NINGUÉM VAI GANHAR OU PERDER, VAI TODO MUNDO PERDER! ARTIGO DE ISAAC CARNEIRO VICTAL NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.

 


Coloquei como título do meu texto essa frase famosa da dona Dilma Rouseff, sentença essa que na época em que foi proferida pela presidenta foi mal compreendida mas hoje em 2021 faz muito sentido. O contexto em que a frase foi proferida parece se referir a uma disputa entre setores liberais nos costumes e religiosos conservadores.


Coloquei esse título pois quero polemizar com a imposição da política identitária nas artes. Primeiramente a arte e os artistas devem serem julgados apenas pelos seus méritos como artistas. Eu aqui nesse blog por exemplo critiquei o maestro James Levine dessa maneira. É absurdo iniciar uma fogueira santa e negar todo os legado de artistas que pisaram fora da linha. Artistas também podem ser pessoas más e até cometerem crimes. Richard Wagner é um exemplo notório. O que nos interessa dele hoje é a obra, a pessoa já morreu muito tempo atrás, não pode mais aprontar nenhuma estripulia.

A inclusão das minorias por ex. negro, mulheres e LGBTs não será feita por campanhas de inclusão. Nas orquestras brasileiras quase não vemos negros por exemplo, isso se dá pois os descendentes de africanos na nossa sociedade não possuem o padrão de vida dos brancos. Da mesma maneira na África não gozam da mesma riqueza que os europeus. O acesso aos bens artísticos depende de uma certa condição econômica assim como acontece com outros bens. Apenas uma melhoria da condição dos negros como um todo pode tornar negros em orquestras mais comuns por exemplo.

A mesma coisa serve para as mulheres. A partir do momento que elas se libertarem do fardo de serem donas de casa aumentará o número de mulheres nas artes.

A opressão das mulheres, negros e dos LGBTs ainda é grande nos cantões rurais e religiosos mas é cada vez menor nos meios urbanos e industriais. Desde a Revolução Industrial o mundo viveu mudanças como nunca se viu antes. Não é por nada que o nosso presidente conservador já disse que gostaria de ser um JK ao contrário. Este industrializou o Brasil e avançou 50 anos em cinco. Bozo afirmou querer retroceder 50 anos em cinco desindustrializando o Brasil e o transformando numa grande fazenda. Como uma vez pouco antes do golpe militar do general Videla na Argentina, a segunda mulher de Perón proferiu num discurso: "Querem(os golpistas) tornar a Argentina um país pré-industrial".
   
Podemos compreender nesse sentido o fato de mesmo durante a ditadura o Brasil culturalmente estava fervilhando pois nosso país desde os anos 30 até os anos 70 viveu um rápido processo de industrialização e urbanização visto em poucos casos na história da humanidade.

Essa política festejada pelos identitários de se alegrar com playboyzinho governador gay, um verdadeiro Dória gay, ou de celebrar negros na Globo é uma demagogia que deve ser denunciada. Essas pessoas que fazem partes das minorias e que ascendem socialmente isso pouco afeta a situação prática da maioria das pessoas negras, mulheres e LGBTs. Para os poderosos essa política é ótima pois por exemplo no lugar de investir em educação de qualidade para os negros se destacarem não só no futebol mas também na música clássica por que não, pegam um negro sortudo de boa condição e fazem uma tremenda demagogia baseada numa exceção. Os poderosos posam de bonzinhos quando na verdade não fazem nada.

O pior dessa artimanha é esconder que essas minorias estão mal representadas na alta cultura por causa de suas condições de vida desfavoráveis e dar a falsa impressão de que tudo é uma questão de esforço individual, ou seja os que se dão mal são preguiçosos e como tal merecem perecer. Uma tramoia da parte dos poderosos que revela uma hipocrisia nojenta.

Por fim eu sou LGBT e sou contra esse negócio de lugar de fala. Para mim cada um pode falar o que quiser e que se analise a qualidade dos argumentos e não quem falou. Também não consumo arte de autores LGBTs só por serem LGBTs. Eu pelas biografias desses compositores creio Chopin como pessoa está muito mais próximo da minha sensibilidade efeminada que Wagner MAS A MÚSICA DE WAGNER ME ENCANTA MUITO MAIS! Isso é o que eu tenho para dizer não estou aqui para  macaquear as opiniões da moda como já deve ter ficado claro.

Isaac Carneiro Victal

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