ORQUESTRA BRASILEIRA QUE COSTUMA TOCAR PARA PLATÉIAS VAZIAS FAZ SUCESSO NA INTERNET! ARTIGO DE ISAAC CARNEIRO VICTAL NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.

Nós, o editor do blog Ali Hassan Ayache e eu já nos envolvemos em várias polêmicas com a direção da OSESP e o spalla desse conjunto Baldini. O Ali Ayache divulgou aqui notícias sobre a queda do número de assinantes e cancelamentos de apresentações de solistas e maestros estrangeiros com a orquestra. Também apontou a estagnação artística do ensemble, a falta de qualidade do trabalho da caríssima e inflada pela propaganda maestrina Marin Alsop e a subida sem limites nos preços dos ingressos e assinaturas.


Da minha parte quase ninguém concordou comigo quando eu por aqui afirmei que o substituto dela o maestro Fischer não representava nenhuma melhoria. Ainda não assisti nenhum concerto ao vivo por causa da situação da pandemia, mas julgando pelas transmissões disponíveis na internet não sou capaz de destacar um concerto memorável conduzido por esse diretor. Um programa dedicado ao grande orquestrador Ravel e outro no qual apresentaram a Sagração da Primavera de Stravinsky-obra de extremo virtuosismo-em ambos programas se nota uma chocante imprecisão do conjunto e total falta de sutileza .Artisticamente e tecnicamente a OSESP está descendo a ladeira, se apresenta cada vez pior.

Mas por outro lado a orquestra é um sucesso em suas redes sociais e no YOUTUBE. As transmissões dos concertos rapidamente atingem milhares de visualizações. Aqui mesmo nesse blog o editor Ayache já comentou várias vezes que o departamento de propaganda da OSESP sempre vendeu que tudo vai muito bem com a OSESP e boa parte do público acredita nisso. O curioso é este blog tem até fotos para mostrar que esses músicos muitas vezes se apresentam na Sala São Paulo para no máximo dois terços da lotação do recinto. Antes da pandemia já se apresentavam para um público restrito. Curioso também que o público da OSESP devido ao alto preço das entradas está mais elitizado que o publico dos concertos das orquestras internacionais que visitam SP. Isso se deve pois tanto Mozarteum quanto Cultura Artística não acabaram com o ingresso da hora como a direção da ORQUESTRA DO ESTADO DE SÃO PAULO fez!

A Filarmônica de Minas Gerais pode ser um sucesso de crítica mas não é um sucesso de publico capaz de rivalizar com a OSESP na internet e redes sociais. Por outro lado nunca vi ninguém afirmando que a banda mineira era a melhor orquestra a América Latina, como tantas vezes na época do Neschling o próprio sempre repetia isso da banda paulista e o mesmo dizia boa parte da crítica. Mesmo com tanta propaganda, no mercado internacional a ascensão dos músicos venezuelanos ofuscou a OSESP, basta comparar a carreira de Dudamel com a de Neschling, Alsop, Tortelier ou Fischer. Acabou que a OSESP não conseguiu nem se estabelecer como a melhor orquestra do Brasil.

Dos concertos transmitidos por essas duas orquestras, os que mais gostei foram os dois últimos programas que o espanhol Josep Pons dirigiu na Estação Júlio Prestes. Eis um regente capaz de extrair sutilezas e obter uma clareza no balanceamento dos naipes de uma maneira que nunca consegue o diretor titular Fischer. Já manifestei nesse blog minha admiração pelo trabalho de Josep Pons algumas vezes. Também destaco o trabalho do violinista Baldini como maestro. Apesar de vivermos em pé de guerra ele e nosso blog reconheço me surpreendi com a direção musical desse violinista diante da OSESP. Gostei de todos os concertos que o spalla dirigiu e do diretor musical Fischer não gostei de nenhuma apresentação. Não posso esquecer das apresentações de música barroca dirigidas pelo também violinista Luís Otávio Sousa Santos. Esse músico abandonou a direção do Festival de Música Antiga aqui em Juiz de Fora onde moro e conseguiu emprego em SP. O Festival hoje não promove praticamente nada, mas pelo menos a música antiga interpretada com abordagem historicista nunca esteve tão presente no cardápio da OSESP.

Sobre a Filarmônica mineira, só tenho a dizer parece que toca cada vez melhor. Os concertos dirigidos pelo titular Fábio Mechetti são os destaques, mas o maestro assistente José Soares para mim demostrou em meses uma melhora notória como diretor. Até uma apresentação da banda dirigida por estudantes selecionados no Laboratório do maestro Mechetti se mostrou bastante razoável. A Filarmônica de MG nesse momento é o oposto da OSESP, menos alardeada na internet mas tocando cada vez melhor e mantendo o nível elevado das performances independente do diretor do momento.

Consultei programas de grandes orquestras estrangeiras para o ano que vem e notei o cuidado na escolha de repertório que exige efetivos menores é geral,  bem como a limitação de participação de solistas e maestros estrangeiros. Nada indica no curto prazo que as restrições que vivemos hoje desaparecerão de uma hora para a outra mesmo com a vacinação em massa da população. As restrições continuam até o ano que vem em países que já vacinaram hoje boa parte da população.

Mais uma vez tenho que criticar a direção da OSESP por ter anunciando para o ano corrente uma absurda temporada cheia de maestros e solistas estrangeiros, quase todos no momento propício cancelaram suas apresentações um atrás do outro, além de recheada de obras para grande orquestra completa, inexecutáveis nesse momento!

Isaac Carneiro Victal

Comentários

Postagens mais visitadas