CRÔNICAS OPERÍSTICAS: TRIBUTO A TEREZA BERGANZA NO THEATRO SÃO PEDRO/SP.

 

Tereza Berganza sendo homenageada no Theatro São Pedro/SP.

Conhecer Tereza Berganza! Nunca imaginei que teria essa chance. Na era do CD, ouvia sua Carmen de Bizet ao lado de Plácido Domingo. A voz encorpada de mezzo-soprano me fazia sonhar: viajar pelo Mediterrâneo, ir à  Espanha, conhecer Sevilha e adjacências. Lembro que não tinha ainda nenhuma Carmen em vídeo e não tinha assistido a nenhuma récita ao vivo, a voz da Tereza era a única referência dessa ópera. Voz quente, espanhola como a Carmen, técnica soberba, emoção no fraseado.Que cantora! Da escola antiga,  que exige voz e técnica.
Tudo começa em 2009, quando recebo uma mensagem eletrônica de Paulo Esper:  "Vou trazer a Tereza Berganza", ele dizia. Quando o Paulo diz uma coisa dessas é batata. Acontece.
Divulguei com prazer,  nesse blog,  o tributo em sua homenagem. Na récita do Barbeiro de Sevilha ele ainda insiste para que eu vá no dia 30 ver o Tributo. Nem precisava insistir Paulinho, eu não perderia por nada desse mundo!
   Quando aquela senhora entra na platéia, de imediato é reconhecida e aplaudida de pé por todos. Começa o Tributo:  uma seqüência de jovens cantores, cantando árias difíceis e conhecidas do repertório operístico. Algumas promessas se apresentam,  como Tati Helene, que interpreta uma ária perigosa, "Non mi Dir", da ópera Don Giovanni .  Soprano de beleza ímpar, voz clara, agudos fáceis, timbre fresco como a manhã dos Alpes Suíços. Está de ida para a Itália, vai aprimorar sua voz, duvido que volte.
        No final, a simpática Tereza sobe ao palco, canta em português, ganha discursos elogiosos e placa de homenagens. Simpática, recebe todos com atenção e  a todos atende com presteza. Meu amigo Edson Lima lembra das  suas récitas ao vivo, e  as lágrimas quase descem, emocionado ao relembrar tempos que ele considera áureos da ópera. Onde desfilavam cantores como Gigli, Callas, Tebaldi, Cossoto, Bergonzi, Del Monaco e tantos outros. Realmente era uma geração única.

Ali Hassan Ayache

Comentários


  1. Nem bem me recupero da perda de nossa soprano Niza de Castro Tank que muito honrou nosso país e esteve junto a Cia Ópera São Paulo por inúmeras vezes. Nós a homenageamos por três vezes (Jacareí, São Paulo e Florianópolis) , vem a triste notícia da morte da grande Berganza. Pequenina de estatura como ela mesma brincava, era grande em todos os demais sentidos. Musicista excepcional, cantora extraordinária, professora como poucos e no lado pessoal uma mãe e avó dedicada ao extremo. Digo tudo isso porque tive a felicidade de conviver com Teresa em muitas ocasiões desde 1997 qdo a conheci em São Paulo. Estivemos juntos em diversos concursos de canto pelo mundo afora como jurados, na Espanha, Itália, Rússia e de volta a São Paulo desta vez convidada por nós como fala o artigo escrito acima.
    Agradeço a Deus pela oportunidade que ele me deu de conviver com esta grande pessoa. Suas gravações serão nosso consolo e assim poder relembrar la pequenina grande Berganza.

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