BAILARINA ANA BOTAFOGO ESTREIA COMO COREOGRAFA PELA SÃO PAULO CIA DE DANÇA. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.
O retorno das atividades da São Paulo Cia de Dança com a abertura da temporada intitulada de Tempos de Travessia contou com a presença do público e transmissão simultânea ao vivo. Esta é uma atitude que merece elogios. Todos os protocolos de segurança foram seguidos no último dia 19 de Junho no Teatro Sérgio Cardoso. Enquanto isso o inchado de barnabés Theatro Municipal de São Paulo não apresenta nada, nem sua página na internet é atualizada com mínima decência.
A estreia da grande bailarina Ana Botafogo como coreografa se inicia com uma obra de enorme desafio. Les Sylphides (não confundir com La Sylphide, que é outro balé de época, música e coreografia distinta). Poderia ter escolhido algo mais palatável e fácil, optou pela complexidade e se enrolou em algumas passagens.
Um jovem sonhador caminha pela floresta rodeado de belas sílfides. Diversos números são apresentados sem uniformidade mostram o desenvolver da ação. Os passos nem sempre conectados a música e a simplicidade deles torna-os deveras cansativos após muitas cenas. A coreografa poupou os bailarinos, fazendo-os ficar em uma zona de conforto, poderia e deveria ter exigido mais desafios. Por conhecer todas as coreografias da companhia sei que os mesmo têm condições técnicas de apresentar maior rendimento. Tom sempre escuro das cenas evoca um clima de mistérios.
O cenário é simples, um arroz com feijão sem bife de Fabio Namatame. Os figurinos da Tânia Agra acertam a beleza visual. A luz de André Boll cria um clima de mistério à peça.
Uma grande sacada foi apresentar no intervalo, com o público em suas respectivas cadeiras pelo telão, a preparação para apresentação da coreografia Só Tinha Que Ser Com Você de Henrique Rodovalho. Do balé clássico a dança contemporânea em um piscar de olhos. Essa cominação pode assustar os mais desavisados, mostra o ecletismo coreográfico da São Paulo Cia de Dança.
Só Tinha Que Ser Com Você de Henrique Rodovalho explora o Brasil na voz sentimental de Elis Regina, trilha sonora baseada no disco "Ellis e Tom". Todo o clima é urbano, moderno e em constante transformação. Explora a memória de tempos pretéritos, contrastes unidos em uma coreografia refletiva ao extremo. Movimentos leves, sem grandes exageros e muitas vezes suaves refletem toda a forma de pensar do coreografo.
Ali Hassan Ayache
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