BRASILEIRO ADORA UM TÍTULO ACADÊMICO. ARTISTA LÍRICO AMA SER CHAMADO DE "IMORTAL" E "COMENDADOR". ARTIGO DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.
Laureados da nova Academia Brasileira de Cultura.
O fenômeno parece ser infinito: Academia Brasileira de Cultura, Academia de Música do Brasil, Academia de Música de São Paulo, Academia Brasileira de Música e mais algumas que não me lembro o nome. Como tem academia nesse país e pelo visto estamos repletos de "imortais" por todos os lados. Não discuto o mérito artístico dos novos laureados da Academia Brasileira de Cultura e sim a necessidade desse ritual ultrapassado e cafona.
Títulos acadêmicos são valorizados nessas terras, como jabuticaba, só tem no Brasil. Uma chuva de condecorações com comendas e posses que ninguém sabe a real função. Os mesmos se intitulam de "imortais" e "comendadores". Diversas "personalidades" de lírica postam orgulhosas nas redes sociais a posse e recepção da comenda. Até fiquei assustado com alguns nomes presentes. Juram de pé junto que não pagam nada por isso, mas conversas de bastidores informam que é cobrado para a confecção da comenda e do diploma um valor de R$ 1500,00 a R$ 5000,00. Os elogios nos comentários são muitos, temos sopranos, tenores, diretores, um pouco de tudo que já foram laureados com títulos acadêmicos. Para que servem esses "títulos honoríficos"? A resposta é de Cláudio Arrau:
"A velha fórmula brasileira de dar títulos honoríficos para lustrar a vaidade de pessoas cujo merecimento artístico e esforço pessoal é bastante discutível, além de se congregar alguns para fins de obter maior prestigio reunindo-os sob tutela. Também uma forma de esticar pequenos tentáculos para conseguir as coisas. Algo parecido com a moda de distribuição de "comendas" que voltou, são pagas e dão dinheiro aos que as distribuem. O Brasil de sempre que em geral prestigia e reúne medíocres que se dão títulos e honrarias uns aos outros e nunca permitiram que outros que muito se esforçam sejam reconhecidos.
O problema destas "associações" está em que "reconhecem" quem naturalmente se sente envaidecido com estes títulos fazendo com que estas pessoas mintam a si mesmas. Assim discordam de quem eventualmente lhes diz algo que possa ser benéfico para o crescimento artístico e do meio, pois já estão reconhecidas e orgulhosas por seu nível que não precisa mais de nada a melhorar um pouco.
"O maior obstáculo a um artista é vaidade, vaidade, vaidade". Claudio Arrau.
Sempre achei ridículos estes auto-proclamados "imortais". Aqui é uma cópia tupiniquim da já patética Académie Française. Quem está aí na foto não produz nada nunca mais. Passam o resto da suas vidas tomando chá juntos. Uniforme melhor seria o pijama.
ResponderExcluir