall, Nova Iorque.

Natural de Mesquita, (MG), graduou-se  em Letras Neolatinas na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais. Estudou canto com o maestro Gambardela, no Rio de Janeiro, e com Margueritte von Vinterfeld, na Alemanha. Recebeu a seguinte crítica : -... "Suas gravações de Villa-Lobos criaram um novo padrão na interpretação vocal. Na primeira vez que a ouvi pessoalmente, ela cantava à frente da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo em 1971, a Floresta Amazônica, do mestre Villa-Lobos, onde a voz aveludada,  e sua sensibilidade expressada em coloridos orquestrais, nos transportavam para um horizonte desconhecido, mas de carater genuinamente brasileiro." (Marco Antônio Seta).  Todo o seu repertório do grande e maior compositor brasileiro de todos os tempos, como também Bach, Mozart e Mahler a colocam num patamar único e inigualável entre as cantoras brasileiras do Século XX. 
A cantora se apresentou, ao longo de sua carreira, em países da Europa como França, Espanha, Alemanha e Holanda. Cantou em mais de 30 cidades no Japão, entre as quais, Tókio, Kioto e Mebashi. Foi solista em concertos no Oriente Médio e na América Latina, sempre apresentando obras brasileiras. Foi regida por nomes como Isaac Karabtchevsky, Henrique Morelenbaum (1931), Mário Tavares (1928-2003), Johannes Hoemberg (s.d.), Wolker Wangehein, Simon Blech, Roberto Schnorrenberg, Bliss Johnston Calderbank,  e Roberto Duarte (1941).
Maria Lúcia Godoy foi ovacionada quando de sua participação na Nona Sinfonia ao lado de Maria Kallay (soprano austríaco), Douglas Zerbo e Zuinglio Faustini, sob a direção de Wolker Wangehein com o Coral Municipal de São Paulo e a Orquestra Sinfônica Municipal (1972) na abertura da temporada sinfônica do Theatro Municipal de São Paulo. Repetiu-se a mesma obra na abertura da temporada  (1977) em homenagem ao sesquicentenário de nascimento de Beethoven,, também no Theatro Municipal de São Paulo, sob a batuta do Mtrº Simon Blech.
 Suas participações como soprano solista aconteceram em orquestras de renome internacional como a English Chamber Orchestra, a Orchestre Philharmonique de Monte-Carlo, a Houston Symphony, a Contrapuncti Music Orchestra, a Detroit Symphony Orchestra, a Tulsa Philharmonic, a Pro Musik Orchester de Colonia, além das principais orquestras brasileiras, dentre elas a Orquestra Sinfônica do Rio de Janeiro, a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo e a Orquestra de Câmara Pró-Música.
Igualmente à vontade na ópera, apresentou-se como Liú, de "Turandot", em 1976 no Municipal do Rio de Janeiro; nas óperas "Cosí Fan Tutte" e "As Bodas de Fígaro", de Mozart, "Il Matrimonio Segreto", de Cimarosa, todas com imenso sucesso no Theatro Municipal de S. Paulo e no "Barbeiro de Sevilha", de Rossini,  entre outras no TMRJ - RJ. 
Intérprete também dos compositores brasileiros gravou inúmeros long-plays e CDs com obras de Antônio Carlos Jobim (1927-1994)< Tom Jobim; Chico Buarque, Waldemar Henrique (1905-1995), Carlos Alberto Pinto Fonseca (1933–2006), regente fundador do Ars Nova – Coral da UFMG, e Francisco Mignone (1897-1986), que dedicaram a ela diversas obras. Sempre atuando em prol da interpretação e da divulgação do canto lírico em língua vernácula, participou da estreia da ópera Tiradentes, de Manoel Joaquim de Macedo (1847-1925), em 1992. Citamos ainda a canção Mãe d’água, composta por Guerra-Peixe (1914-1993) em 1969, especialmente para o disco Maria Lúcia Godoy e o canto da Amazônia.

Fonte de informação extraída de Movimento.com. Segue um Youtube de Sabiá, na voz de Maria Lúcia Godoy, escrito especialmente por Tom Jobim à cantora : "Dedico esta canção `a  Maria Lúcia Godoy, como só ela saberá cantar !..." 



Escrito por Marco  Antônio Seta em 22 de Janeiro de 2021.
Diplomado em piano, teoria, história da música, harmonia e contraponto, no Conservatório "Carlos de Campos", em Tatuí - (SP)
Licenciado em Artes Visuais pela UNICASTELO  e em Jornalismo pela FCL em São Paulo / SP 
Inscrições sob nº 61.909  MTB - SP  e nº 54918 OMB

Comentários

  1. Leia-se : ( no § 3º) sesquicentenário de morte, referente às comemorações do compositor Beethoven; e não como constou.

    ResponderExcluir
  2. Que bom saber que nossa brasilidade também tem vozes femininas que marcaram suas presenças no cenário internacional. Hoje se fala tanto em globalização nos mais diversos cenários e, a música fazendo vanguarda há algumas décadas.

    ResponderExcluir
  3. Roberta Gelio Mancini disse: Nobre o Artigo sobre Maria Lúcia Godoy, digno de uma diva do canto da música brasileira, comentado por tão ilustrado crítico, conhecedor de nosso meio musical, de nossos núsicos, maestros e cantores, o pianista e jornalista Marco Antônio Seta. Parabéns !

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas