O JOGO VIROU - É O FUNK NO THEATRO MUNICIPAL DE SP.


 

   A discussão é complexa, muitos a favor e outros contra. É relevante usar o Theatro Municipal de São Paulo para outros tipos de eventos? Sabemos que sua vocação é a ópera, a dança e a música clássica. A nova direção quer ficar bonita na foto e resolveu entrar na turma da "inclusão" tão na moda ultimamente. Digo que sou a favor de qualquer expressão artística, mas vejo que existem espaços para todos. A Prefeitura de São Paulo tem diversos outros teatros e locais para todas as formas de expressão artística. Por que tem que ser no Theatro Municipal de São Paulo? 

   Enquanto isso a classe se cala, somente um cantor teve a coragem de se manifestar publicamente contra a utilização do Theatro Municipal de SP.

Abaixo segue um excelente texto publicado na internet de Chico Carvalho:

“Não, senhores, não se presta serviço algum botando funk no Palco do Theatro Municipal (Theatro com H para fazer eriçar os ânimos dos desconstruídos de plantão). Não saem ganhando nem o funk, tampouco o referido endereço da Praça Ramos de Azevedo. É o mesmo que inaugurar um McDonald's no centro do Louvre. E vejam bem, não há aqui qualquer crítica pejorativa à casa de hambúrgueres, muito ao contrário. Quem não é adepto dum belo combo com fritas em intervalos regulares não sabe o que é viver - quem duvidaria de que há propriedades éticas maravilhosas e urgentes num sundae de chocolate com calda quente? Falo é da ideia estapafurdia de misturar os cardápios com a falsa sensação de que se está popularizando alguma coisa. Não, não está.

O Theatro (com H) oferece um outro tipo de experiência gastronômica, o jantar é outro, bem mais difícil e demorado. Isso significa que é coisa restrita a eruditos trajados com fraque e cartola? Muito pelo contrário. Também duvido de que seja 'mais caro' que um belo pancadão. Não sei agora, mas eram corriqueiras as manhãs sinfônicas gratuitas, não se depositava tostão algum para assistir a Orquestra Sinfônica Municipal tocar os grandes clássicos da música instrumental (alguém aí vislumbra o Beethoven lascando um ketchup no Quarteirão com Queijo?).
E ademais, qualquer um que frequenta esse tipo 'esnobe' de território sabe que existem um sem número de projetos sociais de caráter inclusivo, de academias formadoras de novos músicos, de campanhas de estimulo ao universo poético em questão, de entendimento que um ingresso não pode custar o valor dum rim para quem não dispõe dum rim extra para negociar (a Sala São Paulo e a OSESP são outro magnífico exemplo das políticas citadas acima).
O que quero dizer é que a proposta do bendito Theatro (daquele Theatro em específico) deveria ser justamente tornar acessível o que é clássico, porque algo só é clássico porque é antes de tudo popular, e a nossa distância a esse departamento diz mais respeito a uma agenda de idiotização, a uma preguiça congênita (ou burrice exemplar e ostentatória) do que a uma hipotética inacessibilidade incrustada nos grandes cânones da música e das artes dramáticas (tô falando bonito para ver se os convenço!).
Não, senhores, de nada adianta botar uma banca do Romero Britto ao lado da Monalisa, nada se torna de domínio geral ao substituir o 'convescote' do Machado de Assis pelo 'piquenique', como queria há algum tempo aquela sábia professora {SIC} de português. Aprumem o pincenê nas vossas vistas míopes e respeitem o sentido da palavra tradição, que infelizmente virou sinônimo de reacionarismo de direita, e notem que a dificuldade de encarar um Bach e um Shakespeare é proporcional à beleza de encontrá-los lá adiante, basta um pouco de silêncio, paciência, estudo e dedicação.
Bach e Shakespeare só chegaram até aqui porque são 'pops', literalmente do povão. Ninguém duvida de que há expressões legítimas e potentes em qualquer linguagem artística, agora só não me venham misturar os pratos do banquete porque isto mais parece estratégia de marketing do que qualquer outro serviço de ordem pública. E também, nesse caso, de pouco adianta evocar que a função da arte é romper com tradições. A esse respeito não há qualquer dúvida (salve a famosa semana de 1922!), mas imaginem aí o Brahms indo com o popozão até o chão ao som dum naipe de chocalhos de alpiste... Isso não rompe nada para nenhum dos lados envolvidos. Só dá vontade de rir (ou de chorar).”
Chico Carvalho

Comentários

  1. Não concordo com esse tipo de música. Digo não é música e um som.

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    1. Não nem música e nem som, é ruído descoordenado, é impossível entender uma única palavra pronunciada num funk....

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  2. Esse texto traduz a mais pura expressão reacionária do pensamento wue está encrustado no nosso subconsciente. Mesmo querendo ponderar o discurso nota-se o latente elitismo e a falta de compreensão da realidade e vastidão do nosso país.

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    1. Elitismo é cobrar mais de R$ 50,00 no ingresso, em 2019 cheguei a ver óperas pagando R$ 15,00 o ingresso, concertos a R$ 5,00, quem gosta de funk tem um extremo mal gosto e extrema falta de cultura é um absurdo o Theatro Mvnicipal ter esse uso, com o Haddad tivemso excelentes óperas e excelentes espetáculos mas nosso povo burro não consegue deixar de lado o preconceito e vota sempre no psdb que é de longe a maior desgraça do Brasil, a Erundina quando foi prefeita fez uma grande reforma no Thetro Mvnicipal, e o Haddad espalho a Cultura pela cidade quando foi prefeito mas não votaram nele por causa das bicicletas....

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  3. O Theatro Municipal tem a sua vocação para a ópera, os concertos sinfônicos, espetáculos de balé, tem naquele palco o seu melhor cenário e acolhimento. Lá é o seu lugar, a sua casa !
    Alí devem ser realizados os espetáculos líricos e de Ballet, da Orquestra Sinfônica; e não os de Funk, Rock, Forró, Pagode e Axé. (Agendado e anunciado já, para o sábado, 17/7 : espetáculo de Rock !

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  4. Nos tempos áureos desse teatro, assisti na tarde de um sábado às 17h00 grandes coros de óperas (com ingresso gratuito ao público) nos arcos da Orquestra Sinfônica Municipal e nas vozes do Coral Lírico do Teatro Municipal. (Verdi, Mascagni, Wagner, Carlos Gomes e Puccini), foram alvos do programa !

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