VEM AÍ A TERCEIRA EDIÇÃO DO FESTIVAL DE ÓPERA DE PERNAMBUCO.
Evento trará peças emblemáticas, palestra e masterclass
O FOPE – Festival de Ópera de Pernambuco, evento lançado em agosto de 2019, volta aos palcos recifenses com sua terceira edição no próximo dia 4 de agosto, indo até o 21 do mesmo mês, trazendo para o público três peças emblemáticas do repertório operístico brasileiro e mundial. A realização é da Academia de Ópera e Repertório e Sinfonieta UFPE, com a direção artística do maestro Wendell Kettle.
“As óperas selecionadas para este ano demonstram a força e a pujança da ópera nordestina e considera, também, o repertório internacional”, afirma Kettle. “É motivo de grande orgulho poder abrir o festival com uma ópera eminentemente nordestina – A Compadecida, de José Siqueira sobre o texto de Ariano Suassuna, que estará em cartaz do dia 4 ao 7 de agosto.
Em seguida, será a vez de uma das mais célebres óperas do repertório internacional – Cavalleria Rusticana, de Pietro Mascagni, apresentada entre os dias 11 e 14 de agosto. Para finalizar, Il Maledetto, a segunda ópera restaurada (pela Academia de Ópera e Repertório) do compositor recifense Euclides Fonseca. “Esse repertório demostra o grande potencial dos cantores líricos e demais profissionais do setor operístico do nosso Estado, bem como o apreço e a prioridade que damos à ópera nacional – pernambucana e nordestina”, diz o maestro.
Além das montagens operísticas, o III FOPE terá em sua programação um importante evento de abertura, “O Auto que virou Ópera”, onde o maestro Kettle receberá o poeta e ensaísta Carlos Newton Júnior – professor do Departamento de Artes da UFPE – numa conversa/palestra sobre o escritor Ariano Suassuna, o compositor José Siqueira, e a obra “Auto da Compadecida”, no dia 30 de julho, às 18h, no Auditório da Livraria Jaqueira (Recife Antigo).
Também está programada uma masterclass de canto lírico, ministrada pelo baixo-barítono gaúcho Daniel Germano, que fará duas participações especiais no Festival: como o “Encourado”, em A Compadecida, e “Alfio”, em Cavalleria Rusticana. A masterclass será no dia 10 de agosto, no Memorial da Medicina da UFPE.
O III FOPE une três universidades à UFPE
Kettle explica ainda que outro ponto de destaque dessa terceira edição do FOPE é a realização de um projeto interuniversidades que contará com a participação de cantores e instrumentistas de universidades-irmãs do Nordeste: da Escola de Música da UFRN, do Departamento de Música da UFPB e da Unidade Acadêmica de Música da UFCG.
“Destacamos aí a participação da harpista Mônica Cury – professora do Departamento de Música da UFPB que atuará nas óperas A Compadecida e Cavalleria Rusticana. Assim, alunos e professores dessas três universidades se juntarão ao nosso grupo da UFPE na realização desse grande evento operístico em nosso estado”, pontua Kettle.
O trabalho de recuperação e editoração de partituras
Para a ópera “A Compadecida” foi realizado um trabalho minucioso de recuperação da partitura por uma equipe de editores liderada pelo maestro Wendell Kettle. “Essa ópera foi apresentada uma única vez em 1961 no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, por isso temos, praticamente, uma reestreia dela. Com a partitura recuperada, temos a esperança de que teatros de ópera pelo Brasil e mesmo no exterior, assim como outras universidades que têm projetos de fomento à ópera, possam se interessar em montar a nossa “A Compadecida”, diz o maestro.
“Il Maledetto” também passou por um processo de recuperação, mas um pouco diferente: “restou apenas uma orquestração da abertura da ópera. A parte cantada possui, no manuscrito, apenas o acompanhamento do órgão. Fizemos então uma orquestração para obra completa buscando seguir, o mais fiel possível, o estilo do compositor Euclides Fonseca”, conta Kettle.
Cenário operístico
A AOR e a Sinfonieta UFPE têm sido responsáveis não apenas pelo ressurgimento da cena operística local, mas também por executar obras de verdadeiro e ousado ineditismo nos palcos nordestinos. "A criação do Festival de Ópera de Pernambuco tem gerado uma demanda no mercado do canto lírico e da música erudita na Região", assinala Kettle.
