ACADEMIA BRASILEIRA DE MÚSICA PROMOVE HOMENAGEM PÓSTUMA A RÉGIS DUPRAT.


     
Nesta quinta-feira, dia 13 de janeiro, às 17 horas, a Academia Brasileira de Música realizará uma sessão virtual em homenagem póstuma ao acadêmico Régis Duprat, falecido no último dia 19 de dezembro, aos 91 anos. Com a acadêmica Maria Alice Volpe como oradora, o tributo será transmitido pelo canal do YouTube da ABM. Após a sessão, a Cadeira nº 10 será declarada vaga e os interessados terão 60 (sessenta) dias para enviar suas cartas de candidatura.

Assistir a homenagem ao vivo no YouTube: https://youtu.be/cI8tijFkpnU

Régis Duprat (Rio de Janeiro, 11.07.1930 – São Paulo, 19.12.2021)

                Estudou violino e viola com Joahanes Oesner, integrante do Quarteto Fritsche, de Dresden, e depois do Quarteto Municipal de São Paulo. O estudo do contraponto e composição foi feito com Olivier Toni e Claudio Santoro. De 1950 a 1966, foi violista de vários conjuntos de câmara e sinfônicos, diretor do Sindicato dos Músicos e da Associação dos Professores da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo. Foi cofundador de diversas entidades musicais, como a Orquestra de Câmara de São Paulo e a Orquestra Angelicum do Brasil. Em 1963, Duprat foi um dos signatários do “Manifesto Música Nova”, propunha uma renovação da linguagem musical através de princípios de experimentação, defendendo o “compromisso total com o mundo contemporâneo”.

                Formado em História pela USP, cursou o Instituto de Musicologia e o Conservatório de Paris. Foi professor de viola e de história da música da Universidade de Brasília, onde se doutorou em musicologia, orientado por Sérgio Buarque de Holanda. Foi professor da UNESP e da USP, onde orientou dissertações e teses de mestrado e doutorado. É sócio honorário da Sociedade Brasileira de Musicologia (1993) e membro eleito do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (1994). Foi cofundador da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Música – Anppom, além de ter atuado como professor da Unesp e da USP. À frente da Anppom, defendeu a importância da transdisciplinaridade.

                Recebeu, em 1970, prêmio especial da Associação Paulista de Críticos Teatrais pela pesquisa musicológica sobre o período colonial paulista. Fez parte do corpo editorial da Revista Brasileira de Música, do Programa de Pós-Graduação da Escola de Música da UFRJ, e da Modus, publicação da Universidade do Estado de Minas Gerais.

                Como musicólogo dedicou-se, sobretudo, ao estudo da música colonial de São Paulo, da Bahia e de Minas Gerais. Publicou grande quantidade de estudos musicológicos em periódicos no Brasil e no exterior, assim como de revisões críticas de obras musicais. Colaborou com inúmeros verbetes para a Enciclopédia da Música Brasileira Erudita, Folclórica e Popular, em suas duas edições, de 1977 e 1998. Coordenou o trabalho de organização do Acervo Curt Lange do Museu da Inconfidência de Ouro Preto, tendo como resultado a elaboração e publicação de três catálogos dos manuscritos musicais lá existentes.

                Tem cerca de 120 trabalhos publicados em revistas especializadas, dentre os quais 20 livros, comunicações musicológicas apresentadas em congressos nacionais e internacionais e cerca de 300 transcrições musicológicas e transcrições orientadas de partituras do Brasil colonial e imperial. Produziu 18 LP´s e CD´s sobre a música brasileira, erudita e popular. Recebeu o Prêmio Clio de 1996, da Sociedade Paulistana de História. Em sua produção se destaca o livro “A Música na Sé de São Paulo Colonial” (1995), onde aborda o compositor André da Silva Gomes e apresenta seu catálogo de obras. Publicou sobre o mesmo compositor uma edição comentada de sua Arte explicada do contraponto (1998). Outros livros importantes são “Garimpo Musical” (1985) e a série “Música do Brasil Colonial” (1997).

                Nas palavras do confrade Ricardo Tacuchian: “Duprat é o elo entre a musicologia tradicional, naquilo que ela tem de mais rica, e a Nova Musicologia. Ele é um homem dos arquivos, dos documentos que precisam ser autenticados, da análise das formas de expressão musical de cada época e de cada local, da extração de exemplos de épocas remotas, mas que podem servir de luz para a compreensão dos dias atuais, enfim, um detetive sherlockiano. Duprat traz para a Musicologia Brasileira o método de um Jacques Chailley, Fernand Braudel, Pierre Francastel ou Marcel Beaufils, autores que alimentaram a avidez intelectual de nossa juventude e que ele conheceu de perto, mas que soube ultrapassá-los com sabedoria.”

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