A ÓPERA E A DANÇA PRECISAM DE ACERVOS E INTERCÂMBIO, NÃO DE FÓRUNS E PAPAGAIOS DE PIRATA. ARTIGO DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.

   

   No próximo dia 25/10 acontecerá o Fórum Brasileiro de Ópera, Dança e Música de Concerto no Theatro Municipal de São Paulo. Será mais um onde diversas "autoridades" no assunto desfilarão sabedoria e erudição. Propostas vazias e discursos bonitos aparecerão por todos os lados e nada de novo será feito. Palavras da moda como inclusão de gênero e diversidade racial serão entoadas e defendidas. Foram convidados secretários de cultura, diversos diretores de teatro e alguns que nem participam ao meio. Imagina o que vai ter de papagaio de pirata tirando fotos e abastecendo as redes sociais.

   Quando o Fórum terminar, o clima e o oba oba acaba e todos retornarão para seus respectivos lares e nada mudará. Esse não é o primeiro evento desse tipo e nem será o último. Como todos os outros acabará em um coquetel recheado de quitutes e tapinhas nas costas, onde todos fingem gostar de todos.

   A única saída para os gargalos da ópera e dança se resume em duas palavras mágicas odiadas pelos produtores de óperas: acervo e intercâmbio. 

    ACERVO: Toda a produção de ópera em todos os teatros nacionais tem a obrigação de ser guardada e apresentada diversas vezes no decorrer dos anos. Assim todos os teatros terão um acervo repleto de títulos e temporadas extensas. Isso acontece em todos os teatros sérios do mundo, como nossos teatros não são sérios preferem jogar tudo fora e fazer de novo rasgando dinheiro público. Já devo ter assistido umas "duzentas" Carmens e Traviatas diferentes no Theatro Municipal de São Paulo, cada diretor gosta de fazer a sua e gastar uma bolada.

   INTERCÂMBIO: Toda ópera produzida por qualquer teatro nacional tem que viajar por outros teatros do país. Assim reduzem-se os custos de produção, poucas vezes isso acontece no Brasil. Temos uma grande gama de teatros aptos no país para receber produções de óperas e dança. Coincidência ou não diversos teatros de países ricos fazem isso, por que será? 

   Como sempre ninguém que escreve nesse Blog foi convidado para o fórum, ter opinião e ser independente é sinônimo de exclusão. Não pertencemos a "panelinha" e nunca mudaremos nossas convicções. Deixemos isso para a única revista do gênero, onde as opiniões do editor e sua turma mudam conforme a maré dos acontecimentos. 

   Enquanto os itens citados acima não forem implantados nada mudará na ópera e na dança. A ópera e a dança precisam de teatros com acervos permanentes e intercâmbio de produções e não de conversa fiada. 

Ali Hassan Ayache