“A Gárgula Produções, embora tenha uma gama bastante ampla de atuação no mercado artístico-musical, tem se especializado na produção de espetáculos operísticos. É uma parceria bastante produtiva que temos com a AOR e a Sinfonieta UFPE. Essa parceria tem propiciado o fomento e um verdadeiro ressurgimento da ópera em nosso estado”, diz Jéssica Soares, produtora e Diretora Executiva do FOPE.
Serviço
III FESTIVAL DE ÓPERA DE PERNAMBUCO
Local: Teatro de Santa Isabel (Praça da República, s/n, Recife-PE)
Período: 04 a 21 de agosto de 2022
Link para fotos e material gráfico
https://drive.google.com/drive/folders/1RzPpZLysEQGY73dZGKrddtiZiCASBVyb
Programação:
• "O Auto que virou Ópera” – palestra de abertura do III FOPE sobre o Auto da Compadecida com Carlos Newton Júnior e Wendell Kettle: Livraria da Jaqueira, Recife antigo, 30 de julho às 18h;
• "A Compadecida", de José Siqueira sobre o texto de Ariano Suassuna: dias 04, 05 e 06 (às 19h), e 07 (às 18h) de agosto;
• "Masterclass de Canto Lírico com o baixo-barítono gaúcho Daniel Germano: Memorial da Medicina da UFPE, 10 de agosto das 9h às 17h);
• "Cavalleria Rusticana", de Pietro Mascagni: dias 11, 12 e 13 (às 20h), e 14 (às 18h) de agosto;
• "Il Maledetto", de Euclides Fonseca: dias 19, 20 (às 20h) e 21 (às 18h) de agosto.
Realização:
Academia de Ópera e Repertório
Sinfonieta UFPE
Direção Artística: Wendell Kettle
Direção de Artes Visuais: Marcondes Lima
Direção executiva: Jéssica Soares
Produção:
Gárgula Produções
Sobre as óperas
1. “A Compadecida”, ópera em três atos de José Siqueira sobre o texto de Ariano Suassuna (4 a 7 de agosto)
“O Auto da Compadecida” de Ariano Suassuna é obra consagrada do teatro nacional e já ganhou até uma versão cinematográfica. Agora, o público pernambucano terá pela primeira vez a oportunidade de se divertir com as peripécias de João Grilo e Chicó, numa nova e surpreendente versão em forma de ópera! Essa instigante e expressiva comédia lírica em três atos une o que há de melhor da nossa cultura popular e do estilo nordestino à tradição da arte operística.
Sobre o texto de Ariano Suassuna, o compositor paraibano José Siqueira compôs uma música de rara vivacidade rítmica e melódica, caracterizando cenas e personagens com temas e motivos – leitmotiv – tipicamente nordestinos e pertencentes à cultura armorial.
Trata-se de uma obra de grande porte, pois integra 14 cantores solistas, 2 atores, coro, balé e grande orquestra, envolvendo cerca de 150 pessoas entre equipes artística e técnica.
Um outro aspecto interessante e mesmo inovador, é que essa montagem terá a atuação do projeto “OperaTech”, desenvolvido entre professores do Departamento de Música e do Centro de Informática da UFPE, que visa incluir efeitos especiais oriundos do uso de novas tecnologias na encenação operística como elementos inovadores na concepção cênica e visual do espetáculo, o que trará novas percepções ao público no seu processo de fruição artística e estética.
“A Compadecida” foi apresentada uma única vez, em sua estreia, em 1961, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, quando o maestro José Siqueira era professor da Escola de Música da UFRJ. Sua reestreia no III FOPE traz uma contribuição artística e de relevância cultural sem precedentes à cultura pernambucana e nordestina, bem como ao setor operístico nacional.
Essa é uma ópera que precisa e merece ocupar o seu lugar de destaque no repertório operístico nacional e mesmo internacional.
Chicó: Anderson Rodrigues (barítono)
Manuel (Jesus Cristo): Diel Rodrigues (tenor)
A Compadecida (Nossa Senhora): Anita Ramalho (soprano) / Gleyce Melo (soprano)
Encourado (Diabo): Daniel Germano (baixo-barítono)
Demônio: Lucas Barreto (baixo)
Padeiro: Rodrigo Lins (barítono)
Mulher do Padeiro: Jéssica Soares (mezzo-soprano) / Cleacy Ribeiro (soprano)
Padre João: Lucas Melo (tenor)
Bispo: Adriano Soares (baixo)
Sacristão: Avner Pereira (tenor)
Frade: Marcos Vinícius de Souza (tenor)
Major Antônio Mores: Lucas Barreto (baixo)
Severino do Aracajú: Adônis Silva (tenor)
Cangaceiro: Thiago Ambrieel (ator)
Palhaço: Marcos Salomão (ator)
2. “Cavalleria Rusticana”, ópera em um ato de Pietro Mascagni (11 a 14 de agosto)
Com música e libreto do compositor italiano Pietro Mascagni (1863-1945), Cavalleria Rusticana é uma ópera consagrada e das mais encenadas mundialmente.
