O DESGASTE DO CORAL LÍRICO DE SP E O BAIXO NÍVEL DAS TEMPORADAS LÍRICAS DO THEATRO MUNICIPA DE SP. ARTIGO DE MARCO ANTÔNIO SETA NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.

      A Sustenidos, Organização Social de Cultura,  que está gerindo o Theatro Municipal, resolveu instituir uma audição para os cantores de todos os naipes que compõem o Coro Lírico Municipal de São Paulo entre os dias 23 e 26 de Fevereiro de 2023. O Edital que rege a audição tem como exigências,  a apresentação do idioma alemão entre outras, para a execução das peças escolhidas para a prova de avaliação. Considerem-se que a língua alemã, está longe de nossas raízes, bem como a raridade de execuções de óperas alemãs ou de origem anglo-germânicas; lembrando que o repertório aqui executado ( Brasil), é frequentemente originário do italiano, latim, francês ou da península ibérica (incluindo as línguas portuguesa ou espanhola). Daí, a ideia deslocada do presente Edital. Uma série de outras exigências esdrúxulas afrontam os cantores líricos, que já provaram suas capacidades em testes realizados anteriormente à bancas especializadas. 

         As redes sociais, o Blog Operaeballet debateram  o assunto sempre em defesa dos componentes do grupo vocal, provocando um desgaste para seu conjunto, além do constrangimento e a humilhação provocada por essa proposta da Sustenidos, Organização Social de Cultura. Por outro ângulo e na opinião dos cantores do coro, é arbitrária a ausência do repertório italiano na avaliação, se considerada a onipresença de óperas e outras peças de compositores italianos, cantadas sempre em italiano ou em latim, apresentadas ao longo de décadas no Theatro Municipal. 

         Lembrando que através da institucionalidade do prefeito Prestes Maia, criou-se no ano de 1939, o Coral Lírico Municipal, a pedido oficial do maestro Armando Belardi; na época diretor artístico do Teatro Municipal de São Paulo; esse corpo artístico, há 83 anos, atua na programação do teatro, não só nas óperas, como também nas obras coral-sinfônicas.

          A Sustenidos declarou então que vai suspender as audições e conversar com a Fundação TM e a Secretaria Municipal de Cultura !

          Observa-se outrossim, o baixo nível artístico das apresentações efetuadas pela Sustenidos OS; como por exemplo os corpos artísticos colocados em segundo plano na programação geral da casa, a introdução da série cênica "Teatro dentro do Theatro", a constante entrega de prêmios, troféus etc: a última foi da Jaboti, e uma infinidade de shows de música popularesca; funções estas alheias a real vocação do Municipal de São Paulo, em detrimento da música sinfônica, da ópera e dos espetáculos de balé. Considere-se que o município possui teatros em diferentes regiões da capital; citem-se o João Caetano, Alfredo Mesquita, Arthur Azevedo, Cacilda Becker e o Paulo Eiró.   E o nível das produções líricas desta administração, que anuncia ópera,  e à última hora, percebendo que não há condições cênicas para realizá-la, adia a encenação, devolve o dinheiro aos espectadores e decepciona a todos: "La Fanciulla del West"; novembro de 2022<adiada para julho de 2023; sem esquecer da desastrada "Aída", apresentada em junho/2022; a pior montagem desta ópera já levada ao palco do Theatro Municipal em toda a sua centenária existência.

 Mozart compôs "Cosi fan tutte", prometida para março de 2023..!

             Qual é o índice de credibilidade do público, ao ser anunciada a venda de assinatura para 2023 (óperas questionáveis de sua real apresentação, o desmonte do coro lírico e a falta de previsões e critérios técnicos. Na distribuição dos elencos, anunciam elencos incompletos com papéis principais "a definir" e ainda abrem a temporada com uma ópera camerística:  "Cosi fan tutte", de Mozart. 

Escrito por Marco Antônio Seta, em 27 de janeiro de 2023.

Jornalista inscrito sob nº 61.909 - MTB

Diplomado em piano, história da música, harmonia e contraponto pelo Conservatório Dramático e Musical "Dr. Carlos de Campos", em Tatuí, SP

Licenciado em Artes Visuais, pela UNICASTELO, em São Paulo.