É uma das primeiras óperas a trazer uma certa dose de verismo e realismo. O enredo se passa no período da Páscoa. Nesse contexto, a proposta cênica e visual dessa montagem do III FOPE construirá paralelos entre a realidade sugerida pelo autor com a realidade do público local brasileiro, para que haja uma maior identificação deste com as situações postas em cena: como a religiosidade católica italiana, semelhante à brasileira, referências serão feitas a costumes presentes tanto em cidades sicilianas quanto em cidades como Olinda e localidades mineiras, onde ordens e confrarias marcam os ritos pascalinos.
Apesar do verismo referido acima, a cenografia e as caracterizações visuais dos personagens terão um caráter mais impressionista. Isso se dará através de elementos realistas que possam trazer ao público a sugestão de ambientes, lugares e espaços para que ele os complete com a imaginação.
É uma ópera de grande carga dramática e música lindíssima onde os números musicais – tanto as árias e duetos quanto os corais – marcaram profundamente e para sempre a história da ópera.
Alfio: Daniel Germano / Anderson Rodrigues
Lola: Anita Ramalho / Karla Karolla / Vanessa de Melo
Mamma Lucia: Kleiton D’Araújo / Franz Ribeiro
Produção: Gárgula Produções.
3. Ópera “Il Maledetto”, de Euclides Fonseca (19 a 21 de agosto)
Com música do compositor, pianista e professor recifense Euclides de Aquino Fonseca (1853-1929) “Il Maledetto” (O maldito), será a terceira montagem operística e que encerrará o III FOPE. Composta em 1906, a obra retrata a história bíblica dos irmãos Caim e Abel.
Com a participação especial do ator Arilson Lopes, a ópera se inicia com um prólogo em forma de monólogo declamado pelo ator. A obra ainda integra quatro solistas, coro, balé e orquestra.
“A versão apresentada desta passagem do Livro do Gênesis será bastante diferente do que o público pode esperar, pois a concepção dos espaços e dos figurinos não seguem o imaginário do antigo testamento”, explica o diretor de Artes Visuais, Marcondes Lima. “O cenário não é aquele que remete a construções que geralmente vemos de passagens da Bíblia. O cenário é uma espécie de limbo, onde cantores, atores e bailarinos se deparam com referências da cultura judaico-cristã em inúmeros detalhes que vão do figurino à maquiagem, passando pelos elementos cênicos”.
“Il maledetto” traz com grande rebuscamento musical o estilo lírico-musical do início do século XX refletindo o alto nível composicional operístico em Recife nessa época, graças a Euclides Fonseca. Trata-se da história de Caim e Abel, contada no livro bíblico do Gênesis, e musicada de forma melódica e polifônica, com dois temas diferentes caracterizando cada um dos dois irmãos e um outro para o pai – Adão. Esses temas se desenvolvem polifonicamente indicando o próprio destino dos personagens, evidenciando toda a genialidade do compositor que dá um tratamento realmente operístico à trama”, conta o maestro Wendell Kettle, diretor musical e cênico.
Resgate histórico
Euclides Fonseca (1854-1929), foi o primeiro pernambucano a compor ópera no Estado. “Il Maledetto” é a segunda obra dele resgatada, restaurada, orquestrada e montada pela Academia de Ópera e Repertório, Sinfonieta UFPE e a Gárgula Produções, através de um trabalho minucioso e dedicado do maestro Wendell Kettle. A primeira foi Leonor, exibida em março de 2019 no Teatro de Santa Isabel.
Os manuscritos foram cedidos pela biblioteca do Instituto Ricardo Brennand e, a partir deles, foi feita a orquestração da obra. “É com muita alegria e empenho e que estamos nos dedicando ao resgate histórico do repertório operístico pernambucano, tanto no que diz respeito à restauração das partituras das obras quanto ao fato de trazer suas montagens para o público atual", diz Kettle.
Elenco
Caim: Lucas Melo
Abel: Franz Ribeiro
Ada: Jéssica Soares
Adão: Rodrigo Lins
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